DIGNIDADE INFINITA
Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)
“Considerai com que amor nos
amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos.” (I Jo 3,
1)
O cristão necessita ser
constantemente lembrado que sua origem e natureza está em Deus. O Amor nos
criou, pois Deus é essencialmente amor. E, tendo cada um de nós, nascidos antes
de tudo, no Coração de Deus para depois sermos fecundados por nossos pais, é
que temos o direito de afirmar: somos possuidores da dignidade divina, pois o
Senhor dos senhores habita em nós e nos concedeu essa graça, independentemente
de merecermos ou não. Essa verdade que nos é apresentada na Declaração do Papa
Francisco, intitulada de DIGNITAS INFINITA, que versa sobre a dignidade humana
ou a dignidade infinita, precisa ser compreendida através da fé. Fé é
confiança, é certeza de que Deus deseja o melhor para todos, sem distinção ou
preferência.
A fé é um dom que necessita ser
praticado numa caminhada constante de conhecimento do Senhor, buscando-O e,
encontrando-O, conhece-Lo realmente. O conhecimento de Deus abre novos
horizontes e desvenda uma realidade que o mundo deseja apagar em nós: o respeito
ao próximo. Somos chamados a ver no outro a Imagem do Pai, pois, como nós, o
próximo também é imagem e semelhança de Deus. Ao aceitar que, diante do Pai,
todos temos a mesma dignidade, seremos capazes de olhar para o outro sem
desvalorizá-lo ou denegrir sua imagem. A grande verdade é que ninguém é maior
ou melhor que os outros, o que acontece é que todos cometemos pecados.
Diante dessa realidade, não
podemos julgar nosso irmão pelos erros cometidos, afinal, também pecamos, às
vezes de forma diferente, mas pecado será sempre pecado. Nossa humanidade é
facilmente corrompida pelos anseios do mundo: egoísmo, orgulho, falta de caridade
e outras situações que criam muros instransponíveis e separam cada vez mais uns
dos outros.
Irmãos, fomos criados por Deus,
à sua imagem e por isso, dotados de uma mesma alma racional, temos a mesma
origem e natureza: a Divina. Entretanto, cada ser humano é único, com suas
características pessoais e, naturalmente há diferenças entre nós e, tais
diferenças fazem parte do plano de Deus; Ele deseja que cada um receba do outro
aquilo lhe falta ou seja, cada um tem seus talentos, suas qualidades próprias
justamente para partilhar com aquele que não possui tais talentos. No plano de
Deus, as diferenças devem estimular a comunhão fraterna: o que eu sei, eu
divido com o outro que, em contrapartida, me transfere seus conhecimentos. Essa
troca fraterna que visa a unidade em Deus, nos fará perceber de que natureza
fomos criados.
A todos Deus deu a mesma
dignidade de ser filho, porém, com talentos e carismas diferentes para que
todos sejam levados precisar uns dos outros, reconhecendo que nascemos para o
mesmo fim: amar a Deus, ao próximo e a nós mesmos, valorizando o dom magnífico
da vida doada ao Pai e aos irmãos. Dignidade Infinita é reconhecer que não
somos nada uns sem os outros, que precisamos amar mais e julgar menos,
respeitar mais e aceitar o outro como ele é. Se Deus nos aceita e nos ama em
detrimento de nossas muitas faltas e pecados, quem somos nós para definir quem
é ou não digno do Amor do Pai? Senhora de Lourdes, Digníssima Mãe de Jesus e
nossa, ensina-nos a respeitar nossos irmãos!
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