A catequese de Francisco, na
Audiência Geral, foi dedicada à trágica realidade da dependência de drogas no
âmbito do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas
celebrado nesta quarta-feira, 26 de junho. Segundo o Papa, "a redução da
dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu
consumo, isto é uma ilusão". O Pontífice definiu os traficantes como
"assassinos e traficantes de morte".
Mariangela
Jaguraba - Vatican News
Nesta
quarta-feira (26/06), Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de
Drogas, o Papa Francisco dedicou sua catequese, na Audiência Geral, a este
tema.
O Dia
Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas foi instituído pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 1987. O tema deste ano é "A
evidência é clara: investir na prevenção".
João Paulo
II e Bento XVI sobre as drogas
São João
Paulo II afirmou que "o abuso de drogas empobrece todas as comunidades
onde está presente. Diminui a força humana e a fibra moral. Isso prejudica os
valores estimados. Destrói o desejo de viver e contribuir para uma sociedade
melhor". Francisco recordou que quem faz uso de drogas "traz consigo uma
história pessoal diferente, que deve ser ouvida, compreendida, amada e, na
medida do possível, sanada e purificada". Os usuários de drogas
"continuam tendo uma dignidade enquanto pessoas filhas de Deus”. "Todo
mundo tem dignidade", acrescentou o Papa.
"No
entanto, não podemos ignorar as intenções e más ações dos distribuidores e
traficantes de drogas. Eles são assassinos", sublinhou
Francisco, recordando que o Papa Bento XVI usou palavras
severas durante sua visita à comunidade terapêutica "Fazenda da
Esperança", no Brasil, em 12 de maio de 2007. Assim
disse Bento XVI: “Digo aos que comercializam a droga que pensem no mal que
estão provocando a uma multidão de jovens e de adultos de todos os segmentos da
sociedade: Deus vai exigir de vocês satisfações. A dignidade humana não pode
ser espezinhada desta maneira”.
Pôr fim à
produção e ao tráfico
Segundo o
Papa, "a redução da dependência de drogas não pode ser alcançada
através da liberalização do seu consumo, isto é uma ilusão, como foi
proposto por alguns, ou já implementado, em alguns países. Se for liberalizada
o consumo será maior".
“Tendo conhecido muitas
histórias trágicas de usuários de drogas e suas famílias, estou convencido de
que é moralmente necessário pôr fim à produção e ao tráfico destas substâncias
perigosas.”
Quantos
traficantes de morte existem, porque os traficantes de drogas são traficantes
de morte! - quantos traficantes de morte existem, movidos pela lógica do poder
e do dinheiro a qualquer custo! Esta praga, que produz violência e semeia
sofrimento e morte, exige um ato de coragem de toda a nossa sociedade.
A prevenção
para combater o abuso e o narcotráfico
"A
produção e o tráfico de drogas também têm um impacto destrutivo na nossa casa
comum", disse ainda o Papa, sublinhando que "isto tem se tornado cada
vez mais evidente na bacia amazônica".
“Outra forma prioritária de
combater o abuso e o narcotráfico é a prevenção, que se faz promovendo maior
justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida pessoal e
comunitária, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança para o
futuro.”
O trabalho
da Igreja
O Pontífice
disse que em suas viagens em várias dioceses e países ele visitou
"diversas comunidades de recuperação inspiradas no Evangelho".
"São um testemunho forte e esperançoso do compromisso dos sacerdotes, das
pessoas consagradas e dos leigos em pôr em prática a parábola do Bom
Samaritano. Do mesmo modo, sinto-me confortado pelos esforços empreendidos por
diversas Conferências Episcopais para promover legislação e políticas justas
relativas ao tratamento das pessoas dependentes do consumo de drogas e à
prevenção para deter este flagelo", disse ainda Francisco.
O Papa
citou como exemplo a rede da Pastoral latino-americana de
Acompanhamento e Prevenção das Dependências (PLAPA). "O estatuto
desta rede reconhece que 'a dependência do álcool, das substâncias psicoativas
e de outras formas de dependência (pornografia, novas tecnologias, etc.) é um
problema que nos afeta indistintamente, para além da diversidade dos contextos
geográficos, sociais, culturais, religiosos e etários. Apesar das diferenças,
queremos organizar-nos como rede: partilhar experiências, o entusiasmo e as
dificuldades'".
Francisco
mencionou também os Bispos da África Austral, que em novembro de 2023
convocaram um encontro sobre o tema “Capacitar os jovens como agentes
de paz e de esperança”. Os representantes da juventude presentes na reunião
reconheceram aquela assembleia como um “marco significativo para uma juventude
saudável e ativa em toda a região”. Prometeram ainda: “Aceitamos o papel de
Embaixadores e Defensores que vão lutar contra o uso de substâncias. Pedimos a
todos os jovens que tenham empatia uns com os outros em todos os momentos”.
Não ficar
indiferentes
“Queridos irmãos e irmãs,
perante a trágica situação da dependência de drogas de milhões de pessoas em
todo o mundo, perante o escândalo da produção e do tráfico ilícito de drogas,
“não podemos ficar indiferentes. O Senhor Jesus parou, fez-se próximo, curou as
feridas.”
Seguindo
"o estilo da sua proximidade, também nós somos chamados a agir, a parar
diante de situações de fragilidade e de dor, a saber escutar o grito da solidão
e da angústia, a inclinar-nos para levantar e reconduzir a uma nova vida
aqueles que caem na escravidão das drogas". "Rezemos
também pelos criminosos que gastam e fornecem drogas aos jovens: são
criminosos, são assassinos. Rezemos por sua conversão", disse ainda o
Papa.
Por fim,
neste Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, Francisco
convidou a renovar "como cristãos e comunidades eclesiais o nosso
compromisso de oração e de combate às drogas".
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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