Na audiência com os
participantes na Plenária do Dicastério para o Clero, o Papa sublinhou três
aspectos: a formação, a atenção às vocações e o ministério do diaconato
permanente sobre cuja identidade está em curso uma reflexão: "Permanecer
atentos aos sinais do Espírito, amadurecer na dimensão humana e espiritual,
encontrar as linguagens adequadas para evangelização".
Adriana
Masotti/Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa
Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (06/06), na Sala Clementina,
no Vaticano, os participantes da plenária do Dicastério para o Clero, centrada
em três aspectos: a formação permanente dos sacerdotes, a promoção das vocações
e o diaconato permanente. No seu discurso, o Pontífice sublinhou a importância
de os sacerdotes viverem numa rede de relações fraternas porque “o caminho não
se faz sozinho” e recomendou a criatividade e a escuta do Espírito para
enfrentar os desafios do presente.
A gratidão
do Papa
O Papa saudou
com afeto os participantes da audiência, aproveitando a ocasião para expressar
a sua gratidão aos sacerdotes e diáconos de todo o mundo:
Muitas
vezes alertei contra os riscos do clericalismo e da mundanidade espiritual, mas
sei bem que a grande maioria dos sacerdotes faz o possível com tanta
generosidade e espírito de fé para o bem do povo santo de Deus, carregando o
peso de muitos esforços e enfrentando desafios pastorais e espirituais que às
vezes não são fáceis.
A formação
recebida no Seminário não é suficiente
Francisco
disse uma palavra sobre cada um dos três temas sobre os quais se desenvolveu o
trabalho da Plenária, começando pelo tema central da formação dos sacerdotes.
Uma formação que, sublinhou, deve ser permanente, ainda mais num mundo em
constante mudança como o atual. Portanto, não é possível pensar que a formação
recebida no Seminário seja suficiente.
Em vez
disso, somos chamados a consolidar, fortalecer e desenvolver o que temos no
Seminário, num caminho que nos ajude a amadurecer na dimensão humana, a crescer
espiritualmente, a encontrar as linguagens adequadas para a evangelização, a
aprofundar o que precisamos para enfrentar adequadamente as novas questões do
nosso tempo.
Muitos
sacerdotes estão muito sozinhos
A questão
da solidão que muitas vezes é vivida pelos sacerdotes é fundamental para
Francisco. "O caminho não se faz sozinho", afirmou, notando quantos
sacerdotes não podem contar com a "graça do acompanhamento" e com o
"salva-vidas" representado pelo "sentimento de pertença".
Tecer uma
forte rede de relações fraternas é uma tarefa prioritária da formação
permanente: o bispo, os sacerdotes entre si, as comunidades com os seus
pastores, os religiosos e as religiosas, as associações, os movimentos: é
indispensável que os sacerdotes se sintam "em casa". Vocês, como
Dicastério, já começaram a tecer uma rede global: recomendo que façam tudo o
que puderem para garantir que esta onda continue e dê frutos em todo o mundo.
Não se
resignar com a queda das vocações
A queda das
vocações sacerdotais e da vida consagrada é “um dos grandes desafios do Povo de
Deus”, observou o Papa, mas a crise diz respeito também às vocações para o
matrimônio. Por isso, explicou, nas últimas mensagens para o Dia Mundial de
Oração pelas Vocações, o olhar se voltou para “todas as vocações cristãs”, em
particular para a “vocação fundamental que é o discipulado” que une todos os
batizados. O Pontífice advertiu:
Não podemos
nos resignar ao fato de que para muitos jovens a hipótese de uma oferta radical
de vida tenha desaparecido do horizonte. Em vez disso, devemos refletir juntos
e permanecer atentos aos sinais do Espírito e esta tarefa também vocês podem
realizar graças à Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Convido-os a
reativar esta realidade, de uma maneira adequada aos nossos tempos.
A
contribuição para a reflexão sobre o diaconato permanente
Em seguida,
o Papa abordou o terceiro tema da assembleia plenária: o diaconato permanente,
cuja “identidade específica” é frequentemente questionada hoje. O convite é
para contribuir com a reflexão sobre esse ministério, conforme recomendado pelo
Relatório de Síntese da Primeira Sessão da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo
dos Bispos, em outubro passado, concentrando-se na “diaconia da caridade e do
serviço aos pobres”.
Acompanhar
essas reflexões e desenvolvimentos é uma tarefa muito importante de seu
Dicastério. Eu os encorajo a trabalhar para isso e a empregar todas as forças
necessárias.
Por fim, Francisco convidou a trabalhar sempre “para que o povo de Deus tenha pastores segundo o coração de Cristo”, acompanhados por Maria, “modelo de toda vocação”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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