São Matias ocupou o lugar deixado por Judas Iscariotes no grupo dos 12 Apóstolos escolhidos por Cristo. Este número representa as 12 tribos de Israel, portanto todo o povo judeu e, por extensão, o povo restaurado de Deus, os que viverão no paraíso Celeste – daí a sua importância.
Em At 1,21-26, fica evidente que Matias já acompanhava o Senhor desde o anúncio de João Batista, perseverando entre Seus discípulos até depois da Ressurreição e de Pentecostes, e tendo sido testemunha ocular de Cristo já glorioso. Certamente foi um dos 72 enviados por Jesus para evangelizar (Lc 10,1-24). A “sorte” que definiu a sua escolha evidentemente é obra do Espírito Santo.
Segundo uma tradição Matias evangelizou na Judéia, Capadócia e depois na Etiópia, tendo morrido crucificado. Em outra versão, ele foi apedrejado em Jerusalém pelos judeus, e então decapitado. As informações não são precisas, tendo origem nos evangelhos apócrifos (isto é, em escritos não aceitos como confiáveis para fazerem parte do conjunto de escritos da Bíblia, seguramente inspirados pelo Espírito Santo).
É normalmente representado com um machado ou uma alabarda, símbolos da força do cristianismo e do martírio; o machado também está ligado, por causa do martírio, ao seu patronato dos açougueiros e carpinteiros.
Registros indicam que Santa Helena, mãe do imperador Constantino e a santa que recuperou as relíquias da Cruz de Cristo, mandou transladar as relíquias de São Matias para Roma. Uma parte delas ali ficou, na igreja de Santa Maria Maior, e o restante está na Alemanha, na igreja de São Matias em Treves, cuja cidade foi por ele evangelizada segundo uma tradição, e motivo pelo qual é seu padroeiro.
A festa de São Matias era celebrada em 24 de fevereiro, de modo a evitar a Quaresma, mas no novo calendário ficou em 14 de maio, uma data certamente próxima do dia da sua eleição.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
“Matias” deriva do Grego Matthias ou Mahthias, do Hebreu Mattathias ou Mattithiah, que significa “presente (ou dom) de Deus”. Sem dúvida que este Apóstolo é tanto presente como dom de Deus para a Sua Igreja, e a sua altíssima missão, confiada a este mínimo grupo de pessoas, indica uma singular preferência e confiança do Senhor. Os critérios para ser Apóstolo incluíam ter visto diretamente o Cristo Ressuscitado, ter acompanhado Jesus desde a manifestação de João Batista até a Ascensão e permanecido até Pentecostes, ter sido chamado e enviado por Cristo para evangelizar… apenas 12 foram santos Apóstolos, mas até que ponto podemos nos aproximar da sua obra? Vemos o Cristo, vivo, na Eucaristia, recebemos o Espírito Santo na Crisma, somos chamados por Jesus, através da Igreja e do Batismo, para com Ele levarmos a Boa Nova aos irmãos. Não temos o carisma particular dos Apóstolos, mas somos sim herdeiros da sua missão, e unidos a eles na Comunhão com Cristo. Neste sentido, Deus também demonstra a Sua escolha e confiança em cada um de nós. Resta escolhermos a via de Judas Iscariotes ou a de Matias.
Oração:
Deus Todo Poderoso, que do nada nos chamastes à existência e nos chamastes à salvação, concedei-nos por intercessão de São Matias também sermos fiéis no “apostolado tardio”, e tendo tido a honra inefável de sermos por Vós escolhidos desde sempre para receber o Paraíso, aceitarmos com amor e alegria os dons que nos destes para vencer as provações, estando sempre presentes diante de Vós para repassá-los em proveito dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Fonte: https://www.a12.com/
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