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domingo, 19 de maio de 2024

São Paulo, um judeu em Cristo (3)

São Paulo em Damasco | 30Giorni

Arquivo 30Disas – 05/2008

São Paulo, um judeu em Cristo

Entrevista com Romano Penna sobre a relevância de alguns temas do Apóstolo dos Gentios: justificação, conversão, missão.

Entrevista com Romano Penna por Lorenzo Cappelletti

Quase parece que se entende, pelo que dizes, que o mandato missionário não pode ser, por assim dizer, estendido de forma genérica, como uma "ordem de serviço", a toda a Igreja, mas que está quase ligado a uma vocação pessoal e ao aprofundamento de uma consciência pessoal...

Penna: Isso mesmo. Quem percebe o valor explosivo da Páscoa, mais o sente. Isso é. Paulo nada conta sobre o Jesus terreno, mas apenas sobre o crucifixo ressuscitado. A cristologia de Paulo está inteiramente centrada no acontecimento pascal, na dupla face do acontecimento pascal, a cruz e a ressurreição, onde ele percebeu esta coisa perturbadora, eu dizia, que ultrapassa as fronteiras de Israel.

 Por outro lado, a consciência de que Jesus veio para abolir os sacrifícios também se tornou tradicional nos escritos judaico-cristãos não-paulinos. Se ele veio abolir os sacrifícios, significa que a sua identidade vai além das liturgias templárias, é algo que está fora da categoria do sagrado, está aberto ao profano - usemos esta categoria -; e o profano está em toda parte, profano é sobretudo o que está fora de Israel como povo santo (o que “os outros” não são). Mas é precisamente para esses “outros” que Paulo percebe o destino do evento pascal.

Concluindo, qual é a maior relevância da figura e da mensagem de Paulo que, na sua opinião, este Ano Paulino deve propor novamente?

Penna: Uma mensagem de essencialidade, a redução do cristianismo ao essencial: a adesão pessoal a Jesus Cristo. Nada mais; e neste “outro” colocar tudo e todos, desde os anjos até embaixo. O espaço entre o homem e Deus é preenchido por Cristo e por mais ninguém. Porque estar em Cristo (afinal esta é a linguagem paulina: «Estar em Cristo», ou « no Senhor») significa estar em Deus, portanto. O que envolve podar várias coisas, pelo menos no sentido do juízo de valor a fazer. Dizer Paulo significa Jesus Cristo. Mesmo a nível eclesial e institucional. É claro que no tempo de Paulo a Igreja era muito ágil como instituição também porque não havia o fardo trazido pelos séculos subsequentes. Mas a questão era muito leve, sobretudo porque a identidade eclesial do cristianismo era entendida como sendo todos irmãos (termo que volta 112 vezes no Corpus Paulinum !), todos no mesmo nível. E talvez aqueles dedicados ao serviço estejam abaixo. Na Primeira Carta aos Coríntios Paulo diz: «O que é Apolo, o que é Paulo, o que é Cefas? Seus ministros... Tudo é seu: Paulo, Cefas, o mundo, a vida. Mas vós pertenceis a Cristo e Cristo pertence a Deus” (ver 1Cor. 3, 5ss). Não existe uma linha que vai de cima para baixo, mas de baixo para cima. «Tudo é seu»… Você está acima dos ministros, no sentido de que os ministros fazem parte da comunidade. É claro que a comunidade cristã não é um molusco, é um vertebrado, mas o que importa na Igreja não são os ministros, são os batizados; e os ministros são importantes na medida em que também são batizados. Não quero ser mal interpretado. Que a existência de ministros é muito importante, para não dizer essencial, é um facto que Paulo conhece bem. Basta lembrar quando ele fala da Igreja como um corpo estruturado (ver 1Cor 12, 12ss).

 Fonte: https://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF