Nossa reportagem especial para o
Dia das Mães é produzida diretamente por Felipe Padilha, assessor de
comunicação da Diocese de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. O Estado
"se vê imerso em sua maior tragédia ambiental" e o questionamento que
se faz é: "como celebrar a data neste tempo da história, com tantas dores
e lágrimas? Maria, Mãe que o Cristo nos deu, é sinal".
Felipe
Padilha
“Maria, a
mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste
mundo ferido”. Assim se refere o Papa Francisco à Mãe de Deus no número 141 da
Encíclica Laudato si’, sobre o cuidado com a casa comum. O Rio
Grande do Sul se vê imerso em sua maior tragédia ambiental e há quem diga que
essa situação é inédita no Brasil.
Chuvas
intensas, enchentes, deslizamentos de terra, pessoas soterradas e famílias que
perderam tudo: um cenário desolador que se abateu sobre o estado a partir dos
últimos dias de abril e nos primeiros dias de maio de 2024. O calendário segue
e chegamos ao Dia das Mães. Como celebrá-lo neste tempo da história, com tantas
dores e lágrimas?
Maria, Mãe
que o Cristo nos deu, é sinal. Já dizia o Padre Zezinho na canção Maria de
Nazaré: “em cada mulher que a terra criou, um traço de Deus Maria deixou. Um
sonho de mãe Maria plantou, pro mundo encontrar a paz”. Pensemos em quantas
vezes Ela socorreu o Filho, sendo que muitas delas não estão na Bíblia.
Imaginemos que, como uma criança, Jesus deve ter caído no chão, esfolado o
joelho, esmagado o dedo, tido febre. Com José ao seu lado, Maria amou e cuidou.
E na cruz não foi diferente: ela amou, cuidou, chorou e confiou.
Estamos num
momento em que, como Paulo escreveu aos Romanos, a criação geme em dores de
parto (cf. Rm 8,22). O Planeta Terra, lugar que Deus nos deu para viver, que é
uma mãe que acolhe seus filhos, os ama e os cuida, agora está precisando de
cuidados. E Maria é sinal. Não esqueçamos do seu cuidado com Isabel, narrado no
Evangelho de Lucas.
Maria é
sinal de cuidado de Deus com todas as mães e, ao mesmo tempo, cuidado de Deus
para seus filhos e famílias. Na Serra Gaúcha, o Vale do Rio Buratti, no
município de Bento Gonçalves, foi atingido por muitos deslizamentos de terra
durante as enchentes o que deixou a comunidade ilhada e sem comunicação. E do
amor de mãe brota a força para não desmoronar quando tudo vai ao chão. A
mensagem que a agricultora Elizane Riboldi deixou foi categórica:
“A única coisa que eu queria era
salvar os filhos, mais do que a gente mesmo.”
Sobre
celebrar o Dia das Mães depois de ficar ilhada por alguns dias e ser resgatada
de quadriciclo, Elizane diz que é tempo de agradecer: “mesmo estando longe de
nossas casas, estaremos juntos. Será diferente, mas estaremos juntos. A família
é o mais importante, porque nós estamos aqui salvos e o resto ficou lá, para
depois”.
https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/05/12/13/137942834_F137942834.mp3
Maria é
sinal de solidariedade, porque lembremos que Ela também fazia parte da
comunidade de fé da Igreja Primitiva e foi solidária com os irmãos que eram
perseguidos. Maria nunca ficou longe, mas sempre esteve perto. Assim são
diversas mães, com seus esposos e filhos que estão nos diversos alojamentos,
centros de triagem, igrejas, espaços de saúde para ser sinal de solidariedade a
tantas outras mães, esposos, filhos, avós e até animais de estimação.
Em Caxias
do Sul, no Seminário Nossa Senhora Aparecida, a diocese e a sociedade civil
junto com o Poder Público, mantém um centro de operações e triagem de doações
que são enviadas para todo o Rio Grande do Sul. A Márcia Fontes Machado levou o
marido e as duas filhas para serem sinais de solidariedade. Ao deixar uma
mensagem para mães que estão desabrigadas neste momento, ela se emocionou:
“continuem fortes, porque fortes vocês são. Com fé em Deus, a gente vai passar
por isso”.
Tantas são
as “Marias” do nosso tempo, não é? Aquelas que cuidam, que amam, que se doam e
que se tornam como que muros fortes para proteger seus filhos e a família. Luci
Monteiro de Souza e a jovem Isadora Monteiro Ribeiro, também se voluntariaram
para a triagem e organização das doações. E foi Isadora que explicou o porquê
de estarem ali:
“Para mim, a mãe é a minha
inspiração de vida. Mas, nesse momento difícil, eu me inspiro na coragem dela,
na solidariedade e na empatia dela com as pessoas. Desde pequena, ela me criou
com o senso de doação. O meu pouco vai fazer diferença para alguém e para mim,
isso é muito marcante.”
Como
celebrar o Dia das Mães no Rio Grande do Sul? As “Marias” deste tempo da
história nos ajudam a compreender que Maria é sinal, portanto olhemos para a
Mãe que Ele nos deu.
* assessor
de comunicação da Diocese de Caxias do Sul-RS
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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