"O Tempo Comum, já iniciado
após a Festa de Pentecostes, segue na sétima semana, porque foi iniciado depois
da festa do Batismo de Jesus. O Tempo Comum é o tempo litúrgico mais extenso,
sendo 34 semanas, divididas em duas partes. A primeira parte inicia após a
Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira, antes da Quarta-Feira de
Cinzas. A segunda parte inicia após a festa de Pentecostes. O Tempo comum
culminará com a Festa de Cristo Rei."
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
Em 3 de
março de 2018, com um decreto da então Congregação do Culto Divino e da
Disciplina dos Sacramentos (hoje Dicastério, ndr), o Papa
Francisco determinou a inscrição da Memória da "Bem-aventurada
Virgem, Mãe da Igreja" no Calendário Romano Geral, a ser celebrada todos
os anos na segunda-feira depois de Pentecostes. “Esta celebração - explicava o
então prefeito, cardeal Robert Sarah, ajudará a lembrar que a vida
cristã, para crescer, deve ser ancorada no mistério da Cruz, na oblação de
Cristo no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos
redimidos”.
Como
descrito no Decreto "Ecclesia Mater", o motivo da celebração é
favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos
religiosos e nos fiéis, bem como, da genuína piedade mariana.
A
Solenidade de Pentecostes, festejada no último domingo, marcou a conclusão do
Tempo Pascal, e no domingo que segue, a Igreja festeja a Santíssima Trindade.
"A semana entre Pentecostes e a Santíssima Trindade", é o tema da
reflexão de hoje do Pe. Gerson Schmidt*:
"Com
a nova reforma da liturgia proposta pelo Concílio, o Tempo Pascal terminou com
a celebração de Festa de Pentecostes. A oitava de Pentecostes, acrescentada à
cinquentena pascal no século VI, é abolida. Por isso, voltamos a celebrar o
Tempo Comum, transcorridos os 50 dias pascais, vividos como um único dia
vitorioso.
O monsenhor
Annibale Bugnini, em seu livro “A Reforma Litúrgica”, comenta as discussões em
relação a essa mudança e diz que “talvez o mal-estar tenha sido pela passagem
brusca da solenidade de Pentecostes para o tempo comum. Em algumas regiões
Pentecostes continua com o dia sucessivo, que é festivo, fazendo com que se
perceba menos o salto”. O liturgista, responsável por muitas adaptações e
renovações sugeridas pela Sacrosanctum
Concilium, ainda comenta assim a pé da página: “A abolição
da oitava de Pentecostes deriva logicamente da consideração da estrutura nativa
do Tempo Pascal. Pentecostes é o oitavo Domingo da Páscoa. Não tem lógica outra
oitava. A coisa era admitida pacificamente”.
Com a
introdução da festa da Santíssima Trindade, completada a obra das três pessoas
divinas, o verdadeiro oitavo dia veio a faltar. A festa da Trindade que
celebramos tem sentido depois de Pentecostes porque salienta, na liturgia
celebrativa, o tempo de ação das pessoas da Trindade. O Pai criou o universo e
não o deixou à deriva. Envia seu Filho Unigênito para resgatar a obra da
criação por meio da Redenção. Jesus Ressuscitado ascende aos céus depois de 40
dias, festa que no Brasil se celebra no final de semana seguinte aos 40 dias,
para melhor celebração do povo de Deus. Depois que Jesus sobe aos céus, envia,
com o Pai, o Divino Espírito Santo prometido, festa celebrada há pouco. Depois
da ação da Terceira pessoa da Trindade, na Igreja nascente, junto com Maria no
cenáculo, se plenifica a obra da Trindade, festa que é celebrada em seguida de
Pentecostes. Tudo segue uma lógica favorável ao povo para rezar e contemplar a
ação salvífica de Deus.
A
introdução do título de Maria Mãe da Igreja logo depois do dia de Pentecostes
também tem sua razão. Maria estava como discípula primeira, junto com os
apóstolos no Cenáculo. A Mariologia insere-se na eclesiologia do Vaticano II,
para apontar um ideal a ser perseguido pela Igreja. Maria, a Mãe de Deus, é,
assim, modelo para a Igreja e mãe da Igreja. O título atribuído à Nossa Senhora
como Mãe da Igreja – Mater Ecclesia - se deve justamente ao
teor teológico sintetizado pelo Concilio Vaticano II a partir de expressão
utilizada pelo Papa Paulo VI no decorrer do Concílio. O título foi utilizado
pela primeira vez por Santo Ambrósio de Milão, no Século IV e redescoberto por
Hugo Rahner, um jesuíta irmão do grande teólogo Karl Rahner. A Mariologia de
Rahner segue a doutrina de Ambrósio, sobre o papel de Maria Santíssima na
Igreja. Sua interpretação, fundamentada exclusivamente em Ambrósio, influenciou
grandemente o Concílio Vaticano II, sendo que na constituição Dogmática Lumen
Gentium declara que Maria é Mãe da Igreja, uma perspectiva continuada pelos
próximos Papas, João Paulo II que utiliza o termo em sua encíclica Redemptoris
Mater e Bento XVI que credita aos Rahner especificamente essa
atribuição.
Maria é
vista como mãe da Igreja e de todos os cristãos, membros da Igreja e parte do
Corpo místico de Cristo. Os membros do Corpo de Cristo compartilham da
paternidade de Deus e também da maternidade de Maria. O Catecismo da Igreja
católica afirma assim: “A Virgem Maria é reconhecida e honrada como sendo
verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor... Ela é claramente a mãe dos
membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja” (CIC, 963).
A memória
litúrgica da bem-aventurada Virgem Maria, com o título de Mãe da Igreja, foi
instituída no calendário Romano na segunda-feira depois da solenidade de
Pentecostes, para lembrar que Maria, presente no cenáculo, é mãe e cristã que
mergulha nas ações da comunidade da Igreja primitiva, na descida do Espírito
Santo no dia de Pentecostes. Foi em 2018 que se afirmou essa data litúrgica que
foi firmada pelo Decreto da Congregação para o culto Divino e disciplina dos
Sacramentos, chancelada pelo Papa Francisco, aparecendo nos livros litúrgicos
para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas.
O Tempo
Comum, já iniciado após a Festa de Pentecostes, segue na sétima semana, porque
foi iniciado depois da festa do Batismo de Jesus. O Tempo Comum é o tempo
litúrgico mais extenso, sendo 34 semanas, divididas em duas partes. A primeira
parte inicia após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira, antes
da Quarta-Feira de Cinzas. A segunda parte inicia após a festa de Pentecostes.
O Tempo Comum culminará com a Festa de Cristo Rei."
*Padre
Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além
da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em
Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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