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terça-feira, 25 de junho de 2024

Um grande cristão (1)

A igreja de São Marcos, em Rovereto, onde Rosmini foi batizado em 25 de março de 1797; Rosmini foi pároco dessa mesma igreja, de 1834 a 1835, mas antes, em setembro de 1823, organizou nela o Panegírico à santa e gloriosa memória de Pio VII | 30Giorni

Arquivo 30Dias - 09/2007

Um grande cristão

Entrevista com o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos: “Beatifica-se uma límpida figura sacerdotal, que ofereceu toda a sua pessoa a Jesus e à Igreja. Que sofreu por isso. Uma figura que foi guia e conforto para muitos cristãos que vieram depois dele”.

Entrevista com o cardeal José Saraiva Martins de Gianni Cardinale

“Estou realmente contente pelo fato de Antonio Rosmini ser finalmente elevado à glória dos altares. Estou contente pela Igreja e, se me permitem, também pessoalmente. Desde minha época como professor na Pontifícia Universidade Urbaniana, sempre citei com prazer os escritos esclarecedores desse grande, agudo, profético pensador.” O cardeal José Saraiva Martins já está preparando com muito cuidado a homilia que pronunciará em novembro próximo, em Novara, quando presidirá à celebração com a qual o grande sacerdote de Rovereto será inscrito no álbum dos beatos. E não esconde sua satisfação pessoal por ter finalmente chegado esse momento eclesial tão importante. Até porque, realmente, não é todos os dias que um eclesiástico que teve proposições suas condenadas formalmente pelo Santo Ofício recebe uma reabilitação tão completa.

Eminência, por que o senhor parece tão contente por poder presidir à beatificação de Rosmini?
JOSÉ SARAIVA MARTINS: Porque se trata de uma límpida figura sacerdotal, que ofereceu toda a sua pessoa a Jesus e à Igreja. Que sofreu por isso. Uma figura que foi guia e conforto para muitos cristãos que vieram depois dele. Cristãos que pertencem à esfera intelectual, pois Rosmini era um grande pensador, mas também simples fiéis, tocados pelo testemunho dos religiosos e das religiosas das congregações fundadas pelo abade de Rovereto. Rosmini é realmente um cristão que viveu da maneira mais elevada as virtudes humanas e cristãs.

No entanto, no caso de Rosmini, não foi fácil fazer que essas virtudes fossem reconhecidas...
SARAIVA MARTINS: De fato, a causa de beatificação – imagino que o senhor esteja se referindo a isso – foi particularmente complexa. Por uma série de motivos.

Em primeiro lugar, motivos doutrinais.
SARAIVA MARTINS: Realmente, os escritos de Rosmini foram objeto de críticas por parte de outros eclesiásticos, críticas que culminaram no decreto Post obitum, do então Santo Ofício, no qual eram condenadas quarenta proposições extraídas de suas obras. Mas era uma condenação póstuma, posterior a sua morte – post obitum, justamente – e, portanto, Rosmini não pôde se defender; além disso, eram proposições extrapoladas de seu contexto, por isso interpretadas de maneira arbitrária.

Entre os “inimigos” históricos de Rosmini, estão os jesuítas...
SARAIVA MARTINS: São algumas personalidades da Companhia de Jesus da época. Mas os jesuítas, já há bastante tempo, mudaram de opinião. Seu atual preposto-geral, Kolvenbach, escreveu um artigo na revista Filosofia oggi (f. IV/1997) no qual caracteriza Rosmini como um profeta do terceiro milênio. Nesse artigo, Kolvenbach diz: “Ao longo de sua vida, alguns jesuítas, ‘não destacados’, para dizer a verdade, publicaram libelos contra ele. [...] É oportuno lembrar que esses jesuítas, agindo fora das normas de obediência, foram desaprovados pelo preposto-geral, padre Jan Roothaan”. Além disso, há alguns anos, La Civiltà Cattolica publicou um artigo “reparador”, escrito pelo saudoso bispo rosminiano Clemente Riva; é um fato muito inusitado, visto que nessa publicação só aparecem artigos assinados por padres jesuítas.

Padre Cornelio Fabro, crítico não arrependido de Rosmini, escreveu que a mudança de opinião dos jesuítas seria devida a um “complexo de culpa exasperado”.
SARAIVA MARTINS: É verdade que o falecido padre Fabro manteve seu juízo negativo sobre Rosmini. Um juízo respeitável, mas hoje extremamente minoritário.

Seja como for, o fato é que a condenação do decreto Post obitum acabou por ser retirada.
SARAIVA MARTINS: Efetivamente, a Congregação para a Doutrina da Fé, guiada pelo cardeal Ratzinger, estudou de novo a questão rosminiana e estabeleceu que, apesar do decreto Post obitum, nada obstava à beatificação do religioso.

Outro aspecto prejudicial à causa de Rosmini foi o político, com seu ativismo em favor de uma unidade política da Itália e sua aversão ao domínio austríaco, de resto correspondida...
SARAIVA MARTINS: As idéias e opiniões políticas, por si sós, não são determinantes para a beatificação. Na verdade, a Igreja já elevou à glória dos altares o papa Pio IX, que, justamente no campo político, depois de um entendimento inicial, também fez avaliações divergentes das de Rosmini. O que se pode dizer é que a história, depois, encaminhou-se por trilhos que o próprio Rosmini de certa forma imaginara.

Na Positio preparada pelo padre Papa são relacionados testemunhos que nos levariam a pensar em várias tentativas de envenenamento de Rosmini. Todavia, faltam provas seguras nesse sentido. Mas não surpreende que o abade pudesse ser objeto de tentativas de eliminação física

Fonte: https://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF