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domingo, 3 de março de 2024

São Marino de Cesaréia

São Marino de Cesaréia (A12)
03 de março
São Marino de Cesaréia

No século III, Marino, um oficial do Império Romano, era reconhecido pelo seu valor militar, e por isso candidato a um cargo importante, o de centurião na Cesaréia, em Israel, sob o domínio romano. Marino era cristão, embora não abertamente por causa das perseguições constantes. A sua provável indicação ao cargo despertou a inveja de outros militares que também o cobiçavam, e um deles, sabendo da sua crença religiosa, invocou uma lei antiga, pela qual era necessário, para assumir tal posto, sacrificar aos deuses romanos; intentava assim que Marino publicamente se declarasse cristão, de modo a poder ser incriminado.

De fato, Marino não hesitou em assumir publicamente a sua Fé, alegando que não poderia fazer um ato de adoração a falsos deuses. Normalmente teria sido imediatamente condenado, mas por causa do seu prestígio e a admiração de muitos, teve como concessão um período de três horas para decidir entre a apostasia e a sentença de morte.

Saindo do Pretório, onde dera o seu testemunho, encontrou-se – certamente de forma providencial – com um bispo, Teocteno. Ou o bispo já ouvira sobre a sua sentença (ou talvez o soubesse por inspiração divina), ou Marino lhe expôs a situação. Teocteno o levou a uma igreja, e ali, diante de uma espada e dos escritos do Evangelho, instruiu-o a decidir entre um e outro, ressaltando que tal escolha deveria ser digna de um cristão.

Marino logo colocou as mãos sobre os santos escritos. Teocteno, então, disse-lhe, como despedida: “Conta com a graça de Deus para permaneceres fiel à tua escolha e mereceres as recompensas prometidas pelo Evangelho.”

Ao fim do prazo determinado, Marino apresentou-se ao tribunal e, diante das autoridades, confirmou a sua fé e a impossibilidade de prestar ao imperador de Roma um culto que só pode ser oferecido a Deus. Em seguida foi executado por degolação.

Outro cristão, o senador Astério, estava presente na execução, e envolveu na sua capa a cabeça e o corpo do mártir, transportando-a sobre os próprios ombros para sepultá-lo de modo digno. Ele não ignorava que tal atitude pudesse colocá-lo também em perigo de vida, e realmente foi também condenado e morto. Assim ambos receberam a coroa da glória, em torno do ano de 260.

Reflexão:

Numerosos foram os cristãos, e militares romanos, que abraçaram o martírio nos inícios do Igreja, por conta das perseguições pagãs e imperiais. Contudo, o império mundano nada pode diante do poder verdadeiro que é Deus. São Marino, na sua época, já sofria as tentações e pressões que antes, hoje e sempre existirão para escolhermos o mais cômodo e prazeroso, ainda que às custas de trair a Cristo e perder a alma; e realizava aquilo que São João Paulo II, mais recentemente, nos convida a fazer: avançar para mares mais profundos. De fato, a nossa Fé deve ter a largueza do mar, a profundidade e a extensão onde se descobrem os verdadeiros tesouros, da paz, da realização, do Amor. A palavra corta mais fundo do que a espada (Hb 4,12: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração. Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos Daquele a Quem havemos de prestar contas.”), e São Marino de Cesaréia soube escolher a melhor arma para a sua salvação. Escreveu assim, da forma mais penetrante possível, o exemplo que devemos seguir, se de fato aspiramos ao sucesso que não passará, como passam as situações desta vida. E para isto nunca falta a Providência divina. No momento mais importante da sua existência, o Senhor colocou no caminho de São Marino um Seu representante, o bispo Teocteno, para lhe garantir a graça necessária à fidelidade espiritual. Também a nós, no curto intervalo das horas nesta passagem terrena, Deus nos oferece constantemente o Seu apoio e proteção, o vigor necessário que nos chega pela Igreja Católica, oração, pelos Sacramentos, e particularmente pelo alimento da Eucaristia, de modo a garantir a vida infinita, que nos vem através da morte para o pecado, isto é, para o apego a um mundo que caminha inexoravelmente para a degola. Santo Astério não demostra menos coragem que São Marino. Sabendo do risco à sua vida, não deixou de praticar a caridade (enterrar os mortos é uma das obras de misericórdia corporais), e é pela caridade que seremos salvos. Ele também nos ensina, por bela metáfora encarnada, a verdadeira valorização do corpo: o seu sepultamento digno traz a Vida, enquanto que a vida dissoluta da carne é morte; e para viver é portanto necessário unir, já aqui na terra, o corpo e a Cabeça da Igreja, pois aquele não pode viver sem Esta.

Oração:

Senhor Deus, que nos mergulha no mar da Vossa misericórdia, dai-nos as graças necessárias para resistir ao mundo, ao império das tentações pagãs, aos constrangimentos e perseguições, para que, a exemplo e por intercessão de São Marino de Cesaréia e São Astério, sermos capazes de carregar nos ombros a dignidade da verdadeira escolha cristã, na firmeza da Fé e na vivência da caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF