Para o Dia Mundial de Oração
pelo Cuidado da Criação, Francisco propõe repensar a questão do poder humano,
do seu significado e dos seus limites, "pois um poder descontrolado gera
monstros e volta-se contra nós mesmos".
Vatican
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"Espera
e age com a criação" é o tema do Dia de Oração pelo Cuidado da Criação,
que se realizará no próximo 1 de setembro.
A mensagem do Papa para
a ocasião foi divulgada esta quinta-feira (27/06), e refere-se à Carta de São
Paulo aos Romanos 8, 19-25. O Apóstolo, ao esclarecer o significado de viver
segundo o Espírito, concentra-se na esperança firme da salvação pela fé, que é
vida nova em Cristo.
Para
Francisco, a esperança é a possibilidade de permanecer firme no meio das
adversidades, de não desanimar nos momentos de tribulação ou diante da barbárie
humana.
A esperança
cristã não desilude, mas também não ilude, ressalva o Papa. A criação geme e o
vemos através de tanta injustiça, tantas guerras fratricidas que provocam a
morte de crianças, destroem cidades, poluem o ambiente em que vive o homem.
A luta
moral dos cristãos está ligada ao “gemido” da criação, que está sujeita à
dissolução e à morte, agravadas pelos abusos humanos sobre a natureza.
Por isso,
permanece válido o convite à conversão dos estilos de vida, a resistir à
degradação humana do meio ambiente e a manifestar aquela crítica social que é,
em primeiro lugar, testemunho da possibilidade de mudança.
Esta
conversão, explica Francisco, consiste em passar da arrogância de quem quer
dominar os outros e a natureza à humildade de quem cuida dos outros e da
criação. E cita a famosa frase da Exortação Apostólica Laudate Deum: “Um ser
humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si
mesmo”.
O Papa
propõe que se repense a questão do poder humano, do seu significado e dos seus
limites, pois um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós
mesmos.
O Pontífice
volta a afirmar que é urgente colocar limites éticos ao desenvolvimento da
inteligência artificial, que com a sua capacidade de cálculo e de simulação
poderia ser utilizada para dominar o homem e a natureza, em vez de estar ao
serviço da paz e do desenvolvimento integral.
De
“predador”, portanto, o homem deve ser “cultivador” do jardim. Já a tradição
judaico-cristã recorda que terra está confiada ao homem, mas continua a ser de
Deus. Por isso, pretender possuir e dominar a natureza, manipulando-a a seu
bel-prazer, é uma forma de idolatria.
“É o homem
embriagado com o seu próprio poder tecnocrático, que com arrogância coloca a
terra numa condição de ‘des-graça’, isto é, privada da graça de Deus”, escreve
Francisco.
Por
conseguinte, a salvaguarda da criação não é apenas uma questão ética, mas é
eminentemente teológica: diz respeito ao entrelaçamento entre o mistério do
homem e o mistério de Deus. Nesta história, não está em jogo apenas a vida
terrena do homem, está sobretudo em jogo o seu destino na eternidade.
O Papa
recorda que há uma motivação transcendente (teológico-ética) que compromete o
cristão a promover a justiça e a paz no mundo, também através do destino
universal dos bens.
Esperar e
agir com a criação significa, então, viver uma fé encarnada, que sabe entrar na
carne sofredora e esperançosa das pessoas, partilhando a expectativa da
ressurreição corporal a que os fiéis estão predestinados em Cristo.
É no
interior dos dramas da carne humana que sofre que a esperança deve ser
testemunhada. E se alguém sonha, afirma Francisco, “então que sonhe com os
olhos abertos, animados por visões de amor, fraternidade, amizade e justiça
para todos”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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