O MISTÉRIO DA IGREJA
Cadernos do Concílio – Volume 15
Hoje nos debruçaremos no volume 15 da coleção
cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II que traz como tema: O
Mistério da Igreja. Muitas vezes quando falamos em mistério pensamos em
algo duvidoso, secreto, ou que tenha que ser desvendado, mas na Igreja o
mistério tem um sentido diferente, ou seja, buscamos compreender em cada missa
o mistério pascal de Cristo, que só será revelado plenamente na
eternidade.
Todas as vezes após a consagração o sacerdote
diz: “Eis o mistério da fé”, ou seja, aquilo que acabou de
acontecer no altar aos olhos humanos é incompreensível, mas será revelado de
maneira plena no céu.
Em Cristo depositamos toda a nossa
confiança, Ele é a cabeça da Igreja e nós somos os membros. Estamos em comunhão
com Cristo, e dessa forma em comunhão com os irmãos. A Igreja vai muito além do
templo de pedra e tijolos, a Igreja somos todos nós, de certa maneira, templos
do Espírito Santo.
As quatro notas da Igreja Católica dizem que
nossa Igreja é: Una, Santa, católica e apostólica. Una porque
essa Igreja é única; Santa porque foi fundada por Cristo e é
constituída por homens que estão a caminho da santidade; Católica significa
que essa Igreja é universal, ou seja presente no mundo todo; Apostólica quer
dizer que essa Igreja provém dos apóstolos, inclusive os bispos são sucessores
dos apóstolos. Por isso, a missão da Igreja é salvaguardar a fé e fazer com que
cada fiel contemple o mistério.
A Igreja também pode ser compreendida como
mistério, pois justamente como dissemos acima, não foi fundada por mãos
humanas, mas pelo próprio Cristo. Essa Igreja permanece de pé até os dias de
hoje porque é conduzida pelo Espírito Santo. Através da ação do Espírito Santo,
é possível consagrar a Eucaristia, perdoar os pecados e proferir os demais
sacramentos. Jesus, no dia de Pentecostes, sopra sobre os discípulos o Espírito
Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra, iniciando dessa forma a
Igreja primitiva. São mais de dois mil anos de história, por meio do Espírito
Santo é possível salvaguardar a fé e conduzir os fiéis ao mistério.
Cristo é o sacramento do Pai, e
consequentemente a Igreja é sacramento de Cristo. A Igreja tem a missão de
levar adiante os sacramentos instituídos por Jesus. A missão última da Igreja é
a salvação de todos os fiéis, todos os sacramentos são sinais de salvação. Até
o último momento da vida de uma pessoa é possível salvá-la, por isso existe o
sacramento da unção dos enfermos que é ministrado pelo sacerdote pela cura ou
pela configuração à cruz de Cristo, mas também pode ser diante do leito de
morte e a pessoa tem oportunidade de se confessar ou se não está lúcida receber
a absolvição geral dos pecados.
O fim último da Igreja é ser sinal de salvação
para todos os fiéis, que vem por meio dos sacramentos e que, consequentemente,
é o mistério da fé que a Igreja guarda.
A Igreja revela o mistério escondido através
dos séculos todas as vezes que atualiza o mistério pascal de Cristo consagrando
a Eucaristia. O mistério pode ser entendido como sacramento, conforme citamos
acima. Por isso, se Cristo é o sacramento do Pai, a Igreja é sacramento de
Cristo.
A Igreja é visível e histórica, ao mesmo tempo
que ela revela para nós o invisível, provém da Santíssima Trindade e nos revela
o plano de amor de Deus para nós. Conforme já dissemos, a Igreja é santa porque
foi fundada por Cristo, mas ao mesmo tempo é pecadora, pois é conduzida por
homens. O mistério que a Igreja celebra e consequentemente revela é ministrada
por homens e esses homens são pecadores como qualquer outro, mas esse mistério
acontece e é legitimado graças a ação do Espírito Santo.
Por parte dos fiéis cabe manter a confissão e
a vida de oração em dia, para que não aconteça como dizia o apóstolo Paulo, de
comungar a nossa própria condenação. Ao comungar do Corpo e Sangue de Cristo
fazemos parte da família de Cristo que é a Igreja. Os membros da Igreja, que
somos cada um de nós, batizados e batizadas fazemos parte da família de Deus,
que tem Cristo como cabeça, e devemos estar sempre voltados a
Cristo.
No momento da “doxologia final”, ou seja,
antes do Pai Nosso, ao final da liturgia Eucarística aquele que preside
diz: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, ou seja, o mistério
Eucarístico é apresentado aos fiéis e todo o nosso “Ser” deve ser voltado a
Ele. Ele formou uma “família” e quer que todos nós estejamos com Ele até o
fim.
Jesus enquanto esteve entre nós anunciou o
Reino de Deus, na verdade Ele próprio era Reino de Deus. A intenção de Deus Pai
ao enviar o seu Filho à terra era instaurar aqui o Reino de Deus. Esse Reino
consistia em viver a justiça, paz, amor, perdão e misericórdia. Infelizmente,
como sabemos, nem todos aderiram a esse Reino proclamado por Jesus, e esse
Reino se consolida na Cruz.
Após a ressurreição, Jesus sopra em Pentecostes o Espírito Santo sobre os discípulos e os envia em missão para continuar aquilo que Ele iniciou. Isso continua até os dias de hoje a Igreja continua a anunciar o Reino de Deus, mas só viveremos concretamente esse Reino na eternidade. Por isso, anunciamos aqui o Reino de Deus e viveremos de maneira plena no céu. Isso também faz parte do mistério de Cristo que é a Igreja.
Convido a tomarem o volume 15 dessa coleção cadernos do Concílio e ler sobre o mistério da Igreja e buscar nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II o que fala sobre o assunto. Continuemos sendo sinal de Cristo nos dias de hoje e anunciemos com alegria o Reino de Deus, tornemos presente o mistério de Deus entre nós.
Fonte: https://www.cnbb.org.br/
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