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sexta-feira, 12 de abril de 2024

O apóstolo dos surdos e mudos

São Filipe Smaldone | YouTube

Arquivo 30Dias - 08/2008

O apóstolo dos surdos e mudos

São Filipe Smaldone dedicou toda a sua vida aos surdos e mudos. Uma missão que continua graças às Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações. No mundo todo. E de joelhos

por Davide Malacaria

 

Ordem religiosa dedicada à assistência aos surdos e mudos, segundo a vontade de São Filipe Smaldone, sacerdote napolitano que viveu no século passado (1848 –1923), quando esta deficiência era sinónimo de marginalização. Não apenas social. Os surdos e mudos, muitas vezes atribuídos à demência, eram geralmente agrupados com os pagãos por serem considerados incapazes de receber os rudimentos do catecismo. Uma vocação que nasceu por acaso, a de Dom Smaldone, depois de ter testemunhado, na igreja, o choro desconsolado de uma criança nos braços da mãe, sem conseguir acalmá-lo. Uma emoção que o Senhor transforma em caridade ativa. E que logo se espalha para abraçar uma multidão de doentes e, em particular, “os seus” surdos e mudos. Um amor ardente ao Senhor, o de Padre Smaldone, que tem o coração na adoração eucarística, tanto que se vê fundando a Liga Eucarística dos sacerdotes adoradores e, posteriormente, das Senhoras Adoradoras. Mas o seu nome está associado ao nascimento de uma ordem religiosa feminina que ele desejava intensamente: as Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações. «Ninguém pode dar o que não tem», explica Irmã Ines De Giorgi, vigária geral da Ordem: «a atenção aos pobres, a quem não tem voz, não pode ser concebida sem uma grande sensibilidade para com o irmão que sofre, sem a visão clara de uma humanidade na qual o rosto de Cristo se torna visível. O itinerário de São Smaldone é um caminho de caridade, de preocupação inteligente e de esperança confiante, que agora continua graças àquelas religiosas que ele mesmo quis criar para apoiar a sua obra”.

A Congregação, com as suas escolas e internatos para surdos e mudos, está presente em toda a Itália, mas especialmente no Sul, onde se desenvolveu a vida e a obra de Padre Smaldone. Trabalho que ainda atrai muitos, principalmente jovens, que ajudam e apoiam. Foi fundada recentemente a Missione Effatà ( www.missioneeffata.it ), uma organização sem fins lucrativos que tem «o objetivo de dar apoio profissional a estas obras e incentivar a arrecadação de oito por mil», explica Giancarlo Fedele que foi o promotor.

Em 1972 a Congregação iniciou sua primeira missão no exterior, no Brasil. Poucas irmãs no início, mas logo um florescimento de institutos, vocações, obras, abrangendo as florestas amazônicas e as cidades mais desenvolvidas e problemáticas do Estado.

Corria o ano de 1987 quando os Salesianos dos Sagrados Corações chegaram à África. Aqui, entre os últimos do mundo, os surdos e mudos, os marginalizados e mal equipados para a sobrevivência diária, representam os últimos dos últimos. No Ruanda, à custa de muitos esforços, nasce uma presença que passa, impotente, pelos horrores do mais terrível genocídio africano. Hoje existem três comunidades a funcionar no pequeno estado africano onde, a par da assistência habitual às crianças com deficiência auditiva, está a ser desenvolvido um itinerário pós-escolar, com cursos de formação, para ajudar as crianças a entrar no mundo do trabalho. Também em África, foram criados institutos no Benim (2007) e, mais recentemente, na Tanzânia.

Aparentemente menos significativa é a presença na Europa Oriental, especificamente na Moldávia, onde as Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações colaboram com a Regina Pacis, instituição criada pelo arcebispo de Lecce, Dom Cosmo Ruppi, para acompanhar as crianças de rua. Aqui as religiosas, explica uma de suas publicações, experimentam um novo horizonte porque, “sem constrangimentos de natureza estrutural e de gestão”, são chamadas a viver a “radicalidade evangélica”. Uma condição na qual, acrescentam, «aprendemos, em pequenos passos, a descobrir-nos como Igreja itinerante, Igreja pobre, Igreja de joelhos, aberta a acolher e apresentar o rosto misericordioso de Deus».

Gostamos particularmente desta imagem da Igreja de joelhos. Para ser querido.

Fonte: https://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF