Neste tempo pascal, todas as
pessoas seguidoras de Jesus são chamadas a viver a sua ressurreição pela fé nas
coisas de Deus, pela atitude da esperança num mundo novo e também por obras de
caridade, junto aos irmãos e irmãs, sobretudo aos pobres, e as pessoas
necessitadas.
Dom Vital
Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Nós
celebramos a Páscoa do Senhor em nossas existências e na vida de nossas
comunidades. É o grande mistério no qual Deus Pai ressuscitou Jesus dos mortos
(cf. At 3,15). Ela é passagem da morte para a vida em Cristo Senhor, de modo
que Jesus como Ressuscitado, está presente na vida do povo de Deus, sendo Ele,
o eterno vivente.
A Páscoa é
a festa das festas, na expressão de São Gregório de Nazianzo. Os santos padres
viveram o espírito pascal no Senhor levando as pessoas até Cristo e eles
estavam também junto com o seu povo, sobretudo com os pobres e as pessoas mais
necessitadas. Vejamos a seguir como eles se detiveram na vivência da Páscoa,
como a grande festa do cristianismo, da passagem do Senhor da realidade visível
para a realidade invisível.
A noite
mais clara do dia
Santo
Astério de Amaseia, bispo nos séculos IV e V, afirmou a beleza da noite da
Páscoa como uma noite brilhante mais clara que o dia. Ela é a noite mais
iluminada que o sol, noite mais cândida que a neve, a mais suave em vista do
paraíso. A Páscoa de Jesus foi a noite que não conheceu as trevas e ela fez
vigiar com os anjos do céu, como uma noite fabulosa e de muitas graças. A noite
da Páscoa foi o terror dos demônios, onde foram vencidos o pecado e a morte,
pela ressurreição de Jesus[1].
A Páscoa
foi a noite da Igreja
Santo
Astério também especificou a Páscoa como a noite nupcial da Igreja que deu a
vida aos novos batizados e batizadas, venceu o espírito do mal, o demônio,
porque as pessoas foram lavadas de seus pecados e ressurgiram para uma vida
nova com Cristo Jesus. A Páscoa foi a noite na qual o herdeiro do Reino dos
céus, Jesus Cristo introduziu os seus seguidores e as suas seguidoras à
eternidade junto com Deus[2].
Páscoa do
Senhor
Santo
Hipólito de Roma, presbítero no século III afirmou a Páscoa tendo como centro,
o Senhor Ressuscitado. Ele que está verdadeiramente como presença, tudo em
todos, dá a toda criatura, alegria, honra, alimento e delícia às coisas
terrenas e celestes. Por meio dele foram dissipadas as trevas da morte. A vida
é dada a todos. As portas do céu foram abertas, escancaradas, porque Deus
fez-se homem e o homem, o ser humano, foi elevado à semelhança de Deus. A
Páscoa é divina e humana, porque é luz do novo esplendor[3].
O
verdadeiro dia de Deus
Santo
Ambrósio, bispo de Milão disse que a Páscoa é o verdadeiro dia de Deus, por ser
radioso de santa luz, no qual o sangue divino lavou os pecados imundos do
mundo, restaurando a confiança aos pecadores, pecadoras e iluminando a vista
aos cegos[4].
Ela é importante porque percebeu-se a atitude do ladrão arrependido que com um
ato de fé aderiu a Jesus Cristo, mudando a cruz em prêmio e com veloz passo,
precedeu os justos no Reino dos céus[5].
Santo Ambrósio afirmou que também os anjos ficaram surpreendidos diante de uma
grande obra pois observando a tortura do corpo e vendo o pecador com a sua
ligação a Jesus Cristo, conquistou a vida bem-aventurada[6].
O
maravilhoso presságio
Santo
Ambrósio ainda disse que a Páscoa é um maravilhoso presságio, acontecimento,
que tirou os pecados de todos, na qual Jesus tornou-se uma carne que limpou os
vícios da carne[7].
O bispo continuou o seu discurso sobre a Páscoa como prodígio tão grande na
qual a culpa procura a graça, a caridade liberta as pessoas do temor, e a morte
traga de volta a vida nova, na pessoa de Jesus Cristo. É preciso dizer que a
morte devore o seu ferrão e envolva-se em suas armadilhas, para que assim morra
a vida de todos e ao mesmo tempo ressurja a vida de todos com o Senhor
Ressuscitado[8].
Da mesma forma que a morte passou para todas as pessoas, a ressurreição de
Jesus faz retornar a vida de todos para a glória eterna[9].
A alegria
do Aleluia
Santo
Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V afirmou a existência de uma
grande alegria presente na assembléia, nos salmos, nos hinos, na memória da
paixão e da ressurreição de Cristo, alegria na esperança na vida futura[10].
O fato é que nestes dias nos quais as pessoas ouviram falar o Aleluia, o
espírito mudou em certo modo na vida de todos os seguidores e seguidoras do
Senhor Jesus e da sua Igreja. Nestes dias pascais são propícios para levar as
pessoas que tem fé e amor o gosto da cidade superior, divina. Se de fato nestes
dias produzem tanta alegria, o que será no dia no qual será dito pelo Senhor:
Vinde, benditos do meu Pai, recebei o reino (Mt 25,34), quando os santos e
santas serão reunidos juntos e todos se conhecerão por viver a paz e o amor
neste mundo?!. Desta forma, segundo Santo Agostinho é fundamental dizer o
aleluia como um cântico bonito, cheio de alegria, com toda a vida porque a
ressurreição de Jesus traz alegria para todas as pessoas do mundo[11].
A Páscoa é
a festa do perdão e do amor
São Máximo
de Turim, bispo no século IV teve presente que a Páscoa é a festa do perdão e
do amor. Nestes dias todas as pessoas exultam de alegria afastando-se dos
pecados e ninguém permaneça longe das comunitárias súplicas pelo peso dos
delitos. O fato é que se Cristo deu o paraíso ao ladrão arrependido na cruz,
muito mais ele perdoará as pessoas convertidas pela graça da ressurreição por
confessar-se pecador e viver a graça da ressurreição de Jesus na paz e no amor.
Os favores são dados no dia feliz do triunfo da vida sobre a morte em Cristo
Jesus, pela sua ressurreição[12].
Neste tempo
pascal, todas as pessoas seguidoras de Jesus são chamadas a viver a sua
ressurreição pela fé nas coisas de Deus, pela atitude da esperança num mundo
novo e também por obras de caridade, junto aos irmãos e irmãs, sobretudo aos
pobres, e as pessoas necessitadas. A Páscoa nunca termina para quem vive a
alegria e o amor na ressurreição de Jesus e com os irmãos e irmãs.
[1] Cfr.
Asterio di Amasea. 19ª Omelia sul Salmo 5: Inno. In: Ogni
giorno con i Padri della Chiesa. A cura di Giovanna della croce. Presentazione
di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 115.
[2] Cfr. Idem,
pg. 115.
[3] Cfr.
Ps. Ippolito. Omelia VI sulla Pasqua: Inno.In: Idem,
pg. 116.
[4] Cfr.
Ambrogio di Milano. Inno 9,1-4. In: Idem, pg. 117
[5] Cfr. Idem,
pg. 117.
[6] Cfr. Ibidem,
pg. 117.
[7] Cfr. Ibidem, Inno
9,5-8. In: Ibidem, pg. 118.
[8] Cfr. Ibidem,
pg. 118.
[9] Cfr. Ibidem,
pg. 118.
[10] Cfr.
Agostino d`Ippona, Sermoni 229/B,2. In: Ibidem, pg.
119.
[11] Cfr. Ibidem, pg. 119.
[12] Cfr. Massimo di Torino, Sermoni 53,4. In: Ibidem, pg. 121.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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