Hoje celebramos a memória de São
Luís Gonzaga, nascido em 1568 em Castiglione (Itália).
Padre Bruno
Franguelli, SJ – Vatican News
Desde o
nascimento, Luiz estava destinado a herdar, com sua primogenitura, os títulos
de honra e poder de seus familiares. Quando criança, conheceu de perto a
violência gerada pela disputa de poder entre os parentes. Sofreu de perto o
resultado de tal violência, testemunhando o assassinato de seus próprios
irmãos. Aos 17 anos renunciou a todas as honrarias para ingressar na Companhia
de Jesus. Mesmo com a saúde fragilizada, diante de uma epidemia em Roma
ocorrida na última década do século XVI, colocou-se a serviço dos contaminados.
Contraindo ele mesmo a doença, com apenas 23 anos, morreu vítima de sua
caridade e zelo pelos sofredores. Luís Gonzaga, além de ser o padroeiro da
juventude e dos seminaristas, São João Paulo II o declarou também patrono das
pessoas contaminadas por vírus e epidemias.
É comovente
a carta que envia à sua mãe, pouco antes de falecer. É uma carta de despedida,
mas cheia de amor e revela, além do carinho e a devoção pela mãe, a profunda
união com Deus que manteve o jovem jesuíta até os últimos instantes de sua
vida. A Igreja, no dia de hoje, propõe a leitura orante desta carta no ofício
das leituras da Liturgia das horas:
Da Carta
escrita por São Luís Gonzaga à sua mãe.
(Acta
Sanctorum, Iuni,
5,578) (Séc. XVI)
Cantarei
eternamente as misericórdias do Senhor
Ilustríssima senhora, peço que recebas a graça do Espírito Santo e a sua
perpétua consolação. Quando recebi tua carta, ainda me encontrava nesta região
dos mortos. Mas agora, espero ir em breve louvar a Deus para sempre na terra
dos vivos. Pensava mesmo que a esta hora já teria dado esse passo. Se é
caridade, como diz São Paulo, chorar com os que choram e
alegrar-se com os que se alegram (cf. Rm 12,15), é preciso, mãe
ilustríssima, que te alegres profundamente porque, por teus méritos, Deus me
chama à verdadeira felicidade e me dá a certeza de jamais me afastar do seu
temor.
Na verdade, ilustríssima senhora, confesso-te que me perco e arrebato quando
considero, na sua profundeza, a bondade divina. Ela é semelhante a um mar sem
fundo nem limites, que me chama ao descanso eterno por um tão breve e pequeno
trabalho; que me convida e chama ao céu para aí me dar àquele bem supremo que
tão negligentemente procurei, e me promete o fruto daquelas lágrimas que tão
parcamente derramei.
Por conseguinte, ilustríssima senhora, considera bem e toma cuidado em não
ofender a infinita bondade de Deus. Isto aconteceria se chorasses como morto
aquele que vai viver perante a face de Deus e que, com sua intercessão, poderá
auxiliar-te incomparavelmente mais do que nesta vida. Esta separação não será
longa; no céu nos tornaremos a ver. Lá, unidos ao autor da nossa salvação,
seremos repletos das alegrias imortais, louvando-o com todas as forças da nossa
alma e cantando eternamente as suas misericórdias. Se Deus toma de nós aquilo
que havia emprestado, assim procede com a única intenção de colocá-lo em lugar
mais seguro e fora de perigo, e nos dar aqueles bens que desejamos dele
receber.
Disse tudo isto, ilustríssima senhora, para ceder ao desejo que tenho de que tu
e toda a minha família considereis minha partida como um feliz benefício. Que a
tua bênção materna me acompanhe na travessia deste mar, até alcançar a margem
onde estão todas as minhas esperanças. Escrevo isto com alegria para dar-te a
conhecer que nada me é bastante para manifestar com mais evidência o amor e a
reverência que te devo, como um filho à sua mãe.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário