Cap. 38 - A labuta de Marta e os tesouros do céu
(contra a hipocrisia dos notáveis)
Antes de
partir novamente, Jesus parou para descansar na casa de seus amigos em Betânia.
Eles são Marta, Maria e Lázaro, três irmãos. Lázaro não está presente naquele
dia. Jesus entra na casa, e Maria senta-se a seus pés para ouvi-lo, enquanto
sua irmã mais velha, Marta, estava ocupada pelo muito serviço,
atarefada em preparar o almoço para o Nazareno e seus amigos. Contrariada pela
falta de apoio, ela gostaria que sua irmã a ajudasse, para que pudesse se
apressar e também se sentar ao lado do Mestre. O Senhor, porém,
respondeu: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas; no
entanto, pouca coisa é necessária, até mesmo uma só. Maria, com efeito,
escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”. Ele a recordara de
olhar ao essencial.
É uma
oportunidade para o Nazareno falar novamente sobre a oração, com exemplos e
analogias que têm apenas um propósito: induzi-los a pedir, implorar, sempre e
em qualquer caso, sem nunca se cansar. Disse-lhes ainda: “Quem dentre vós,
se tiver um amigo e for procurá-lo no meio da noite, dizendo: ‘Meu amigo,
empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e nada tenho
para lhe oferecer’, e ele responder de dentro: ‘Não me importunes; a porta já
está fechada, e meus filhos e eu estamos na cama; não posso me levantar para
dá-los a ti’; digo-vos, mesmo que não se levante para dá-los por ser amigo,
levantar-se á ao menos por causa da sua insistência, e lhe dará tudo aquilo de
que precisa. Também eu vos digo: Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei
e vos será aberto. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que
bate, se abrirá”.
Depois
desses encontros, a peregrinação na Judeia continuou por mais alguns dias. No
final de novembro eles chegam a Emaús. Na manhã seguinte, um fariseu o
convida para almoçar. Jesus aceita, como sempre. O homem quer colocá-lo à
prova. O Nazareno entra na casa, cumprimenta os presentes e põem-se à
mesa. O fariseu, vendo isso, ficou admirado de que ele não fizesse
primeiro as abluções antes do almoço. O convidado vinha da rua: as
tradições farisaicas prescreviam lavagens de purificação. A curiosidade inicial
do homem se transforma em indignidade, em julgamento. O Senhor, porém,
lhe disse: “Agora vós, ó fariseus! Purificais o exterior do copo e do prato, e
por dentro estais cheio de rapina e de perversidade! Insensatos!...
Palavras
que provocam a intervenção de outro dos convidados, um homem idoso, que diz: “Mestre,
falando assim, tu nos insultas também!”. Ele respondeu: “Igualmente ai de vós,
legistas, porque impondes aos homens fardos insuportáveis, e vós mesmos não
tocais esses fardos com um dedo sequer!”.
Alguns dias
depois, eles chegam em Hebron. Enquanto Jesus falava às pessoas na rua
principal, um homem de meia-idade que o ouvia pela primeira vez lhe perguntou
em voz alta: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta comigo a herança”.
Mas Jesus recusa. “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa
partilha? Depois lhes disse: “Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez,
pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”.
Queria
enfatizar a importância do desapego às posses, queria lembrá-los do essencial.
Por isso, ele narra uma parábola: um homem rico havia obtido uma colheita
abundante em seus campos e estava pensando em como iria estocar todos os seus
grãos construindo novos armazéns. Mas Deus lhe diz: “Insensato! Nesta
mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que acumulaste, de quem
serão? Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico
para Deus”.
“Vendei
vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro
inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Pois onde está o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.... Compreendei isto: se o dono
da casa soubesse em que hora viria o ladrão, não deixaria que sua casa fosse
arrombada. Vós também, ficais preparados, porque o Filho do Homem virá numa
hora que não pensais”.
https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/03/30/18/137856279_F137856279.mp3
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