A Inteligência Artificial foi o
tema do discurso do Papa aos participantes de um evento promovido pela Fundação
"Centesimus Annus Pro Pontifice". E fez uma provocação: “Estamos
certos de querer continuar a chamar 'inteligência' o que inteligência não é?
Vamos pensar nisso e questionemo-nos se o uso impróprio desta palavra assim tão
importante, tão humana, não seja já um cedimento ao poder tecnocrático”.
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O Papa
recebeu em audiência os participantes da Conferência anual Internacional da
Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice. O tema em debate é “A
Inteligência Artificial e o paradigma tecnocrático: como promover o bem-estar
da humanidade, o cuidado com a criação e um mundo de paz”.
Para
Francisco, é um tema que merece atenção, porque a IA influencia de modo
impetuoso a economia e a sociedade e pode ter impactos negativos sobre a
qualidade de vida, sobre as relações entre pessoas, entre países e relações
internacionais, e a casa comum.
O Pontífice
citou o termo “algorética”, utilizado em sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz
deste ano, que indica a absoluta necessidade de um desenvolvimento ético dos
algoritmos, em que sejam os valores a orientar os percursos das novas
tecnologias. Citou ainda seu recente discurso no G7, em que ressaltou a
importância de que a Inteligência Artificial permaneça um instrumento nas mãos
do homem. Do contrário, poderia reforçar o paradigma tecnocrático e a cultura
do descarte, delegando a máquinas decisões essenciais para a vida dos seres
humanos. Portanto, encorajou um uso ético da IA e convidou a política a adotar
ações concretas para governar o processo tecnológico em direção à fraternidade
universal e à paz.
Já o famoso
físico Stephen Hawking alertava para os riscos da IA, que poderia inclusive
acabar com a raça humana, dizia ele. “É isso que queremos?”, perguntou o
Pontífice, que prosseguiu com outro questionamento:
“A Inteligência Artificial serve
para satisfazer as necessidades da humanidade, melhorar o bem-estar e o
desenvolvimento integral das pessoas ou para enriquecer e aumentar o já elevado
poder dos poucos gigantes tecnológicos não obstante os perigos para a
humanidade? É esta a pergunta basilar.”
Por isso, o
Papa propôs alguns pontos para a reflexão, como a necessidade de aprofundar o
tema da responsabilidade das decisões tomadas usando a IA, a regulamentação, as
mudanças no sistema educativo, profissional e de segurança e a quantidade de
energia que o uso dessa tecnologia requer, já que a humanidade está enfrentando
uma delicada transição energética.
“Não
devemos perder a ocasião de pensar e agir num modo novo com a mente, o coração
e as mãos”, afirmou o Pontífice.
E Francisco
concluiu com uma provocação: “Estamos certos de querer continuar a chamar
‘inteligência' o que inteligência não é? É uma provocação. Vamos pensar nisso e
vamos nos questionar se o uso impróprio desta palavra assim tão importante, tão
humana, não seja já um cedimento ao poder tecnocrático”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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