Como se explicam os
milagres de Jesus?
Por que Jesus fez milagres? Que tipos de milagres? Este artigos traz
algumas explicações sobre esse tema.
30/11/2006
Entre as acusações mais antigas de judeus e pagãos contra Jesus está a
de ser um ilusionista, um mágico. No século II, Orígenes contesta as imputações
de magia que faz Celso a respeito do Mestre de Nazaré e daquelas a que se
referem São Justino, Arnóbio e Lactâncio. Também, algumas tradições judaicas
que remontam ao século II contêm acusações de feitiçaria. Em todos estes casos,
não se afirma que ele não existiu nem que não realizou prodígios, mas que os
motivos que o levaram a realizar estas coisas foram a busca de vantagens e de
fama pessoais. Destas afirmações se depreende a existência histórica de Jesus e
sua fama de taumaturgo, tal como mostram os evangelhos. Por isso, hoje em dia,
entre as provas e os dados que se apresentam como confirmados sobre a vida de
Jesus consta o fato de que realizou exorcismos e curas.
Não obstante, em relação a outras personagens da época, conhecidas por
realizar prodígios, Jesus é único. Distingue-se pelo grande número de milagres
que realizou e pelo sentido que lhes deu, completamente diferente dos prodígios
que puderam realizar algumas dessas personagens (se é que realmente os
realizaram). O número de milagres atribuídos aos outros taumaturgos é bastante
reduzido, enquanto que nos evangelhos temos 19 relatos de milagres em Mt; 18 em
Mc; 20em Lc e 8 em Jo; além disso, há referências nos evangelhos sinóticos e em
João a muitos outros milagres que Jesus realizou (cf Mc 1,32-34; 3,7-12;
6,53-56; Jo 20,30). O sentido também é diferente de qualquer outro taumaturgo:
Jesus fez milagres que implicavam comprometiam os favorecidos no reconhecimento
da bondade de Deus e numa mudança de vida. Sua resistência em realizá-los
demonstra que não buscava a sua própria exaltação ou fama. Daí que tenham um
significado especial.
Os milagres de Jesus são compreendidos no contexto do anúncio do Reino
de Deus: "Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulsos demônios, então o
Reino de Deus já chegou a vós" (Mt 12,28). Jesus inaugura o Reino de Deus
e os milagres são uma chamada a uma adesão pessoal a Deus. Isto é fundamental e
característico nos milagres que Jesus realizou. Reino e milagres são realidades
inseparáveis.
Os milagres de Jesus não eram fruto de técnicas (como um médico) ou da
atuação de demônios ou anjos (como um mago), mas o resultado do poder
sobrenatural do Espírito de Deus.
Portanto, Jesus fez milagres para confirmar que o Reino estava presente
n'Ele, anunciar a derrota definitiva de Satanás e aumentar a fé em sua Pessoa.
Não podem ser explicados como prodígios assombrosos mas e sim como atuações do
próprio Deus, com um significado mais profundo que o próprio feito
prodigioso. Os milagres sobre a Natureza são sinais de que o poder divino que
atua em Jesus se estende para muito além do mundo humano e se manifesta como
poder de domínio também sobre as forças da natureza. Os milagres de cura e os
exorcismos são sinais de que Jesus manifestou seu poder de salvar o homem do
mal que ameaça a sua alma. Uns e outros são sinais de outras realidades
espirituais: as curas do corpo - a libertação da escravidão da enfermidade -
significam a cura da alma da escravidão do pecado; o poder de expulsar o
demônio indica a vitória de Cristo sobre o mal; a multiplicação dos pães faz
referência ao dom da Eucaristia; a tempestade acalmada é um convite para
confiar em Cristo nos momentos tempestuosos e difíceis; a ressurreição de
Lázaro anuncia que Cristo é a própria ressurreição e é a figura da ressurreição
final, etc.
BIBLIOGRAFIA
Catecismo de la Iglesia Católica, nn.
541-550.
BALAGUER, v. (ed), Comprender los evangelios, Eunsa, Pamplona 2005
LATOURELLE, R. Milagros de Jesús y teología del milagro, Sígueme, Salamanca 1990 (2ª ed.)
Fonte: https://opusdei.org/pt-br
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