JESUS CRISTO É O BOM PASTOR, SEGUNDO SANTO
AGOSTINHO
26 de abril de 2024
Por
Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
A Igreja refletiu no quarto domingo da Páscoa e na semana seguinte a boa nova
de Jesus do bom Pastor no evangelista São João (cf. Jo 10,1-18), A figura é bem
percebida no mundo de hoje e na vida eclesial, nos quais os ministros sagrados
e todas as lideranças são chamados a viver o pastoreio de Jesus na família, na
comunidade e na sociedade. Ele conhece as suas ovelhas e as ovelhas o conhecem
(cf. Jo 10, 14). Jesus dá a vida para elas para que tenham sempre mais vida e
vida em plenitude (cf. Jo 10, 10). Veremos a seguir estes dados em Santo
Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos IV e V no Norte africano[1].
Jesus é o bom Pastor (cf. Jo 10, 11).
Jesus é o bom Pastor que está em comunhão com o Pai, com o seu pastoreio e que
vive a dimensão da bondade infinita, carregada de paz e de amor para com as
suas ovelhas. Segundo o bispo de Hipona, Jesus é o bom pastor em relação às
ovelhas, pelo fato de que elas pertencem a Ele e porque elas estão em unidade
com o seu Pastor. Ele vai adiante delas e as ovelhas conhecem a sua voz (cf. Jo
10,4). Ele é bom porque as ama e também pelo fato de que as conduz para a vida
eterna sabendo que ele não quer que nenhuma delas se perca, mas elas vivam para
sempre[2].
Jesus é a porta (Jo 10,9 ).
Para
Santo Agostinho Jesus é a porta das ovelhas, porque Ele é o Pastor verdadeiro,
capaz de dar sempre a sua vida pelas ovelhas[3].
Ele sendo Ressuscitado dos mortos pelo Pai vai adiante das ovelhas porque a
morte não tem domínio sobre ele, de modo que a venceu para sempre[4].
A pessoa entra e sai pela porta e encontra pastagem (cf. Jo 10, 9). Ela, a
pessoa entra na Igreja pela porta que é Cristo, pela meditação das coisas de
Deus e sai para o serviço aos outros, e a Deus[5].
A entrada por Cristo é o pensamento de acordo com as virtudes teologais, pela
fé, esperança e caridade e sai em unidade com Cristo para realizar as obras de
amor[6].
Jesus é a porta que leva as pessoas para a vida eterna (cf. Jo 10,9). As
pastagens referem-se para aqueles que tem fome e sede de justiça (cf. Mt
5,6).Ele mesmo vem ser a porta, o Pastor, segundo Santo Agostinho, que entra e
saia também através de si mesmo vindo a ser Jesus também o porteiro[7],
pelo fato de que a porta é aquilo pelo qual a pessoa entra e o porteiro é
aquele que abre a porta[8].
A
escuta da voz do bom pastor.
A
palavra de Jesus onde ele diz que é bom pastor refere-se às ovelhas presentes e
as futuras, a todas aquelas que vierem a ser ovelhas. Todas escutam e escutarão
a voz que diz que Jesus é o bom pastor (cf. Jo 10,11). A palavra bom não se
acrescentaria se não houvesse segundo Santo Agostinho, pastores maus[9],
sendo estes ladrões, salteadores, mercenários. O bispo distinguiu os nomes
entre os bons que são a porta, o porteiro, o Pastor e as ovelhas e entre os
maus visualizam-se os ladrões, salteadores, mercenários e o lobo[10].
Jesus
é Pastor como é ovelha.
O
bispo de Hipona afirmou que Jesus é tanto Pastor como ovelha. Como é lido no
Evangelho de São João Jesus disse que Ele é o bom Pastor, suscitando também a
pergunta onde aparece que ele é a ovelha? A palavra de Deus disse que o Servo
foi conduzido como ovelha a ser imolada (cf. Is 53,7). Uma grande semelhança
existe entre o cordeiro, ovelha e os pastores por serem estas realidades unidas
por um vínculo de amizade[11],
na pessoa de Jesus como Pastor e ovelha para ser imolada em vista da salvação
de toda a humanidade.
Os
mercenários.
Santo
Agostinho teve também presentes, segundo a palavra de Jesus a realidade dos
mercenários, que fogem ao ver o perigo e o lobo chegarem (cf. Jo 10,12-13).
Eles buscam os próprios interesses, não os de Jesus Cristo (cf. Fl 2,21). Eles
não amam a Cristo gratuitamente, não buscam a Deus por causa de Deus, mas
perseguem benefícios temporárias, sempre aspirando lucros, indo atrás de
honrarias da parte dos seres humanos[12].
O Senhor disse também aos seus seguidores e seguidoras sobre a necessidade de
não serem mercenários, mas bons pastores, porque pelos seus frutos as pessoas
conhecerão que tipo de pastores são na realidade (cf. Mt 7,16). Por isso é
preciso viver a mensagem de Jesus na realidade atual.
Os
pastores em unidade com o único Pastor, Jesus.
Santo
Agostinho afirmou que os apóstolos foram pastores em unidade ao único Pastor,
Jesus. Eles se regozijavam naquela Cabeça, viviam fortalecidos por um só Corpo
num só Espírito, pertencendo todos ao único Pastor, Jesus[13].
Todos as pessoas que vieram depois dos apóstolos são chamadas a viver a unidade
no Pastor que é o Senhor Jesus. Santo Agostinho convidou a todos os pastores
para que apascentam bem as ovelhas nas pastagens do Senhor e ao mesmo tempo
sejam apascentados[14],
evangelizam e também sejam evangelizadas pelas ovelhas do Senhor e como Jesus deem
as suas vidas pelo rebanho do Senhor e à glória de Deus Uno e Trino.
[1][1] Cfr. Comentários a São João I. Evangelho – Homilias 1-49. Tradução: Ir.
Nair de Assis Oliveira, CSA (+), Luciano Rouanet Bastos. In: Santo Agostinho. São Paulo: Paulus 2022,
[2] Cfr. Idem, pg. 897.
[3] Cfr. Ibidem, pg. 901.
[4] Cfr. Ibidem, pg. 897.
[5] Cfr. ibidem, pg. 898.
[6] cfr. Ibidem, pg 898.
[7] Cfr. Ibidem, pg. 899.
[8] Cfr. Ibidem, pg. 904.
[9] Cfr. Ibidem, pg. 901.
[10] Cfr. Ibidem, pg. 901.
[11] Cfr. Ibidem, pg. 903.
[12] Cfr. Ibidem, pg. 905.
[13] Cfr. Ibidem, pg. 910.
[14] Cfr, Ibidem, pg. 912.
Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/
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