Francisco recebe em audiência o
Movimento Escoteiro Católico Italiano no 70º aniversário de sua fundação e se
detém no inverno demográfico, no compromisso de construir uma sociedade justa e
pacífica e na proteção do meio ambiente: somos "prisioneiros de estilos de
vida e comportamentos que são tão egoisticamente surdos a todo apelo do senso
comum quanto tragicamente autodestrutivos", precisamos de um "estilo
sóbrio, respeitoso e frugal" como o dos escoteiros.
Vatican
News
Na manhã
deste sábado (13/04), o Papa Francisco recebeu os Responsáveis pela Associação
Nacional de Guias e Escoteiros Católicos Italianos por ocasião do 70°
aniversário de fundação. Na ocasião, Francisco comentou os projetos símbolos
que o grupo está trabalhando sob o título “Mais vida à vida”, ou seja: um berço
térmico para o Centro de Acolhida em Lampedusa, uma carpintaria
náutica na Zâmbia e o reflorestamento de um bosque na
região italiana de Romagna. Francisco deteve-se em cada um destes pontos com
algumas reflexões.
Dramática
diminuição da natalidade
Em primeiro
lugar, “o berço nos lembra o amor pela vida que nasce. Vivemos
em uma época de dramática diminuição da natalidade – continuou o Papa - em que
o homem parece ter perdido o gosto de gerar e cuidar dos outros, e talvez até o
gosto de viver. Francisco também destacou que “o berço nos
fala do cuidado com a vida em todas as fases, especialmente quando o passar dos
anos ou a aspereza do caminho tornam a pessoa mais vulnerável e necessitada”. E
o fato da doação ser destinada ao Centro de Acolhimento e Primeiros
Socorros de Lampedusa, porto onde chegam os migrantes que atravessam o
Mediterrâneo, ressalta ainda mais “que o amor pela vida é sempre aberto e
universal, desejoso do bem de todos, independentemente da origem ou de qualquer
outra condição”.
Transformar
dons de Deus em instrumentos do bem
Ao falar
sobre a segunda iniciativa, a carpintaria, o Papa recordou que “em
um mundo onde se fala tanto - e em demasia - sobre a fabricação de armas para a
guerra, isso nos lembra que a nossa vocação nos manda à vocação fundamental do
homem de transformar os dons de Deus não em meios de morte, mas em instrumentos
do bem, no esforço comum de construir uma sociedade justa e pacífica, onde
todos tenham a chance de uma vida digna”.
A
exploração irresponsável e míope do planeta
Por fim,
depois de lembrar que o respeito, o amor e o contato direto com a natureza são
marcas registradas do Escotismo desde suas origens, o Papa destacou que todos
os cuidados com a Casa Comum “são valores que precisamos muito hoje, pois nos
vemos cada vez mais impotentes diante das consequências da exploração
irresponsável e míope do planeta”. Acrescentando em seguida: “Nós, prisioneiros
de estilos de vida e comportamentos que são tão egoisticamente surdos a
qualquer apelo de bom senso quanto tragicamente autodestrutivos; insensíveis ao
clamor de uma terra ferida, bem como à voz de tantos irmãos e irmãs
injustamente marginalizados e excluídos de uma distribuição justa de bens.
Diante disso, o estilo sóbrio, respeitoso e frugal dos escoteiros é um grande
exemplo para todos!”.
Comunidade pronta para acolher
Francisco concluiu o encontro afirmando: “Incentivo a perseverar em sua jornada, semel scout semper scout, como diz seu lema. Continuem sendo uma comunidade aberta e atenta, pronta para acolher, ouvir e acompanhar aqueles que o Senhor coloca em seu caminho, profética ao anunciar com coragem o Evangelho e com vontade de sair de seu próprio círculo para encontrar outras pessoas, especialmente aquelas que habitam as periferias existenciais”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/
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