FESTAS JUNINAS, EXPRESSÕES VIVAS DE ALEGRIA, AMIZADE SOCIAL E CONVIVIALIDADE FRATERNA
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O ciclo Pós-Pentecostes apresenta uma variada
galeria de Santos populares, que geraram em torno a sua proximidade e
intercessão com os fiéis festas e costumes que integram e valorizam as
comunidades. Já Harvey Cox tinha estudado nas festas do medievo a sua
importância social de coesão, esperança, e porque não dizer de verdadeira cura
e reconciliação para o povo mais humilde.
Surge assim um rico e variado folclore
registrado pela antropologia religiosa que dá destaque a dádiva, gratuidade,
acolhida e convívio fraterno. Basta dizer o número de feriados religiosos que
haviam para tomar conhecimento de que longe de serem povos submetidos ao medo e
a tristeza denotavam alegria de viver, compartilhamento e um senso de
solidariedade comunitária muito apurado.
Hoje pode-se afirmar que embora tenha-se
perdido um pouco da religiosidade vertical e marcante em todas as atividades, o
espírito do que Yung chamara inconsciente religioso coletivo e para nós memória
e patrimônio cultural-celebrativo que constitui a alma de um povo, tem raízes
firmes e profundas em várias regiões dos nossos municípios do interior e na
nossa cidade.
Especialmente as festas juninas acontecem
espontaneamente organizadas por pessoas das comunidades que reavivam tradições
vivas nunca esquecidas que guardam um verdadeiro tesouro simbólico que resiste
o tempo e descortina sempre o mistério de Deus, da vida e da própria condição
humana.
Num tempo de incertezas e de um individualismo
centrífugo, revisitar e participar destas festas não só nos desperta
lembranças e recordações esplêndidas, mas significam como uma lufada de
liberdade interior e senso familiar e comunitário que nos humaniza e nos faz
retomar a inocência das coisas belas de inestimável valor.
Precisamos mais de festas, de convivência social
para retecer e curar os relacionamentos calcificados pelo ódio, a desavença e a
polarização de todo tipo. O cristão é um ser festivo, porque sonha e tem no
coração a esperança que não decepciona, e que dá sentido a história dando-lhe
um horizonte de eternidade, Cristo a Alegria dos homens e de todas as
criaturas. Louvado seja Deus!
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