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sábado, 22 de junho de 2024

Trabalho de Deus (1)

Fotografias do artigo sob licença Creative Commons de (por ordem de aparição): catdancing, ciro_40tokyo, danncer, moriza, drp | Opu Dei

Trabalho de Deus

“Não vos digo: abandonai a cidade e afastai-vos dos negócios. Não. Permanecei onde estais, mas praticai a virtude”. Isso dizia um santo do século quarto e o repetia São Josemaria ao proclamar que Deus nos espera na vida cotidiana e no trabalho bem feito.

24/05/2010

São Josemaria Escrivá costumava falar da antiga novidade da mensagem que recebeu de Deus: antiga como o Evangelho e, como o Evangelho, nova [1]. Antiga, pois o espírito do Opus Dei é aquele que viveram os primeiros cristãos, que se sabiam chamados à santidade e ao apostolado sem saírem do mundo, nas suas ocupações e tarefas diárias. Por isso, a maneira mais fácil de entender o Opus Dei é pensar na vida dos primeiros cristãos. Viviam a sério sua vocação cristã, procuravam seriamente a perfeição, a que estavam chamados pelo fato, simples e sublime, do batismo [2].

Enchia de alegria o fundador do Opus Dei encontrar trechos desta mensagem nos escritos dos primeiros Padres da Igreja. Bem claras a esse respeito são as palavras que São João Crisóstomo dirige aos fiéis no século IV: “Não vos digo: abandonai a cidade e afastai-vos dos negócios. Não. Permanecei onde estais, mas praticai a virtude. Para dizer a verdade, quisera antes que brilhassem pela sua virtude os que vivem no meio das cidades, que os que foram viver nos montes. Porque disso se seguiria um bem imenso, já que ninguém acende uma luz e a coloca debaixo do alqueire... E não me digas: tenho filhos, tenho mulher, tenho que cuidar da casa e não posso cumprir o que me dizes. Se nada disto tivesses e fosses tíbio, tudo estava perdido; mesmo quando tudo isso te rodear, se fores fervoroso, praticarás a virtude. Só uma coisa é necessária: uma disposição generosa. Se ela existe, nem idade, nem pobreza, nem riqueza, nem negócios nem qualquer outra coisa pode constituir um obstáculo à virtude. E, na verdade, velhos e jovens, pais de família, artesãos e soldados, cumpriram tudo o que foi mandado pelo Senhor. Davi era jovem; José, escravo; Áquila era artesão; a vendedora de púrpura estava à frente do seu comércio; outro era guarda de uma prisão; outro, centurião como Cornélio; outro estava doente, como Timóteo; outro era um escravo fugitivo, como Onésimo. No entanto, nada disso foi obstáculo para nenhum deles e todos brilharam pela sua virtude: homens e mulheres, jovens e velhos, escravos e livres, soldados e civis” [3].

“O SENHOR QUER ENTRAR EM COMUNHÃO DE AMOR COM CADA UM DOS SEUS FILHOS NA TRAMA DAS OCUPAÇÕES DE CADA DIA, NO CONTEXTO ORDINÁRIO EM QUE SE DESENVOLVE A EXISTÊNCIA” (JOÃO PAULO II)

As circunstâncias da vida cotidiana não são obstáculo, mas matéria e caminho de santificação. Com as fraquezas e defeitos de cada um, como aqueles primeiros discípulos, cidadãos cristãos que querem corresponder cabalmente às exigências da sua fé [4]. O espírito do Opus Dei dirige-se a cristãos que não precisam sair do seu lugar para encontrar e amar Deus, justamente porque – como recordou João Paulo II glosando o ensinamento de São Josemaria – “o Senhor quer entrar em comunhão de amor com cada um dos seus filhos na trama das ocupações de cada dia, no contexto ordinário em que se desenvolve a existência”[5].

Por isso, exclamava o nosso Padre: Ao suscitar nestes anos a sua Obra, o Senhor quis que nunca mais se desconheça ou se esqueça a verdade de que todos devem santificar-se e de que compete à maioria dos cristãos santificar-se no mundo, no trabalho ordinário. Por isso, enquanto houver homens na terra, existirá a Obra. Sempre se produzirá este fenômeno: que haja pessoas de todas as profissões e ofícios, que procurem a santidade no seu estado, na profissão ou no seu ofício, sendo almas contemplativas no meio da rua [6].

J. López

___________

Bibliografia:

[1] Questões atuais do Cristianismo, n. 24.

[2] Idem.

[3] São João Crisóstomo, In Matth. hom., XLIII, 5.

[4] Questões atuais do Cristianismo, n. 24.

[5] João Paulo II, Alocução na Audiência aos participantes no Congresso "A grandeza da vida cotidiana", 12-01-2002, n. 2.

[6] De nosso Padre, Carta 9-01-1932, nn. 91-92. Citado em O Fundador do Opus Dei, p. 304.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF