Cap. 43 - Do sepulcro para a vida (a ressurreição
de Lázaro)
É um dia
cheio de luz. Eles caminham em silêncio, todos juntos. De repente, Jesus tomou
os Doze a sós e lhes disse, enquanto caminhavam: “Eis que estamos subindo a
Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e
escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para ser
escarnecido, açoitado e crucificado. Mas no terceiro dia ressuscitará”.
Um anúncio
de seu iminente sofrimento. Enquanto isso, em Betânia, na casa de seus amigos,
a vida de Lázaro está sendo consumida, assistida por suas irmãs Marta e Maria.
Ele foi acometido de uma infecção que, em poucos dias, o imobilizou na cama,
vítima de febre alta e dores intensas. De nada adiantaram os remédios de seus
vizinhos e os médicos que as irmãs do enfermo haviam trazido de Jerusalém.
"Se Jesus estivesse aqui!", repetiam as duas jovens com frequência.
"Digam a Jesus que eu o amo", repetia Lázaro com frequência. Graças a
um grupo de comerciantes a caminho de Jerusalém, Marta e Maria ficam sabendo
que o Mestre está do outro lado do Jordão e, por isso, mandam então dizer a
Jesus: “Senhor, aquele que amas, está doente”. A essa notícia Jesus
disse: “Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por
ela, seja glorificado o Filho de Deus”. A resposta aos mensageiros de
Betânia acalma os discípulos. Seus amigos acreditam que Lázaro seria curado
graças às suas orações. Portanto, mais dois dias se passam. Nesse meio tempo,
na casa de seus amigos em Betânia, Lázaro morre e é enterrado em um sepulcro
escavado na rocha não muito longe do povoado.
Na manhã do
terceiro dia, o Nazareno diz: “Vamos outra vez até a Judeia!”. “Nosso amigo
Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. Os discípulos responderam: “Senhor, se ele
está dormindo, vai se salvar!”. Jesus, porém, falara de sua morte e eles
julgaram que falasse do repouso do sono. Então Jesus lhes falou claramente:
“Lázaro morreu. Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que
creiais. Mas vamos para junto dele!”.
Portanto,
partem em viagem. Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia
quatro dias... Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro;
Maria, porém, continuava sentada em casa.
Ela o
alcança já nas portas do vilarejo. Seu rosto está cheio de lágrimas.
Disse a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria
morrido”. Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá”.
Disse-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. “Sei, disse Marta, que ele
ressuscitará na ressurreição, no último dia!”. Disse-lhe Jesus: “Eu sou a
ressureição, Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim
jamais morrerá. Crês nisso?”. Disse ela: Sim, Senhor, eu creio que tu és o
Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”.
Marta
respondeu com o ímpeto do coração: Tendo dito isso, afastou-se e chamou
sua irmã Maria, dizendo baixinho: “O Senhor está aqui e te chama!”. Esta,
ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. Jesus não entrara ainda no
povoado, mas estava no lugar em que Marta o fora encontrar. Muita gente a
segue.
Quando
chega ao lugar onde Jesus estava, vendo-o, prostrou-se a seus pés e lhe
disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. Quando Jesus
a viu chorar, comoveu-se interiormente e ficou conturbado. E perguntou: “Onde o
colocastes?”. Responderam-lhe: “Senhor, vem e vê”. Jesus chorou.
O Nazareno
se aproxima do sepulcro: era uma gruta, com uma pedra sobreposta. Disse
Jesus: “Retirai a pedra!”. Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já
cheira mal: é o quarto dia!”. Disse-lhe Jesus: “Não te disse que, se creres,
verás a glória de Deus?”. Retiraram, então, a pedra.
Eles
obedecem, embora não entendam por que fazia isso. Quatro homens fortes, amigos
de Lázaro, não sem dificuldade rolam a pedra.
Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: “Pai, dou-te graças porque me
ouviste. Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que
me rodeia, para que creiam que me enviaste”. Tendo dito isso, gritou em voz
alta: “Lázaro, vem para fora!”.
Lázaro
emerge sorrindo, com o olhar fixo em Jesus. Não há cheiro de morte, mas perfume
de vida.
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