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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Santa Joana d'Arc

Santa Joana d'Arc (A12)
30 de maio
Santa Joana d'Arc
Joana nasceu no vilarejo de Domrémy, Ducado de Lorena, França, em 1412. Era filha de camponeses, demonstrando desde a infância muita piedade; gostava da contemplação e das celebrações litúrgicas, interessando-se pelo Catecismo e Doutrina Católica, embora analfabeta – assinava o nome com uma cruz. Trabalhava em casa e às vezes com as ovelhas do pai.

Aos 13 anos começou a ter experiências místicas, ouvindo as vozes que identificou mais tarde como sendo as do Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. O anjo dizia que ela deveria socorrer o rei da França. Os pais pensaram que a menina estivesse enlouquecendo.

Neste período, a França, um dos maiores países católicos do mundo, mas dividida internamente e sofrendo decadência moral e religiosa, lutava na chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a invasora Inglaterra, que reivindicava o trono francês. Aos 17 anos, Joana, orientada pelas vozes celestes, entendeu que deveria encontrar o legítimo rei francês, Carlos VII, e trabalhar para a sua coroação (Henrique V da Inglaterra, neste período da guerra, tinha mais comando do país, e seu filho Henrique VI, então ainda um menino, veio a ser coroado rei da Inglaterra em 1429 e rei da França em 1431), bem como liderar os exércitos para combater os ingleses e expulsá-los da França.

Obviamente, o processo de uma camponesa iletrada chegar ao rei não foi simples, mas por fim ela o conseguiu em 1429. Para testar o que se dizia dela, que era enviada por Deus, Carlos VII disfarçou-se e um impostor foi colocado em seu lugar, com todo o aparato real. Joana, que nunca tinha visto a face de Carlos, sem se importar com o falso regente procurou e encontrou entre os presentes o legítimo monarca, dirigindo-se a ele e apresentando sua missão divina. Isto impressionou a todos, mas só após muitos testes, e a evidência de que ela conhecia coisas que só lhe poderiam ter sido reveladas por Deus, o rei concordou em seguir as suas orientações.

Joana, sempre vestida como um homem, tanto para não chamar a atenção dos adversários como para não provocar o desejo dos combatentes, passou a comandar os exércitos franceses. Sua presença disciplinava os soldados, e ela exigia deles um comportamento digno e orações: as prostitutas que acompanham a soldadesca foram expulsas, o jogo e a bebida proibidos; os soldados passaram a ter acesso aos Sacramentos e à Santa Missa, confessando e comungando antes das batalhas. O carisma sobrenatural de Joana impunha respeito e animava os soldados, que a viam como um ser angelical. Jamais a desrespeitaram.

Foi-lhe infundido um conhecimento militar que não possuía, e, montada num cavalo, com um estandarte trazendo as imagens de Jesus e Nossa Senhora em uma mão e uma espada na outra, que entretanto nunca usou, ela não apenas organizava as ações, como participava na vanguarda das batalhas. Sua primeira ação militar foi debelar o cerco que os ingleses faziam na cidade de Orleans. Seguiram-se várias campanhas, nas quais nem sempre os generais a obedeciam totalmente. Ainda assim sucederam-se as vitórias francesas, até que no vale de Loire os ingleses perderam 2.200 soldados e seu comandante foi preso. Isto permitiu a Carlos chegar à cidade de Reims, onde finalmente foi coroado, em julho de 1429.

A guerra continuou, sempre a favor da França, na qual restavam ainda poucas regiões invadidas. Mas o rei não foi verdadeiramente grato a Joana. Contrariamente à vontade dela, insistiu para que participasse na reconquista de Paris. No cerco de Compiègne, em 1430, Joana foi capturada à traição pelos borgonheses, colaboradores dos ingleses, que a receberam em troca de dinheiro.

Foi então montado um processo iníquo, grotesco e ilegal contra ela, conduzido por Pedro Cauchon, um bispo traidor membro do Conselho Inglês em Rouen, e que agiu como “autoridade” inquisitorial. Sem qualquer auxílio, do rei ou advogados, a que tinha direito e que lhe foi negado, ela enfrentou todo tipo de acusações, sob maus tratos e pressões, num proceder cada vez mais arbitrário e contrário às leis – pois, divinamente inspirada, a tudo respondia com exatidão, de modo que por mais que a tentassem confundir, não conseguiam que desse motivos para nenhuma condenação.

Durante quatro semanas, presa numa cadeia de ferro e humilhada constantemente, Joana manteve-se fiel às suas razões e missão divina; por proteção divina, sua virgindade foi mantida. Por fim, sem mais argumentos, foi condenada por usar roupas masculinas – as de quando capturada em batalha – e sob a alegação de bruxaria, por dizer que ouvia vozes divinas na ordem para restaurar o reinado francês: o tribunal “interpretou” tais vozes como demoníacas e a condenou à fogueira. Foi executada a 30 de maio de 1431, com 19 anos, numa praça pública de Rouen, afirmando até o final a veracidade das vozes e da sua missão divina.

Depois da sua morte, os ingleses continuaram perdendo a guerra, definida com a derrota em Castillon, 1453. Apenas Calais permaneceu como posse inglesa continental, mas também foi capturada em 1558.

O Papa Calisto III, a pedido dos pais de Joana, reviu seu processo 20 anos depois, constatando a sua completa injustiça, e a reabilitando publicamente. Joana d’Arc foi canonizada, reconhecida como Mártir da Pátria e da Fé e proclamada padroeira da França.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vocação de Santa Joana d’Arc é uma das mais insólitas dentre a dos santos. Deus a cumulou de dons especialíssimos, e lhe deu uma missão original, de reconquistar militarmente um país para a sua identidade católica – sendo ela uma mulher pobre e iletrada, muito jovem e inexperiente. Deste modo, quis o Senhor evidenciar que é Ele, mesmo através dos fracos, que age nos destinos do mundo, ainda que sempre respeitando a liberdade que deu ao Homem: “Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo, para confundir os sábios. E Deus escolheu o que é fraco diante do mundo, para confundir os fortes. (…) Para que, como está escrito: ‘Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor’” (1Cor 1,27-28.31). Deus quis preservar a França, maior país católico do mundo, que contudo, mais tarde, pela desobediência de não se consagrar a Ele, sofreu a punição da Revolução Francesa, em muitos aspectos parecida com a Revolução comunista Bolchevique: falsas promessas de igualdade, baseadas no abandono a Deus e desrespeito à hierarquia, e responsáveis por incontáveis mortes, a começar as dos próprios cidadãos e depois em outros países. Sempre com a propaganda falaciosa das ideias atraentes de igualdade, liberdade e fraternidade (as quais, obviamente, não podem existir sem Deus, fonte da verdadeira liberdade e fraternidade espiritual, e da única igualdade possível, a de sermos Seus filhos amados, e por este único motivo devermos ser tratados todos com caridade e justiça – o que não implica absolutamente em paridade material, de funções, etc., mas sim de dignidade existencial). Toda a trajetória de Joana é milagrosa, desde a consciência pessoal da sua missão até a sua efetiva defesa individual diante de um tribunal malicioso, e a determinação intransigente de morrer pela Fé. Seu mérito está, é claro, em aceitar tudo o que Deus lhe propôs, a começar pelo mais importante: nas suas próprias palavras, "Quando eu tinha mais ou menos 13 anos, ouvi a voz de Deus que veio ajudar-me a me governar. (…) Ela me ensinou a me conduzir bem e a frequentar a igreja". Ouvir e obedecer à voz de Deus, que nos chegue por meios sobrenaturais se for a vontade divina, quer através da Doutrina da Igreja, é o caminho que nos é oferecido para a realização das boas obras, grandes ou pequenas, que nos levarão à salvação, segundo o plano de Deus para cada filho Seu, individualmente.

Oração:

Senhor Deus, que sempre combateis por nós, concedei-nos por intercessão de Santa Joana d’Arc expulsar de nossas vidas a invasão das tentações e pecados, que de Vós nos afastam, e pretendem nos dominar com falsas promessas de bens deturpados; pois só Vos ouvindo, e obedecendo à Palavra que ensinas é que restauraremos Vosso reinado na alma e poderemos participar da Vossa corte celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF