Nós pedimos as luzes do Espírito
Santo por toda a Igreja para que anuncie a Palavra de Jesus no mundo de hoje,
marcados por conflitos e por esperanças na unidade com o Pai, Deus Uno e Trino.
Dom Vital
Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Fausto de
Riez foi bispo (Riez), na Província romana da Gália, século V e defensor da
doutrina de Nicéia em favor do Filho que é Deus como o Pai sendo este autor, um
lutador contra o arianismo. Ele elaborou no fim de sua vida uma obra muito
importante: o Espírito Santo, estando contra a heresia pneumatológica
proveniente dos grupos macedonianos que negavam a divindade do Espírito Santo,
de modo que ele defendeu a sua natureza divina[1]. Nós pedimos as luzes do
Espírito Santo por toda a Igreja para que anuncie a Palavra de Jesus no mundo
de hoje, marcados por conflitos e por esperanças na unidade com o Pai, Deus Uno
e Trino.
O Espírito
Santo e o Símbolo
Fausto
iniciou o seu argumento colocando a fé católica que se difundiu no mundo
através da ação do Espírito Santo que a insinuava em seus corações pelos
artigos salvíficos do Símbolo apostólico[2]. Ele reforçou a formação na
catequese dando vida nova aos membros que ingressavam na vida da comunidade e
na Igreja. O bispo de Riez teve presentes os trezentos e dezoito participantes
do Concílio de Nicéia que condenaram Ário e Macedônio ao afirmar a fé em Deus
Pai e em Deus Filho e em Deus Espírito Santo, a fé no Deus Uno e Trino[3].
O Espírito
é de natureza divina
Fausto
criticou Macedônio por ele não ter presente que o Espírito é de natureza
divina. A prova está na encarnação do Verbo de Deus que foi concebido no seio
virginal de Maria por obra do Espírito Santo. Ele também reforçou a doutrina da
criação colocando o Pai e o Filho, como Deus, Senhor do Universo[4].
O Espírito
Santo em Jesus
Fausto
disse que o Espírito Santo vem do Pai assim como Jesus tinha dito e ele desceu
sobre o Senhor Jesus assim como já falou Isaias: “Espírito de sabedoria e
entendimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e
piedade”(Is 11,2). Em outra passagem, a Sagrada Escritura disse que o Espírito
do Senhor desceu sobre o Salvador pela boca de Isaias: “O Espírito do Senhor
está sobre mim” (Is 61,1)[5]. A Palavra de Deus continua a dizer sobre a
presença do Espírito Santo em Jesus: “Eis que o céu se abriu e Jesus viu o
Espírito de Deus descendo sobre ele como uma pomba”(Mt 3,16) e “Jesus voltou do
Jordão cheio do Espírito Santo” (Lc 4,1)[6]. O Espírito Santo estava em
Jesus na obra evangelizadora e no anúncio do Reino de Deus.
O Espírito
do Pai é o Espírito Santo
Segundo o
bispo de Riez os evangelhos têm presentes que o Espírito do Pai é o Espírito
Santo. Isto é bem evidenciado nos evangelistas sinóticos: “Não sereis vós que
falareis, mas o Espírito de vosso Pai que falará através de vós”(Mt 10,20);
“Diga o que será concedido para dizer naquele momento. Com efeito, não sereis
vós a falar, mas o Espírito Santo”(Mc 13,11); “Não vos preocupeis com o que
tendes a dizer e como direis. Pois, naquele momento, o Espírito Santo vos
ensinará o que dizer” (Lc 12,11)[7]. O Espírito Santo iluminará as pessoas nos
contextos de paz mas sobretudo, de perseguições da Igreja para dar o bom
testemunho de Jesus Cristo diante das autoridades e do mundo.
Dedo de
Deus
O Espírito
Santo é dito pelo Evangelho dedo de Deus. Jesus disse aos fariseus e doutores
da Lei: “Se eu expulso demônios é pelo dedo de Deus” (Lc 11,20). Contra os
macedonianos que afirmavam a sua inferioridade em relação às outras duas
Pessoas divinas, ou mesmo eles negavam a divindade do Espírito Santo, Fausto
afirmou que tal expressão não significou uma diminuição na glória da Pessoa do
Espírito Santo, mas a unidade da substância, e que a Ele não existe uma honra
diferente, mas uma concórdia em ação[8]. A passagem da Escritura usa a
expressão dedo para significar a Trindade: “Eu contemplo o céu como obra de
teus dedos” (Sl 8,4) de modo que não se afirma a menção de um dedo apenas, mas
no plural, tendo presente a igualdade das três Pessoas divinas[9].
O Espírito
é o distribuidor dos carismas
O Espírito
Santo distribui carismas celestiais e é o dispensador de santificações (1 Cor
12,7). As suas grandes obras se manifestaram também no Antigo Testamento como
aos patriarcas, aos profetas, aos santos, eleitos, para que pela perfeição dos
dons, todas as pessoas beneficiadas compreendessem a dignidade do doador, o
Espírito Santo[10]. É claro que é a Trindade indivisível que distribui a todos
os dons mais admiráveis e perfeitos a fim de predispor o ser humano à
salvação[11]
Pentecostes
Seguindo a
Palavra de Deus, Fausto afirmou que o Espírito Santo desceu após a Ascensão do
Senhor sobre os seus discípulos para aumentar e completar seus benefícios e
fazer os discípulos missionários do Senhor (cf. At 2,1-2)[12]. Jesus disse aos
seus discípulos que o Espírito da verdade que o Pai enviará, será no nome de
Jesus (Jo 14,26). Jesus também disse: “Se eu não for, o Paráclito não virá a
vós” (Jo 16,7). Sendo assim mencionado Ele é Deus, contra os macedonianos,
destinado a confirmar os dons no lugar de Deus[13]. A palavra Paráclito possui
um duplo significado: advogado em relação à Pessoa do Filho ou também
Consolador, em referência ao Espírito Santo[14].
O Espírito
Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. A sua ação continua na
vida familiar, eclesial, comunitária e social. Ele inspira pessoas e a própria
Igreja para que viva bem os dons da profecia, do sacerdócio e do pastoreio em
unidade com o Filho e o Pai, formando assim a Deus Uno e Trino. Ele inspira a
Igreja para viver a encarnação do Verbo de Deus em unidade com o Pai no mundo
de hoje. Ele nos ajuda a amar o mandamento do Senhor no amor a Deus, ao próximo
como a si mesmo, neste mundo e um dia nós tenhamos a graça de participar da
vida eterna.
[1] Cfr.
Fausto de Riez. O Espírito Santo. São Paulo, Paulus, 2024.
[2]
Cfr. Idem, Livro 1,1, pg. 47.
[3] Cfr. Ibidem,
pgs. 47-48.
[4]
Cfr. Ibidem, pg. 51.
[5]
Cfr. Ibidem, pgs. 57-58.
[6]
Cfr. Ibidem, pg. 58.
[7]
Cfr. Ibidem, pg. 58.
[8]
Cfr. Ibidem, pg. 60.
[9][9]
Cfr. Ibidem, pg. 60.
[10]
Cfr. Ibidem, pgs. 64-65.
[11]
Cfr. Ibidem, pgs. 65-66.
[12]
Cfr. Ibidem, pg. 66.
[13]
Cfr. Ibidem, pg. 66.
[14]
Cfr. Ibidem, pgs. 66-67.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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