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quarta-feira, 31 de julho de 2024

O padre progressista fica sem substituto geracional no clero americano, segundo o New York Times

O Clero Mais Jovem, Segundo Uma Pesquisa Com 3.500 Padres Nos Estados Unidos, Prefere A Ortodoxia Foto: InfoVaticana

O clero mais jovem, de acordo com uma pesquisa com 3.500 padres nos Estados Unidos, prefere a Ortodoxia.

29 DE JULHO DE 2024 RAFAEL MANUEL TOVAR

 (ZENIT News / Nova York, 29/07/2024).- Os sacerdotes que se definem como progressistas nas ideias teológicas são quase irrelevantes em número quando comparados com aqueles inclinados à doutrina oficial da Igreja. O clero mais jovem, de acordo com uma pesquisa com 3.500 padres nos Estados Unidos, prefere a Ortodoxia.

Michael Sean Winters se considera um católico progressista, ex-seminarista e colunista do National Catholic Reporter e declara que “há menos liberais com famílias numerosas nas igrejas”. Além disso, os pais com mais filhos geralmente ficam felizes com o surgimento de novas vocações nas suas famílias.

Em Novembro de 2023, o The Catholic Project publicou as conclusões de um estudo nacional sobre padres católicos realizado com a Universidade Católica da América que entrevistou 10.000 padres sobre a tendência dos padres e as suas posições de acordo com a idade.

O estudo mostrou “uma divisão significativa entre a identificação política e teológica dos padres mais velhos e dos mais jovens”.

Os dados indicam que “a parcela de novos padres que se consideram politicamente ‘liberais’ ou teologicamente ‘progressistas’ está em constante declínio e praticamente desapareceu”. Mais da metade dos ordenados desde 2010 expressaram inclinação para a Ortodoxia e nenhum dos ordenados desde 2020 se definiu como “muito progressista”, vendo-se politicamente como “moderado ou conservador”. A maioria dos anciãos considerava-se “politicamente liberal” e “teologicamente progressista”.

A análise de Michael Sean Winters, especializado em informação religiosa, destaca: “Num futuro próximo, o padre católico liberal poderá ser extinto nos Estados Unidos”. Os dados da pesquisa dizem que os progressistas, que já foram 68% dos ordenados, mal representam 1% hoje. A reflexão sobre o relatório acredita que o Concílio Vaticano II e a crise dos abusos sexuais de 2002 marcaram a mudança de tendência.

No New York Times, Ruth Graham escreve que “os jovens padres de hoje não se vêem como uma insurgência conservadora, mas como parte de uma nova geração que abraça os ensinamentos da Igreja em vez de os subestimar, naquilo que consideram uma busca equivocada”. para uma evangelização poderosa.

Os padres e autoridades entrevistados por Ruth Graham no dia 10 de julho corroboram os dados do relatório de novembro. Assim, Brad Vermurlen, professor de sociologia da Universidade de Santo Tomas, em Houston, observa que os ordenados desde 2010 “são claramente os mais conservadores vistos em muito tempo”. E que, desde 1980, cada geração é mais conservadora que a anterior.

Ele observa que a aceitação do "secularismo" na Igreja também veio para "suavizar as expectativas" sobre a ordenação de mulheres, a coabitação pré-marital ou o vestuário apropriado para a missa, "numa tentativa de fazer a Igreja parecer mais acolhedora e Seus ensinamentos eram mais fáceis aceitar. Muitos sacerdotes nos anos 70 e 80 olharam para o mundo e disseram: O mundo está a mudar e nós precisamos de mudar também. A visão não funcionou: perda generalizada de fiéis e baixa prática da fé.

As numerosas conversões deste ano nos Estados Unidos são atribuídas a jovens sacerdotes que são “fiéis, enérgicos e dispostos a fazer qualquer coisa”, segundo Jason Whitehead, diretor de evangelização e catequese da diocese de Fort Worth.

Uma pesquisa realizada pela Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, publicada em 15 de abril, relata que metade dos 400 seminaristas entrevistados para ordenação este ano têm cerca de 30 anos, mais velhos do que no passado.

Para Whitehead, a ortodoxia e a fidelidade ao Evangelho produzem mais convertidos. Ele mesmo, ex-batista convertido, lembra-se de sua preparação para ingressar na Igreja Católica, onde viu muitos abandonarem a preparação “porque não lhes foi oferecida a verdade do Evangelho e os ensinamentos da Igreja”.

Fonte: https://es.zenit.org/2024/07/29/el-sacerdote-progre-se-queda-sin-reemplazo-generacional-en-el-clero-estadounidense-segun-new-york-times/

A Primazia de Pedro (1)

A Primazia de Pedro (Apologistas da Fé Católica)

A Primazia de Pedro

Muito se tem escrito sobre a primazia de Pedro. Apresento um ponto de vista que dificilmente pode ser refutado por qualquer caluniador. Há uma lei no estudo da Bíblia chamada “A Lei da Primeira Menção”. Isto significa que, da primeira vez que algo é mencionado na Bíblia, o mesmo significado permanece verdadeiro para aquele assunto em todos os versículos subsequentes nos quais é mencionado. Esta lei ajuda a manter a harmonia e a integridade da Escritura. DEUS é eterno e imutável, e assim, o que ele disse no Gênesis tem o mesmo significado para todos os capítulos.

A “Primazia de Pedro” tem sido disputada por caluniadores em vários aspectos. Foi dada a Pedro a primazia em Mt 16,18: “E EU TE DECLARO: TU ÉS PEDRO, E SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI MINHA IGREJA.” Alguns dizem que Pedro não era a “pedra”. Outros tentam separar Pedro do Bispo de Roma, tentando mostrar que ele nunca esteve em Roma. Há ainda outros que dizem que a palavra ‘EDIFICAREI’ em Mt 16,18, indica um tempo futuro. Eles incluem Mt 16,19: “EU te DAREI as chaves…” como “prova” de que Pedro não recebeu as chaves mas que, de certa forma, TODOS os Apóstolos a receberam em Mt 18,18. É óbvio que Jesus falou somente a Pedro em Mt 16,19 e deu a ele pessoalmente o poder de atar e desatar. Também é óbvio que Jesus deu a ele o poder de atar e desatar junto com os outros Apóstolos em Mt 18,18, e mais uma vez em João 20,30. Entretanto, Jesus deu a Pedro, e somente a ele, as Chaves do Reino dos Céus em Mt 16,19. Detratores da primazia de Pedro tem argumentos tão fracos que quase nem existem. Eu poderia discutir cada um desses pontos, mas nessa seção da carta vou discutir apenas um ponto, que faz com que todos os outros argumentos contra a primazia de Pedro sejam discutíveis.

A Lei da Primeira Menção…

Quando algo é mencionado pela primeira vez na Bíblia, o significado permanece o mesmo por todo o resto da Bíblia.

Quando DEUS deu autoridade a alguém na Escritura, ELE mudou o nome daquela pessoa.

  1. DEUS mudou o nome de Abrão para Abraão quando Ele o fez “Pai de uma Multidão de Nações”, em Gn 17,5. ELE deu a Abraão a “primazia” sobre todos os outros homens.
  2. DEUS mudou o nome de Sarai para Sara quando ELE a fez “Mãe de Nações” em Gn 17,15-16. ELE deu a Sara “primazia” sobre todas as outras mulheres.
  3. DEUS mudou o nome de Jacó para Israel, o nome da Nação Judaica, e Jacó se tornou o primeiro israelita em Gn 32,29; 35,10.
  4. DEUS mudou o nome de Simão para Pedro em Mt 16,18, dando-lhe então “primazia” sobre todos os Apóstolos. Por qual outra razão DEUS daria um novo nome a Simão?

A “Lei da Primeira Menção”, conforme aplicada a Abraão, Sara e Israel, funciona realmente muito bem. Por que então alguns acreditam que não funciona quando se trate de Simão-Pedro?

Mateus 16,13-17…

Jesus disse: “No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?” (13)

Responderam: “Uns dizem que é João Batista; outros Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas.”(14)

Disse-lhes Jesus: “E VÓS, quem dizeis que Eu sou?” (15)

Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de DEUS Vivo.” (16)

Jesus então lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está no Céu.” (17)

Este versículo expressa uma bênção do Filho para Pedro.

Você percebeu que Pedro era o único Apóstolo que sabia quem era Jesus Cristo?

Todos o resto exprimiu uma opinião.

DEUS o Pai, Ele Próprio, disse somente a Pedro, e a nenhum outro dos Apóstolos.

Foi uma bênção do Pai para Pedro.

Este é um sinal claro da Primazia de Pedro perante o Pai.

João 21,1-11…

Há pelo menos três exemplos da primazia de Pedro nestes versículos.

No versículo 2-3, sete dos discípulos estão reunidos quando Pedro decide ir pescar. Os outros concordam em ir com ele. Eles pescaram a noite toda e não conseguiram nada, como sempre. Jesus lhes disse para jogar a rede, eles assim o fizeram e pegaram tantos peixes que nem todos eles juntos conseguiram puxar a rede (versículo 6). João, o discípulo que Jesus amava, disse a Pedro (ele informou primeiro a Pedro) que era o Senhor em pé na praia. Pedro mergulhou no mar depois de ouvir isto (versículo 7). Os outros seis discípulos vieram com o barco, arrastando a rede cheia de peixes. No versículo 10, Jesus pediu a eles que Lhe trouxessem alguns peixes. No versículo 11, foi Pedro sozinho que puxou a rede com 153 peixes grandes até à terra. Agora, quanto pesavam os 153 peixes grandes? Não sabemos o peso médio de cada, mas já que eram grandes, mesmo somente 1 quilo e meio cada, daria um total de mais de 200 quilos e mesmo assim Pedro sozinho conseguiu puxá-los para a praia quando todos os sete discípulos não tinham conseguido arrastar a rede no versículo 6. Isto mostra claramente o poder humano de Pedro. Mais uma vez, a presença de Jesus permitiu com que fizessem uma grande pescaria e, depois de saberem que era o Senhor, Pedro apresenta um poder incomum ao concluir a pesca sozinho.

João 21,15-17…

Três vezes nestes versículos Jesus Cristo diz a Pedro para “Alimentar Meu Rebanho”, ou para “Alimentar Minhas Ovelhas”. Para compreensão adequada destes versículos é necessário se referir ao texto grego apontado.

No versículo 16, a palavra grega usada para “alimentar” é “poimaino” (segunda pessoa do singular), que significa: agir como um PASTOR, dirigir, governar, pastorear ou um funcionário que preside. É a única vez que esta palavra grega é usada no Evangelho de João. Nos versículos 15 e 17, a palavra grega usada para “alimentar” é “bosko”, que significa alimentar. Então os versículos 15-17 dizem “alimente minhas ovelhas, pastoreie minhas ovelhas, e alimente as minhas ovelhas”. Jesus disse somente a Pedro para ser o PASTOR de Seu rebanho.

Em João 10,16, Jesus disse: “…e haverá um só rebanho e UM SÓ PASTOR.” A palavra grega usada aqui é “poimen (masculino, singular)”. Claramente, Jesus disse nesses versículos que haveria somente UM PASTOR, e aquele pastor será Pedro, o primeiro Bispo de Roma e o primeiro Papa.

Atos 15,7: durante o primeiro Concílio da Igreja, o Concílio de Jerusalém…

Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse:

“Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo DEUS me escolheu dentre vós, para que da MINHA boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem.”

Quem fez a escolha? Foi DEUS. Quem DEUS escolheu? Ele escolheu Pedro. Ora, isto é uma primazia.

Alguns detratores da primazia de Pedro tentam mostrar que Tiago (At 15,13-21) tinha a primazia simplesmente porque era o Bispo de Jerusalém. Bom, ele pode ter sido Bispo de Jerusalém durante este Concílio, mas Pedro era o Bispo de todo o mundo. Leia At 1,8, onde Jerusalém era apenas uma das muitas igrejas locais (comunidades) a serem fundadas pelos Apóstolos. O Livro dos Atos, Apocalipse e alguns outros, registram mais de 30 locais adicionais para a Igreja além de Jerusalém.

Jerusalém nem teria sido considerada pelos Apóstolos para ser a sede da Cristandade, já que eles haviam sido advertidos pelo Próprio Jesus Cristo de que a cidade iria ser totalmente destruída em breve. Esta profecia se cumpriu em 70 D.C. quando as legiões romanas realmente a destruíram.

Leia Mateus 24 começando pelo versículo 15.

Eusebius (263-339) Bispo de Cesaréia e conhecido como “O Pai da História da Igreja”, escreveu em “A História da Igreja”, volume 2 capítulo 1, “Mas Clemente no sexto livro de suas Hypotyposes escreve desta maneira: “Pois eles dizem que Pedro e Tiago e João depois da ascensão de nosso Salvador, como também teria preferido nosso Senhor, não lutaram por honra, mas escolheram Tiago como o justo bispo de Jerusalém”.”

Primazia de Pedro: Mt 10,2; 16,15-19, Lc 22,24-33; 24,34, Jo 10,16; 21,1-11.15-19,

At 2,14-41, At 5,29; 9,36-43; 10,1-48; 11,1-18, At 15,7, 1Cr 15,5.

Bob Stanley

Fonte: Veritatis Splendor

Juíza do Reino Unido mantém proibição de bloqueadores de puberdade

Imagem referencial. | angellodeco/Shutterstock

Juíza do Reino Unido mantém proibição de bloqueadores de puberdade

Por Kate Quiñones*

30 de jul de 2024

Uma juíza de um tribunal superior do Reino Unido manteve ontem (29) a proibição de emergência do governo britânico de bloqueadores de puberdade para menores de idade porque os bloqueadores têm "riscos muito substanciais e benefícios muito pequenos".

As drogas bloqueiam o desenvolvimento natural da criança durante a puberdade, impedindo a produção de hormônios, como testosterona e estrogênio, e são usadas como para alterar a aparência de quem se identifica como sendo do sexo oposto.

O grupo de defesa TransActual contestou a proibição do Reino Unido junto com um jovem de 15 anos cuja identidade é segredo de Justiça.

Em sua decisão, a juíza Beverley Lang citou o estudo do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra (NHS, na sigla em inglês) como "evidência científica poderosa em apoio às restrições ao fornecimento de bloqueadores da puberdade, com base em que eles são potencialmente prejudiciais".

As restrições de 2022, baseadas em um estudo conhecido como Cass Review (link em inglês) impedem a prescrição e o fornecimento de análogos do hormônio liberador de gonadotrofina conhecidos como "bloqueadores da puberdade" para menores de idade, exceto quando usados em ensaios clínicos.

Embora a proibição emergencial de prescrição de bloqueadores da puberdade expire em setembro, o governo do Reino Unido estabeleceu "restrições indefinidas" às prescrições de bloqueadores da puberdade na Inglaterra, segundo as diretrizes do NHS.

TransActual condenou ontem (29) a decisão da Suprema Corte em uma declaração (link em inglês), dizendo que o estudo foi conduzido por acadêmicos "anti-trans".

Os defensores da ideologia de gênero chamam de “trans” pessoas que se identificam como sendo do sexo oposto e fazem tratamentos químicos ou cirúrgicos para parecer do outro sexo.

Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher, representados na sigla LGBTQIA+.

A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu «ser homem» e no seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador.

 "Estamos seriamente preocupados com a segurança e o bem-estar dos jovens trans no Reino Unido", disse o diretor de saúde da TransActual, Chay Brown. "Nos últimos anos, eles passaram a ver o estabelecimento médico do Reino Unido como um defensor de suas necessidades da boca para fora, e muito felizes usar a própria existência deles como arma numa guerra cultural já desacreditada."

Os defensores dos bloqueadores de puberdade argumentam que as drogas ajudam os jovens a ganhar "tempo para pensar", segundo documentos judiciais.

O relatório final da Cass Review, citado com frequência pelo juiz, descobriu que "não há evidências de que os bloqueadores da puberdade ganhem tempo para pensar e alguma preocupação de que eles possam mudar a trajetória do desenvolvimento da identidade de gênero psicossexual".

A Cass Review foi um estudo aprofundado baseado em informações de médicos e profissionais experientes em serviços de gênero e pais e organizações que trabalham com “crianças LGBTQ+”.

"Os profissionais que participaram do estudo muitas vezes estavam em conflito porque reconheciam a angústia dos jovens e sentiam o desejo de tratá-los, mas, ao mesmo tempo, a maioria tinha dúvidas por causa da falta de informações sobre os resultados físicos e psicológicos a longo prazo", dizia o relatório final da Cass Review, conforme citado na decisão da Suprema Corte.

Muitos profissionais e pais se sentem pressionados a aderir ao bloqueador da puberdade para crianças por medo de aumentar a probabilidade de suicídio em indivíduos que se identificam com o sexo diferente do natural, disse o relatório. Embora a taxa de suicídio para indivíduos que se identificam com o sexo oposto seja desproporcionalmente alta, o estudo não encontrou evidências de que o tratamento hormonal reduz o risco de suicídio. O risco de suicídio de pessoas com disforia de gênero, incompatibilidade entre o sexo percebido e o natural, "permaneceu comparável a outros jovens com uma gama semelhante de problemas de saúde mental e psicossociais".

Em uma carta de 2022 citada pela Suprema Corte, a médica Hilary Cass, que liderou o estudo, recomendou mais pesquisa sobre o tema.

Segundo ela, "a falta de provas continuará a ser preenchida com opiniões e conjecturas polarizadas, o que pouco ajuda as crianças e jovens, e suas famílias e cuidadores, que precisam de apoio e informações para tomar decisões".

A Cass Review é um dos muitos estudos que analisam mais de perto o tratamento da disforia de gênero. Um estudo recente da Mayo Clinic descobriu que os bloqueadores da puberdade podem causar "danos irreversíveis" aos meninos, e um estudo de 2022 descobriu que dar bloqueadores de puberdade a crianças pode prejudicar a densidade óssea.

"Não podemos encorajar ou dar apoio a intervenções médicas cirúrgicas ou medicamentosas que prejudiquem o corpo”, disse a Conferência Episcopal da Inglaterra e de Gales (CBCEW, na sigla em inglês) em declaração em 25 de abril sobre identidade de gênero. “Também não podemos legitimar ou defender um modo de vida que não respeite a verdade e a vocação de cada homem e de cada mulher, chamados a viver segundo o desígnio divino".

"Vocês ainda são nossos irmãos e irmãs”, disse a CBCEW em um comunicado dirigido a pessoas que se identificam com o sexo oposto. “Não podemos ficar indiferentes às suas dificuldades e ao caminho que vocês possam ter escolhido. As portas da Igreja estão abertas para vocês, e vocês devem encontrar, de todos os membros da Igreja, um acolhimento compassivo, sensível e respeitoso".

*Kate Quiñones é redatora da Catholic News Agency e membro do site de notícias The College Fix. Ela já escreveu para o Wall Street Journal, para o Denver Catholic Register e para o CatholicVote, e se formou pelo Hillsdale College. Ela mora com o marido no Colorado, nos EUA.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58597/juiza-do-reino-unido-mantem-proibicao-de-bloqueadores-de-puberdade

Inácio de Loyola: Mestre do discernimento espiritual

Inácio de Loyola: Mestre do discernimento espiritual (Vatican News)

Para discernir a vontade de Deus, o discípulo de Jesus acolhe, no silencio e na suavidade do Espírito de Deus, a brisa do seu Amor que nos conduz ao fim para o qual somos todos criados: “louvar, reverenciar e servir a Deus”.

Bruno Franguelli, SJ

Hoje, celebramos a memória de Santo Inácio de Loyola, o mestre do discernimento espiritual. Nos últimos anos, principalmente durante o Pontificado do Papa Francisco, jesuíta e, por isso mesmo, filho da espiritualidade de Santo Inácio de Loyola, o termo discernimento têm se tornado chave nos discursos e documentos do Papa. Sonha Francisco, com uma Igreja que se abre com liberdade ao discernimento dos espíritos para identificar os sinais de Deus nos dias difíceis que estamos enfrentando.

Mas, afinal de contas, o que é discernimento espiritual, como nos ensina Santo Inácio de Loyola, e como se faz? Para responder a esta pergunta, não nos bastaria um pequeno texto, mas podemos sugerir uma resposta através de três aspectos:

Crer que Deus trabalha na nossa história pessoal

Santo Inácio era um cavalheiro vaidoso e pautava sua vida no intenso desejo de conquistar o mundo para si. Com seus sonhos destruídos, através da derrota em uma batalha que o deixou acamado, começou a repensar sua vida. Ao ler livros da vida de Cristo e dos santos, compreendeu o quão superficial era a sua vida e através de pensamentos bons, percebeu que Deus agia na sua história convocando-o a servir a um outro Rei, aquele Eterno.

Deus trabalhou na história de Inácio e trabalha também na nossa. O primeiro passo para discernir a Sua voz e a Sua vontade em nossa vida é crer que Ele está presente, não somente nas periferias da nossa história pessoal, mas em todos os momentos. Crer que Ele suscita em nós pensamentos, sentimentos e movimentos que nos direcionam para o bem, para o Seu serviço, para a Sua Santíssima Vontade.

Conhecer as armadilhas do inimigo da natureza humana

A leitura da vida de Cristo e dos santos produzia em Inácio movimentos de amor e transformação de vida. Porém, ele percebia que, por algum momento, vinha-lhe a nostalgia dos deleites mundanos e perversos. Eram movimentos contrários àqueles belos e santos. Por um momento, vinham-lhe pensamentos que lhe induziam a buscar a riqueza, a fama e o poder. Mas, percebia que estes, de algum modo, depois que passavam, deixava seu coração vazio, insatisfeito e desanimado. Com isso, tinha certeza de que esses pensamentos não vinham de Deus.

Santo Inácio chama o demônio de inimigo da natureza humana. E, de fato, Inácio percebeu que era a vontade do demônio desumanizá-lo, induzi-lo ao fracasso, ao desânimo, à uma vida sem sentido. Neste sentido, o mestre do discernimento nos convida a reconhecer as armadilhas que o inimigo da nossa natureza usa para nos atrair, seduzir e enganar. Reconhecer a “cauda da serpente”, muitas vezes disfarçada de “angelo lucis” (anjo de luz), isto é, com falsas santas e boas intenções, é indispensável para discernir os movimentos do Espírito de Deus. Inácio nos ensina que o Espírito de Deus age com suavidade, “como água que se derrama na esponja”, já o mau espírito é grosseiro e barulhento como “água que se derrama na pedra”.

Dar-se conta dos afetos desordenados

Santo Inácio deu-se conta de que seu coração era cheio de afetos. Sentia-se, ao mesmo tempo, atraído pelas honras, por Deus, por uma duquesa, pelo dinheiro, pela fama, etc. Percebia que seu coração era como um armário bagunçado. Sentiu necessidade de colocar ordem e chamar cada atração que sentia pelo seu próprio nome. Sabia que era movido por afetos bons e ruins. O que fazer com eles, então? Compreendeu que devia dar-se conta, tomar consciência deles e jamais ignorá-los.

No discernimento inaciano, é essencial não se distrair dos afetos. Prestar bem a atenção neles: De onde vêm? Para onde me levam? O discípulo de Jesus, segundo Inácio de Loyola, jamais se deixa levar, inconscientemente, pelos seus afetos. Pelo contrário, é sempre atento, para “não se deixar determinar por nenhuma afeição desordenada”. O cristão que assume com maturidade a sua vida de fé, como nos ensina Santo Inácio, não toma decisões em tempos tempestuosos ou no auge de suas paixões. Para discernir a vontade de Deus, o discípulo de Jesus acolhe, no silencio e na suavidade do Espírito de Deus, a brisa do seu Amor que nos conduz ao fim para o qual somos todos criados: “louvar, reverenciar e servir a Deus”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A primazia do sucessor de Pedro no mistério da Igreja (1)

A primazia do sucessor de Pedro (iCatólica)

A primazia do sucessor de Pedro no mistério da Igreja

Considerações sobre o recente Documento da Congregação para a Doutrina da Fé.

do Cardeal Vincenzo Fagiolo

Se analisássemos o significado dos 22 títulos com que Dante na Divina Comédia , na Monarquia , nas Epístolas define e qualifica o papa, talvez acabássemos por complicar ainda mais a questão ecumênica, que ainda hoje se encontra em o problema dos poderes do sucessor de Pedro não apresenta pequenos obstáculos no caminho da unidade. No entanto, esses títulos, mesmo quando exaltam o pontífice romano a ponto de torná-lo Ostiarius Regni Coelorum Mon. III , VIII, 9) e o Claviger Regni Coelorum Mon. III, 15), bem como o Vicarius Dei ( Mon. . I , II, 2 Na Idade Média, alguns papas, por exemplo Inocêncio III, também se apresentaram com este título) e Prefeito do Fórum Divino Par . XXX, 142), segundo o cânon do Novo Testamento (ver Mt 10) . , 2; 14, 28-31; 16, 16-23 ,33-35,26; ) Mas, embora apoiados num fundamento bíblico, tomado no seu núcleo essencial e resumido no título mais utilizado – sucessor de Pedro – esses títulos historicamente, devido a circunstâncias diferentes, não têm sido interpretados igualmente por todas as comunidades cristãs. O ponto crucial, causa real ou suposta, era sobretudo o exercício do poder do papa. De fato, entre as causas que geraram a divisão entre a Igreja Católica e os Ortodoxos, primeiro no Oriente, e depois entre a própria Igreja Católica e as comunidades cristãs no Ocidente, está a da interpretação do munus petrinum , do concreto cargo de sucessor de Pedro, estava entre os mais relevantes e entre os mais difíceis de explicar, embora «quase todos [os cristãos], porém, mesmo que de forma diferente, aspirem à única e visível Igreja de Deus, que é verdadeiramente universal e enviado ao mundo inteiro, para que o mundo se converta ao Evangelho e assim se salve para a glória de Deus" ( Unitatis redintegratio 1). 

Paulo VI e João Paulo II demonstraram, com documentos magisteriais e iniciativas apostólicas abrangentes, tanto para o Oriente como para o Ocidente, a firme vontade de continuar no caminho ecumênico, que o Vaticano II considerou uma das suas principais intenções, para alcançar «o re -estabelecimento da unidade a ser promovida entre todos os cristãos» ( UR 1). Neste sentido, na encíclica Ut unum sint (25 de Maio de 1995), João Paulo II sublinhou a singular relevância que a questão do primado de Pedro e dos seus sucessores apresenta no actual momento da vida da Igreja. A encíclica convida, portanto, pastores e teólogos a «encontrar uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de forma alguma à essência da sua missão, se abra a uma situação nova» (n. 25). 

A Congregação para a Doutrina da Fé não demorou a reunir o voto pontifício e ao longo de um ano e meio preparou um simpósio puramente doutrinário sobre o primado do sucessor de Pedro , que teve lugar no Vaticano a partir de 2. a 4 de dezembro de 1996, cujos anais foram publicados este ano pela Libreria Editrice Vaticana. No apêndice do volume (pp. 493-503) encontra-se o documento que a própria Congregação publicou no Osservatore Romano (sábado, 31 de outubro de 1998, p. 7, que chamaremos de Documento ) com o evidente objetivo de ampliar a sua conhecimento e exorta teólogos e pastores a aprofundar o seu conteúdo, também - talvez sobretudo - em vista de um caminho ecuménico menos árduo, mesmo que, provavelmente, mais longo se for deixado apenas à reflexão teológica. 

Os dados históricos que confirmam a primazia 

Sabemos que, a partir do Concílio Vaticano II, a Igreja, já com João XXIII e depois com Paulo VI e João Paulo II, segue, juntamente com o caminho doutrinal, também o da caridade, que, como o próprio patriarca Atenágoras se expressou, é preferível. Sem portanto abandonar o doutrinário. A história confirma que o primado visto e estimado como presidência e serviço de caridade, atraiu durante séculos – os mais fecundos para a vitalidade doutrinal e missionária – o afeto das diversas Igrejas à de Roma, cujo bispo foi o sucessor de Pedro. Só para fazer alguma referência, Santo Inácio, bispo de Antioquia (depois de São Pedro e Evódio), já o declarava entre os Padres Apostólicos, que viam as diversas comunidades eclesiais unidas pela caridade pela fé sob o governo de pastores legítimos e com o primado da Igreja de Roma, porque Pedro e Paulo estabeleceram a sua autoridade em Roma, e em seu nome Roma então ensina as outras Igrejas ( Epist ad Smyrn . 8, 2; 4, 3) . 

São verdadeiras todas aquelas Igrejas - observou Santo Irineu no século II - que têm a nota da apostolicidade, e, dado que "longum est ire per singulas" nomeia todas elas, basta examinar aquela que as resume todas: a Igreja de Roma, fundada pelos príncipes dos apóstolos Pedro e Paulo; e como estes apóstolos eram os príncipes entre os outros, assim a Igreja de Roma tem um potentior principalitas sobre todos os outros , do qual se deduz o critério de verdade relativo à Igreja e à sua constituição, desejado por Jesus Cristo (ver Adv haer . III, 4, 1). 

A tradição primitiva, atestando o primado da Igreja de Roma, permaneceu inalterada como fato dogmático e como fonte de produção jurídica; repousa sobre o fundamento da revelação divina, que com os textos do Evangelho e dos Atos mostra «com clareza e simplicidade que o cânon do Novo Testamento recebeu as palavras de Cristo relativas a Pedro e ao seu papel no grupo dos doze. Por isso”, lemos nas considerações da Congregação para a Doutrina da Fé, «já nas primeiras comunidades cristãs, como depois em toda a Igreja, a imagem de Pedro permaneceu fixada como a do apóstolo que, apesar da sua fraqueza humana , foi expressamente constituído por Cristo em primeiro lugar entre os doze e chamado a desempenhar a sua função específica na Igreja» ( Doc . n. 3). 

Da revelação o dogma: «Com base no testemunho do Novo Testamento, a Igreja Católica ensina, como doutrina de fé, que o bispo de Roma é o sucessor de Pedro no seu serviço primacial na Igreja universal» ( Doc . n. 4). É no conteúdo deste ensinamento que se deve concentrar a atenção, tanto para não perder o seu valor dogmático, portanto sempre vinculativo, como para não o sobrecarregar com elementos que não lhe são essenciais e que poderiam dificultar o exercício da primado mais difícil e dificulta o caminho ecumênico. 

A tradição primitiva estabeleceu a essencialidade do primado no carisma de Cristo dado a Pedro e em Pedro aos seus sucessores, para que fossem princípio e fundamento da unidade da fé e da comunhão : fides et caritas . Segue-se que não há dúvidas, do ponto de vista bíblico, teológico e jurídico, sobre a origem finalidade e natureza do primado , como claramente evidenciado pela primeira parte do Documento da Congregação para a Doutrina da Fé, acompanhado de numerosas fontes patrísticas, conciliares e do magistério pontifício. 

Arquivo 30Dias – 11/1998

Fonte: http://www.30giorni.it/

O Papa aos acólitos e coroinhas: com Jesus estar com os outros de uma maneira nova

O Papa Francisco durante o encontro com os acólitos e coroinhas na Praça São Pedro (Vatican Media)

Francisco encontrou-se com os acólitos e coroinhas, na Praça São Pedro, no âmbito da 13ª Peregrinação Internacional da Associação Internacional dos Ministrantes que este ano tem como tema “Contigo”. "O “contigo” de Jesus, graças ao seu amor, torna-se o meu, o teu, o nosso “contigo”, que cada um pode dar aos outros", disse Francisco aos ministrantes.

Vatican News

O Papa Francisco encontrou-se, na tarde desta terça-feira (30/07), com cerca de 50 mil acólitos e coroinhas, na Praça São Pedro, no âmbito da 13ª Peregrinação Internacional da Associação Internacional dos Ministrantes, Coetus Internationalis Ministrantium (CIM), que este ano tem como tema “Contigo”.

"A Praça São Pedro é sempre bonita, mas convosco torna-se ainda mais bonita", disse Francisco no início de seu discurso, dando as boas-vindas e agradecendo aos ministrantes por terem vindo a Roma, alguns até pela primeira vez.

Contigo, uma palavra que encerra o mistério do amor

"O tema de sua peregrinação chamou-me a atenção: “Contigo”. Sabeis por que é que me impressiona? Porque diz tudo numa palavra. Isto é belíssimo e abre espaço para procurar, para encontrar possíveis significados", sublinhou o Papa.

Contigo. É uma palavra que encerra o mistério da nossa vida, o mistério do amor. Quando um ser humano é concebido no ventre materno, a mãe diz-lhe: “Não tenhas medo, eu estou contigo”. Mas, misteriosamente, a mãe também sente que aquela pequena criatura lhe diz: “Estou contigo”. E isto, de um modo diverso, aplica-se igualmente ao pai!

Jesus está, espiritual e fisicamente, “conosco”

"Pensando e, neste momento, olhando para vós, este “contigo” se enriquece com novos significados", disse ainda o Papa, acrescentando que a experiência de serviço dos acólitos e coroinhas na Liturgia o fez pensar que "o primeiro sujeito, o protagonista deste “contigo” é Deus. Jesus disse: «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles». E isto realiza-se plenamente na Missa, na Eucaristia: ali o “contigo” torna-se presença real e concreta de Deus no Corpo e no Sangue de Cristo".

Todos os dias, o sacerdote vê este mistério acontecer nas suas mãos; e vós, quando servis ao altar, também o vedes. E ao recebermos a Sagrada Comunhão, podemos experimentar que Jesus está, espiritual e fisicamente, “conosco”. Ele te diz: “Eu estou contigo”, mas não o diz com palavras, mas naquele gesto, naquele ato de amor que é a Eucaristia. E, na Comunhão, também tu podes dizer ao Senhor Jesus: “Eu estou contigo”, não com palavras, mas com o teu coração e o teu corpo, com o teu amor. Precisamente porque Ele está conosco, também nós podemos estar verdadeiramente com Ele.

Graças a Jesus dizer ao teu próximo “estou contigo”

"Aqui está, queridos jovens, o ponto-chave! Espero conseguir fazer-me entender: o “contigo” de Jesus, graças ao seu amor, torna-se o meu, o teu, o nosso “contigo”, que cada um pode dar aos outros. Assim, podemos cumprir o seu mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”", disse o Papa, acrescentando:

Se tu, acólito, como Maria, guardas no teu coração e na tua carne o mistério de Deus que está contigo, então és capaz de estar com os outros de uma maneira nova. Graças a Jesus, sempre e só graças a Ele, também tu podes dizer ao teu próximo “estou contigo”, não com palavras, mas com ações e gestos, com o coração e com uma proximidade concreta: chorar com quem chora, alegrar-se com quem se alegra, sem julgamentos nem preconceitos, sem fechamentos nem exclusões. Até contigo que não me és simpático; e contigo, que és diferente de mim; e contigo, que és um estrangeiro; e contigo, por quem não me sinto compreendido; e contigo, que nunca vens à igreja; e contigo, que dizes não acreditar em Deus.

"Queridos jovens, que grande mistério nesta simples palavra: contigo", sublinhou Francisco, agradecendo "a quem a escolheu" e também aos acólitos e coroinhas que se fizeram "peregrinos, para partilhar a alegria de pertencer a Jesus, de ser servos do seu Amor, servos do seu Coração ferido que cura as nossas feridas, que nos salva da morte e nos dá a vida eterna". "Obrigado, jovens amigos! E uma boa caminhada com Jesus", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Inácio de Loyola

Santo Inácio de Loyola (A12)
31 de julho
País: Espanha
Santo Inácio de Loyola

Iñigo Lopez de Loyola nasceu no Castelo de Loyola, cidade de Azpeitia, província basca de Guipúzcoa, Espanha, no ano de 1491. A família era rica, nobre e cristã, e ele foi o último de 13 filhos. Em 1506, sua família servia ao tesoureiro do reino de Castela, de quem Iñigo era parente.

Assim, com oito anos, Iñigo passou a frequentar a corte como pajem e cresceu numa atmosfera mundana, que adotou. Mas estudou, adquirindo grande cultura, bem como tornou-se excelente cavaleiro. De modo não incomum para a situação e local, Iñigo desenvolveu um temperamento forte, orgulhoso, violento, dado a conflitos.

Em 1517, com 26 anos, tornou-se militar, servindo a outro importante parente, o duque de Najera e vice-rei de Navarra. Participou de inúmeras batalhas, militares e diplomáticas. Em 1521, defendendo a cidade de Pamplona dos franceses, recusou-se a aceitar os termos da trégua, considerados vergonhosos, oferecida pelos adversários, alegando ser melhor morrer com honra. Forçou assim a sua tropa à resistência, e foi ferido gravemente na perna por uma bala de canhão.

Os vencedores o enviaram para o castelo de Loyola, onde permaneceu convalescendo por longo tempo. Após um primeiro e penoso tratamento, a perna ficou deformada. Ordenou então que os médicos a quebrassem e recuperassem perfeitamente. O resultado da cirurgia não lhe agradou, e ordenou que fizessem outra. Não queria se apresentar manco diante das donzelas da corte...

Embora mal orientadas para falsos valores mundanos, sua firmeza de caráter, força de vontade e aspirações grandiosas lhe seriam necessárias para os planos de Deus, que começaram a despertar nele durante o obrigatoriamente prolongado período de recuperação. Através da leitura, que lhe ocupava o tempo de convalescência, sua alma foi tocada mais a fundo que o corpo pelo obus. Inicialmente desejava romances de guerra com narrações fantasiosas, mas os únicos dois livros no castelo, disponibilizados por sua irmã, eram “A Vida de Cristo” e “O Ano Cristão”, esta a biografia dos santos de cada dia.

Começou a perceber então a verdadeira grandeza, à qual aspirava sem saber, reconhecendo nas batalhas espirituais de santos como São Francisco de Assis e São Domingos os grandes feitos a serem desejados.

Considerou que estes gigantes da Fé também eram “feito de barro” como ele mesmo, e começou a se perguntar por que não conseguiria imitá-los, chegar também ao elevado grau de grandeza verdadeiramente humana (e portanto relativa ao espírito e não ao mundo) que eles alcançaram. “Pedi, e vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede, recebe; quem busca, acha; e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7,7-8). Passou a ansiar pela realização de grandes feitos, não mais proezas de cavalaria profana, “mas para a máxima glória de Deus”, o que veio a ser o seu lema.

As ideias amadurecendo, no silêncio de uma noite prostrou-se diante da Virgem Maria e ofereceu-se a Jesus como Seu fiel soldado. No mesmo instante, o castelo, com grande estrondo, foi violentamente abalado, até os fundamentos, e no quarto de Iñigo, o local mais atingido, abriu-se uma larga rachadura, existente até hoje. A fúria do demônio manifestava-se diante desta sua primeira simples mas convicta consagração. Então, com propósito definitivo, Iñigo prometeu fazer, com a graça de Deus, o que os santos haviam feito.

Tão logo curado, peregrinou ao Santuário de Nossa Senhora de Montserrat, em Barcelona, Catalunha. Fez uma confissão geral, trocou suas ricas vestes pelas de um mendigo, e deixou no altar a sua espada. Abandonou ali o mundo, a corte e as aparências.

Seguiu para o povoado de Manresa, a 15 quilômetros de distância, para orar e fazer penitência, durante um ano, de 1522 a 1523. Vivia numa gruta, solitário, mendigando para sobreviver e passando sérias necessidades. Recebeu o dom do discernimento dos espíritos, pelo qual se sabe o que se passa no íntimo de cada pessoa e quais os conselhos necessários para que ela distinga o Bem do Mal. Desenvolveu e praticou também a base dos seus famosos “Exercícios Espirituais”, livro que posteriormente seria um tesouro de bênçãos para a Humanidade.

Partiu em seguida para a Terra Santa, pregando energicamente a conversão dos muçulmanos, durante outro ano. Voltou à Espanha e estudou Latim, Física, Lógica e Teologia, em Barcelona, Salamanca, Alcalá, Veneza, Paris. Nesta cidade reuniu um grupo de sete amigos, com Pedro Fabro, Diogo Laynes, Afonso Salmerón, Simão Rodrigues, Nicolau Bobadilha e Francisco Xavier, este último futuro e famoso santo evangelizador no Oriente, dispostos a realizar os Exercícios Espirituais, depois do que estavam decididos a tudo sacrificar pela máxima glória de Deus.

Em 15 de agosto de 1534, festa da Assunção de Maria, na igreja de Montmartre, em ato solene pronunciaram os votos religiosos de pureza, pobreza e obediência, comprometendo-se a estar sempre à disposição do Papa para o que ele entendesse como o melhor para a glória de Deus. Estava fundado assim o primeiro esboço da Companhia de Jesus, que Iñigo pensou inicialmente em chamar de Companhia de Maria, pois depois da sua conversão Nossa Senhora lhe aparecera por 30 vezes.

Dividiram-se para as primeiras atividades apostólicas. Buscaram cidades onde as universidades atraíam os jovens: Bolonha, Ferrara, Siena, Pádua, Roma. Trabalharam em universidades e colégios. Suas conferências espirituais eram para toda classe de pessoas, e em Roma Iñigo aplicava os Exercícios Espirituais e catequizava o povo.

Em janeiro de 1537, Pedro Ortiz, ex-professor em Paris e embaixador do Imperador Carlos V junto ao Papa Paulo III, obteve junto a este uma audiência para Iñigo e companheiros. O Papa admirou-se com a ciência e humildade do grupo, deu-lhes a bênção e autorizou os que ainda não eram sacerdotes a serem ordenados, ocasião na qual Iñigo assumiu o nome de Inácio. E distribuiu funções entre eles, como cadeiras de Escolástica e Escritura Sagrada no Colégio Sapiência. Inácio ficou encarregado de pregar em Roma.

Em 27 de setembro de 1540 Paulo III aprovou definitivamente, por uma bula, a Ordem da Companhia de Jesus, também conhecida como Jesuítas. Comentou, a respeito das suas Constituições: “O dedo de Deus está aí”.

Inácio foi eleito superior-geral, dirigindo a casa de Roma e sempre mantendo contato com todas as casas e colégios da Ordem espalhados pelo mundo, supervisionando a todos com detalhe. Ao mesmo tempo lidava com o Papa e os cardeais sobre as atividades da Igreja, correspondia-se com soberanos da Europa, organizava novas fundações, sem por isso interromper suas obras de misericórdia na cidade. Uma atividade que se pode dizer milagrosa.

De apenas seis jesuítas em 1541, chegou-se ao número de 10 mil em 1556, espalhados por toda a Europa, Índia e Brasil. A contribuição dos jesuítas para a Igreja é incalculável. Foram o exército do Papa na restauração contra o protestantismo na Europa; levaram o Catolicismo aos extremos do Oriente e do Ocidente. Santo Inácio pessoalmente enviou os seis primeiros missionários jesuítas para o Brasil em 1549, com o Padre Manoel da Nóbrega, que foi o primeiro superior da província jesuíta do Brasil.

Em 1553 um novo grupo chega trazendo o jovem e futuro São José de Anchieta. O sólido início do catolicismo no país, a maior nação católica do mundo, está diretamente ligado à Companhia de Jesus. Muitos são os jesuítas canonizados.

 Depois de assumir como superior geral da Ordem, a saúde de Inácio piorou gradativamente, e ele faleceu em 31 de julho de 1556 em Roma, aos 65 anos de idade. A bula da sua canonização numera 200 milagres por sua intercessão. É o padroeiro dos retiros espirituais.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Aventurosa, e venturosa, foi a vida de Santo Inácio. Embora com aspectos bem imperfeitos, mesmo antes da conversão ele buscava valores altos, que contudo, associados às grandezas do mundo, não o satisfaziam. Era corajoso, honrado, honesto, leal, mas sua dedicação era voltada para as criaturas, não para o Criador, o que tornava suas virtudes, indiscutíveis, meramente superficiais. Os objetivos, para serem verdadeiramente nobres, devem ser orientados pelo motivo certo, e para a única razão verdadeira, a plena comunhão com Deus. O seu combate por feitos discutivelmente grandiosos o levou a ser seriamente ferido no corpo, o que Deus conduziu para que lhe fosse curado o machucado da alma. E esta cura foi tão completa que o diabo quis atingi-lo, mas, assim como o canhão, só abalou e deixou marcas no corpo do castelo, não na morada do espírito, que com isso lhe ficou ainda mais resoluto. Não há rachadura numa alma que se entrega, totalmente, a Deus. Santo Inácio converteu-se lendo livros espirituais, um sobre Cristo, o outro sobre os santos, que na sua vivência militar bem caracterizam o general e seu exército – talvez não mera coincidência em relação à estrutura da Ordem que viria a fundar. A importância da leitura espiritual é indescritível. Talvez ainda mais nos tempos de séria crise de mundanismo atual. E Inácio deu a sua inspirada contribuição para esta biblioteca. Sem dúvida, “Exercícios Espirituais” é obra inspirada por Deus, uma das que mais levou a conversões na História da Igreja: São Francisco de Sales, um século depois do autor, afirmou com exatidão: “Os ‘Exercícios Espirituais’ converteram tantas pessoas quantas são as letras escritas neles”. A partir de um questionamento básico para o ser humano, “o que desejo?”, o livro esclarece qual é a finalidade da nossa vida, o motivo pelo qual existimos, e portanto pelo que devemos lutar. O Homem foi criado para amar e servir a Deus; logo, se o que fazemos não é por e para Deus, ainda que em si mesmas possam ser boas, honradas e virtuosas, não têm sentido. Uma vida sem sentido é contraditória, repugna à Razão, ao bom senso e à vivência factual, pois todos os sentimentos, esforços e amores evidenciam um “por quê”, e portanto tal vida leva ao desespero – a depressão é hoje a pandemia do mundo ateizado. “Os Exercícios” levam à descoberta do óbvio, de que estamos nesta terra para amar e servir a Deus e assim alcançarmos a glória – à máxima grandeza, que Inácio aspirava, e todos nós – do Céu. Por isso o seu lema, “Tudo para a maior glória de Deus”. E o meio para este fim é entender que tudo o que foi criado materialmente, mas não só, é bom apenas na medida em que nos levam a Deus. Assim fica claramente resolvido o conflito de Inácio, e também nosso, da insatisfação e sensação de desperdício no empenho desordenado pelas coisas mundanas. Os “Exercícios Espirituais” são assim o nosso “dever de casa” nesta vida. Todas as circunstâncias servem, como meio para fazer somente a vontade de Deus, buscar só o que nos conduz à Salvação. E só na companhia de Maria chegamos, todos nós, e Inácio, à companhia de Jesus. Não foi só na redação dos “Exercícios” que se destacou Santo Inácio, mas em todas as suas atividades como fundador, pregador, administrador, etc., atividades apostólicas baseadas na santidade de vida – dando o exemplo prático da proposta dos “Exercícios”, de trabalhar com as criaturas na medida certa para o encontro com Deus. Sua têmpera também nos é exemplo de que não é possível seguir a Deus de modo tíbio. Temos um objetivo, o mais elevado possível, e um tempo limitado para alcançá-lo – não há sentido (desespero…) em não sermos resolutos. Neste sentido, cabem duas de suas sentenças: “Orai como se tudo dependesse de Deus, e trabalhai como se tudo dependesse de vós”; “Ninguém sabe o que Deus faria de nós, se não opuséssemos tantos obstáculos à sua graça”.

Oração:

Ó Senhor, que desejais que nos exercitemos sempre mais no caminho da santidade, auxiliando-nos para isso com a companhia de Maria Vossa Mãe e nossa, concedei-nos por intercessão de Santo Inácio de Loyola a graça de largarmos aos pés do altar da Vossa Cruz a espada do pecado que Vos produz chagas, e receber cada vez mais profundamente na alma os projéteis de amor com que quereis nos alvejar, e alvejar, de modo que com esta santa troca tudo façamos para a Vossa maior glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 30 de julho de 2024

Um tempo para renovação

Julho, mês férias (PIN page)

Um tempo para renovação 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

As férias são uma época esperada por muitos como um momento para descansar, recarregar as energias e passar tempo com a família e amigos. O período também pode ser uma oportunidade única para renovar a espiritualidade e fortalecer a fé. 

A Bíblia nos oferece várias passagens que destacam a importância do descanso. No livro do Gênesis, lemos que Deus descansou no sétimo dia após a criação do mundo: “Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação” (Gênesis 2,3). Este descanso divino serve como um modelo para nós, mostrando que o descanso é não apenas necessário, mas também sagrado. 

Jesus também reconheceu a necessidade de descanso. Em Marcos 6,31, Ele disse aos Seus discípulos: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco.” Este convite de Jesus é um lembrete de que o descanso é essencial para nossa saúde física, mental e espiritual. 

Durante as férias, podemos aproveitar o tempo longe das atividades cotidianas para aprofundar nossa vida de oração. Este pode ser um momento para refletir sobre as bênçãos recebidas e buscar orientação divina para os desafios futuros. Como disse o Salmista: “Silenciai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmo 46,10). O silêncio e a tranquilidade das férias podem proporcionar um ambiente ideal para ouvir a voz de Deus em nossas vidas. 

Mesmo durante as férias, é importante manter nossa participação na comunidade de fé. Frequentar a missa dominical, mesmo quando estamos longe de casa, é fundamental para alimentar nossa vida espiritual. Muitas paróquias oferecem missas em diferentes horários e idiomas, permitindo que os católicos encontrem uma comunidade para celebrar a Eucaristia onde quer que estejam. A Eucaristia é a fonte e o ápice da vida cristã, e participar dela nos une mais profundamente a Cristo e à Igreja. 

As férias muitas vezes nos levam a destinos naturais, como praias, montanhas e florestas. Esses ambientes são uma excelente oportunidade para contemplar a beleza da criação de Deus. O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que “A criação é o fundamento de todos os desígnios salvíficos de Deus” (CIC 280). Ao admirar a natureza, podemos renovar nosso agradecimento a Deus por todas as Suas obras e fortalecer nosso compromisso com a responsabilidade ambiental. 

As férias também podem ser um tempo para praticar atos de caridade e serviço. Muitos destinos turísticos têm oportunidades de voluntariado em comunidades locais. Participar em ações de caridade durante as férias pode ser uma maneira poderosa de viver o mandamento de Jesus de amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22,39). Estas experiências podem enriquecer nosso espírito e nos aproximar de Deus através do serviço aos outros.  

A leitura de livros espirituais durante as férias pode ser uma maneira maravilhosa de crescer na fé. Pode ser um bom momento para ler a Bíblia, a vida dos santos ou outros textos inspiradores. Ler sobre a vida dos santos pode nos encorajar a seguir seus exemplos de fé e virtude. 

As férias são uma boa ocasião para refletir sobre nossas vidas e planejar o futuro com Deus. Podemos avaliar nossas metas espirituais e pessoais e buscar a orientação divina para o próximo capítulo de nossas vidas. Em Provérbios 16,9, lemos: “O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos.” Submeter nossos planos a Deus nos ajuda a caminhar em Sua vontade. 

As férias oferecem uma oportunidade valiosa para descanso e renovação. Para os católicos, é também um tempo para aprofundar a espiritualidade e fortalecer a fé. Ao integrar práticas de oração, participação na missa, contemplação da natureza, atos de caridade, leitura espiritual e reflexão, podemos transformar nossas férias em um período de crescimento espiritual. Que possamos usar este tempo para nos aproximar de Deus, renovando nossa mente, corpo e espírito, e retornando às nossas vidas diárias com um coração mais cheio de fé e amor. 

Aos que desfrutam de férias em julho desejo saúde, paz e a graça do Cristo Ressuscitado! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

JMJ 2027 lançada oficialmente na Catedral de Myeongdong, em Seul

Em Lisboa, jovens peregrinos e bispos festejam o anúncio da Coreia como sede JMJ 2024  (AFP or licensors)

Seul prepara o cenário para a Jornada Mundial da Juventude de 2027 com grande cerimônia celebrando juventude, cultura e esperança. Presença do núncio apostólico na Coreia e do secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.

Com o tema Hope Ignites in Seoul. Success for WYD Seoul 2027 ('A esperança se acende em Seul. Sucesso para a JMJ Seul 2027', em tradução livre), a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Seul 2027 foi oficialmente lançada na tarde do domingo, 28, na histórica Catedral de Myeongdong. A cerimônia de lançamento, que começou às 14h contou com a participação de vários convidados importantes e mais de 1.000 jovens. 

Entre os estimados convidados de honra estavam o arcebispo Giovanni Gaspari, núncio apostólico na Coreia; Dr. Gleison De Paula Souza, secretário do Dicastério para Leigos, Família e Vida; representantes diplomáticos de oito países; Yong Ho-sung, vice-ministro da Cultura, Esportes e Turismo; 19 membros da Assembleia Nacional e 9 membros do Conselho Municipal de Seul. O evento também contou com a presença de um grupo especial de jovens, formado por desertores norte-coreanos, jovens com deficiência e soldados do Exército, Marinha e Força Aérea, simbolizando unidade e inclusão.

Na catedral de Seul, evento que deu início ao caminho de preparação para a JMJ 2027 (© Arquidiocese de Seul)

Destaques da cerimônia de lançamento

A cerimônia de lançamento começou com um desfile de jovens coreanos ao lado de jovens de vários países, carregando 193 bandeiras, enquanto entravam  na Catedral de Myeongdong. A presença de cada bandeira simbolizou a resposta positiva ao convite do Papa Francisco para que Seul sediasse a Jornada Mundial da Juventude em 2027.

Um destaque significativo da cerimônia foi a Declaração de Lançamento. Este momento crucial foi liderado pelo arcebispo Peter Soon-taick Chung, presidente do Comitê Organizador Local (LOC) para a JMJ Seul 2027, ao lado de dois jovens delegados coreanos. A declaração marcou o início oficial dos preparativos para o evento de 2027 e simbolizou o compromisso coletivo da Igreja e dos jovens com essa jornada.

Revelação do Impacto Econômico

A importância econômica da JMJ Seul 2027 também foi destacada durante a cerimônia. A análise da Escola de Políticas Públicas e Gestão do KDI revelou efeitos econômicos consideráveis, prevendo um total de 11,3698 trilhões wons em impactos de produção, 1,5908 trilhões de wons em efeitos de valor agregado e a criação de 24.725 empregos.

Ingresso na Catedral de jovens coreanos ao lado de jovens de vários países, carregando 193 bandeiras (© Arquidiocese de Seul)
Missa Solene de Início

Após a cerimônia, foi celebrada uma Missa presidida pelo arcebispo Peter Soon-taick Chung e concelebrada pelo cardeal Andrew Soo-jung Yeom, pelos bispos Job Yo-bi Koo, Paul Kyung-sang Lee (coordenador geral do Comitê Organizador Local da JMJ Seul 2027) e Titus Sang-Bum Seo, bispo do Ordinariato Militar da Coreia.

Em sua homilia, o arcebispo Chung afirmou ter "uma profunda aspiração de que a Igreja ofereça uma plataforma para os jovens do nosso tempo — um palco onde eles possam emergir como protagonistas de suas próprias narrativas. Estou confiante de que este palco servirá como uma oportunidade e um espaço de esperança para todos vocês. Juntos, desejo cultivar esta esperança compartilhada por meio da JMJ. Acredito que a JMJ representa uma oportunidade inestimável para jovens de todo o mundo, incluindo nossos jovens coreanos, de refletirem e se envolverem com essas tarefas desafiadoras. É imperativo que unamos nossos corações, rezemos juntos e discernamos a orientação do Espírito Santo enquanto nos preparamos sinceramente para esta jornada.”

O Papa e os jovens

A Oração Universal foi conduzida em vários idiomas por jovens de diferentes países, simbolizando a unidade global abraçada pela JMJ. A Missa concluiu com agradecimentos do núncio apostólico na Coreia e do secretário do Dicastério para Leigos, Família e Vida.

O arcebispo de Seul, dom Peter Soon-taick Chung (© Arquidiocese de Seul)

O arcebispo Giovanni Gaspari destacou a profunda conexão entre o Papa e os jovens, afirmando que “os jovens inspiram esperança e simpatia no coração do Papa. Isso atinge a grande simpatia e paixão com que ele fala sobre os jovens e para os jovens. O Papa olha para vocês, os jovens da Coreia, com grande confiança e afeição. Ele reconhece a contribuição essencial que vocês podem dar à Jornada Mundial da Juventude Seul 2027 e os acompanha com suas orações.”

Já o Dr. Gleison De Paula Souza, expressou gratidão e otimismo afirmando que “o Papa Francisco escolheu Seul como a cidade-sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, ciente da rica história e cultura da Coreia. É uma cidade que incorpora o espírito de inovação e esperança, valores que são intrínsecos à nossa missão. A todos os jovens presentes e aqueles que não puderam se juntar a nós, desejo fervorosamente que esta jornada seja de descoberta, crescimento e alegria para vocês. Que vocês retornem para suas casas inspirados e motivados para efetuar mudanças em suas comunidades e no mundo em geral. Como o tema de hoje proclama, ‘A esperança se acende em Seul!’ Que nossos corações também sejam acesos em antecipação a esta experiência maravilhosamente imaginada que nos levará a 2027.”

Próximos eventos

Em antecipação à JMJ Seul 2027, o lema do evento será revelado em setembro. Além disso, os símbolos da JMJ serão cerimoniosamente entregues a Seul em novembro, marcando outro marco significativo nesta jornada inspiradora.

Jovens da Coreia rumo à JMJ 2027 (© Arquidiocese de Seul)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pedro Crisólogo

São Pedro Crisólogo (A12)
30 de julho
País: Itália
São Pedro Crisólogo

Pedro nasceu em Ímola, uma província de Ravena, Itália, no ano de 380. Filho de pais cristãos, foi educado na fé, e cedo ordenado diácono. A imperatriz romana Galla Plácida o apoiava, fazendo dele seu conselheiro pessoal, e influenciando para que se tornasse arcediácono de Ravena, que na época era a capital do Império Romano no Ocidente e a metrópole eclesiástica.

Por volta de 433, o imperador romano do ocidente Valentiniano III, filho de Galla Plácida, favoreceu sua indicação a vigário-geral, e o Papa Sisto III o nomeou bispo de Ravena. Foi o primeiro bispo ocidental a ocupar essa diocese.

Pedro já era popularmente conhecido como o “doutor das homilias”, por seus sermões breves mas profundos. Consta que ele os preparava curtos para não cansar os fiéis. O apelido de Chrysologus, “das palavras de ouro”, teria vindo da imperatriz Galla Plácida depois de ouvir a sua primeira homilia como bispo. Ele é considerado um dos maiores pregadores da História da Igreja, também pela sua produção escrita.

São 176 homilias de natureza doutrinária, numa linguagem que explica tópicos difíceis de modo simples, claro, objetivo e atrativo, e portanto de fácil acesso ao grande público, o que gerou inúmeras conversões. Os temas incluem a Virgem Maria, São João Batista, dogmas, liturgia, a oração do Credo dos Apóstolos, o Mistério da Encarnação, a condenação das heresias ariana e monofisita, etc..

Mas foi também um pastor prudente, lúcido e seguro. Defendia que os fiéis tomassem a Eucaristia diariamente, algo incomum na época, e incentivava a confiança no perdão de Deus oferecido por meio da obra de Salvação de Cristo. Escutava solicitamente humildes ou poderosos. Era amigo próximo do Papa, e depois santo e Doutor da Igreja, Leão Magno (440-461).

Além das invasões bárbaras ao império romano e da disputa de poder da Igreja de Constantinopla com a Igreja de Roma, um terceiro grande desafio do período foi a proliferação de heresias. Pedro lidou de modo respeitoso mas firme com Eutíquio, superior de um mosteiro em Constantinopla que propunha o monofisitismo, isto é, que em Cristo havia apenas uma natureza, advertindo-o a obedecer ao Papa e às decisões do Concílio de Calcedônia (451).

São Pedro Crisólogo faleceu em Ímola, talvez em 450 ou 451, talvez em 30 ou 31 de julho. A Igreja definiu sua festa no dia 30 pois em 31 já se comemorava Santo Inácio de Loyola.

 Ele é considerado um modelo de pastor, pelo seu contato com o povo e pela excelência da sua pregação. Tem o título de Doutor da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não há dúvida de que São Pedro Crisólogo destacou-se pela sua pregação, particularmente oral, daí a sua alcunha. As homilias, pelo seu conteúdo verdadeiro, sem ambiguidades doutrinais, já seriam suficientes para lhe dar reconhecimento, mas a sua estudada brevidade, com a preocupação carinhosa de não cansar os fiéis, e em linguagem acessível – não banal ou empobrecida, mas simples e clara na sua profundidade – mostram um cuidado a mais que está na essência da multiplicação dos seus vastos frutos. Mas, acima de tudo, o testemunho da sua coerência de vida com o que falava, e escrevia, é com certeza a pedra fundamental que Pedro alicerçou nas suas pregações como razão do seu êxito evangelizador. De fato, sem a correspondência entre a palavra e a ação, não pode haver santidade nem sucesso no apostolado, mas apenas a crítica de Jesus aos fariseus hipócritas, resumido no dito popular “faça o que eles dizem, mas não faça o que eles fazem” (cf. Mt 23,1-4). A maior prova do testemunho de Cristo é justamente a perfeita conformidade entre o que disse e o que fez, incluindo o anúncio e a realização da Sua morte e Ressurreição. Não apenas pela excelência da sua pregação, portanto, mas pelo seu contato com todos, recebendo com a mesma atenção a nobreza e o povo, convenciam e conduziam para Deus, que é a função de todo batizado e mais ainda dos religiosos. Apesar das dificuldades da época, Pedro Crisólogo contou com algo em extrema necessidade hoje em dia, o apoio dos governantes. No contexto do desenvolvimento e consolidação das nações católicas na Europa, especialmente na Idade Média, e ainda que o pecado e as suas consequências estejam sempre presentes na História, a noção de que os governos religioso e civil devem estar associados pela base nos valores que provêm da Verdade de Deus foi fundamental para construir a sociedade civilizada. Na medida em que esta base de valores é dicotomizada, e a verdadeira Fé começa a ser desvaloriza e/ou perseguida pelas administrações políticas, a cultura entra em colapso e qualquer progresso nas atividades humanas irá inevitavelmente se voltar contra os próprios homens, porque perderá a razão e a objetividade dos corretos valores morais. As profundas crises éticas e morais contemporâneas são a constatação cabal desta divisão, no momento de maior desenvolvimento tecnológico da humanidade, que apesar deste nome se comporta de modo bestial. Sem Comunhão, obviamente não pode haver união… “diabo” significa, literalmente, “dividir”. Não por acaso, São Pedro Crisólogo, já na sua época, enfatizava os dois elementos que solucionam estas crises: a confiança no perdão de Deus, oferecido por Ele a todos através da Redenção em Cristo, e a Eucaristia, Comunhão, diária.

Oração:

Ó Senhor, Deus Único mesmo na Trindade, concedei-nos pela intercessão de São Pedro Crisólogo o conhecimento e o acesso da Palavra que mais vale, mais que todo o ouro mundo, e que submete o mundo ao preço infinito do Seu Sangue, Jesus Cristo; de modo que os corações e as nações possam ouvir e se juntar por fim às vozes dos anjos celestiais no infinito louvor a Vós. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Quais tentações um exorcista enfrenta?

Imagem referencial | Luis Ángel Espinosa, LC

Quais tentações um exorcista enfrenta?

REDAÇÃO CENTRAL, 18 de novembro de 2017

Pe. Doriam Rocha Vergara, um dos sacerdotes exorcistas mais jovens do mundo, decidiu revelar quais são as maiores tentações que enfrenta diariamente no exercício do seu ministério.

Em conversa com o Grupo ACI em 9 de novembro, assegurou que as tentações o perseguem especificamente no prazer, no poder e no ter.

1. Tentação do dinheiro

“Eu tenho a tentação do dinheiro. Meus irmãos sacerdotes pensam que eu sou o padre rico. Que tudo o que eu toco transformo em dinheiro. As pessoas pensam que eu sou rico”, disse o sacerdote.

2. Tentação das mulheres

Pe. Doriam afirma que há muitas mulheres que, por ser jovem e pela sua maneira de falar, pensam que é “diferente dos outros homens”.

“Isso desperta uma grande admiração e querer chegar a namorar com o Pe. Doriam. Normalmente são mulheres muito bonitas e muito formosas”, manifestou.

3. Tentação da desobediência

“Tentações de desobediência, rebeldia e soberba que muitas vezes tiram a glória de Deus. Quando um bispo me diz que não posso ir a certo lugar, por exemplo. Entretanto, nunca o desrespeitei”, assegurou o Pe. Doriam.

4. Tentação de reconhecimento e fama

O sacerdote indica que isso acontece quando um canal lhe “oferece visibilidade ou uma editora quer começar a receber os seus escritos”.

“Com relação ao tema do exorcismo não pode haver fama”, afirmou.

5. Tentações em sua família

“A família pensa que você é o solucionador de todos os problemas. Tanto emocionais quanto econômicos”, indicou o padre.

6. Tentação da soberba

Finalmente, Pe. Doriam manifestou que outra tentação que ele tem “é tornar-se uma pessoa que faz ‘mágicas’. De ter dons para curar, libertar, etc”.

A superação das tentações

Para superar as tentações, Pe. Doriam explicou que às vezes tem que fazer “autoexorcismos”, ou seja, orações que os exorcistas rezam para se protegerem.

Do mesmo modo, assegurou que não assiste televisão no seu quarto, não tem computador, não toma bebidas alcoólicas nem consome tabaco, e tem uma exigente vida de oração. Entre as orações estão: o Santo Rosário, o Santo Ofício, Laudes, Ângelus, Oração da Divina Misericórdia, Vésperas e Completas.

Finalmente, Pe. Doriam assegurou que o mais importante para ele é celebrar a Eucaristia diariamente.

“Não há um só dia na minha vida que não celebro a Eucaristia, com as pessoas ou sozinho. Ao lado do meu quarto, tenho uma capela, um oratório onde está o Santíssimo e a presença da Santíssima Virgem Maria”, destacou.

Fonte: https://www.acidigital.com/

ORIENTE MÉDIO: A mão tripla estendida

Barak com o presidente palestino Yasser Arafat durante a cúpula de 11 de julho em Eretz, na fronteira entre Israel e a Palestina | 30Giorni

ISRAEL. O novo primeiro-ministro e a retomada do caminho da reconciliação

A mão tripla estendida

Hipóteses sobre o diálogo simultâneo de Israel com a Síria, o Líbano e os palestinos.

por Igor Man

Há espaço para otimismo, ainda que moderado, mas ainda assim nuvens de tempestade permanecem à espreita no céu do Médio Oriente . Tendo esgotado quase todos os 45 dias que a lei colocou à sua disposição, Ehud Barak, o novo primeiro-ministro israelita, formou um governo de coligação alargada e prepara-se para enfrentar a "questão fundamental e não resolvida da paz", como ele próprio declarou ao Knesset. O governo de coligação inclui seis partidos que dão (teoricamente) ao primeiro-ministro 75 votos dos 120 parlamentares e isto também se deve à contribuição (muito discutida) dos ultraortodoxos do Shas , cuja participação foi em vão contestada pelos secularistas. do Meretz , até o fim. A mão tripla estendida de Barak à Síria, ao Líbano, aos palestinos , foi a manchete de um jornal que foi ecoado pela imprensa libanesa, observando que apenas uma mão é suficiente para fazer a paz, desde que esteja limpa. Mas a quem esta mão – única e limpa – deve ser estendida primeiro? Parecia (e parece) óbvio que deveria avançar em direção ao de Arafat. Por uma razão muito simples: a aplicação dos Acordos de Oslo (dos quais o presidente dos Estados Unidos é o fiador) foi adiada e posteriormente bloqueada com rude arrogância pelo anterior governo israelita, o de “Bibi” Netanyahu. Os Acordos de Oslo, substanciados pelos assinados posteriormente em Wye Plantation, preveem a retirada imediata das forças israelitas de 13 por cento da Cisjordânia ocupada. Esta retirada pressupõe o congelamento dos colonatos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém. Pois bem, em declarações recentes em que afirmou compreender o estado de espírito dos palestinos que anseiam pela sua terra, Barak não foi além da retórica (encorajando o quanto quiser, mas sempre com ar quente). Nenhuma menção a colonatos, nenhuma menção à retirada da Cisjordânia. E mais: Barak decidiu telefonar para Arafat apenas após uma solicitação (privada) e uma bofetada (pública) do Presidente Clinton, que teria "irritado muito" o antigo general.

Deve-se lembrar aqui que durante a fase final da formação do novo governo ocorreram dois acontecimentos importantes no Médio Oriente: um negativo, o outro positivo. O bombardeamento do Líbano, com Beirute escurecida e aterrorizada, após a chuva de foguetes enviados pelo Hezbollah (as milícias xiitas do Partido de Deus) sobre as casas da Alta Galileia. Por provocação, segundo Jerusalém (onde, segundo a lei, “Bibi” ainda governava), por retaliação, segundo o Hezbollah. Na verdade, aquele insano bombardeamento sobre o já feliz país dos cedros pretendia ser um “recompensa” para o exército israelita que, durante longos e ferozes 14 anos, não conseguiu levar a melhor sobre os guerrilheiros que define como terroristas enquanto se proclamam “ patriotas-irredentistas”. A retirada sensacionalmente anunciada, e na prática já iniciada, das forças armadas israelitas do sul do Líbano embora seja na verdade uma operação interna, no sentido de que a pressão exercida pelas "mães judias" sobre o Estado-Maior militar está na origem da dramática decisão, tem um certo valor político a nível internacional para poder facilitar uma negociação de paz entre israelitas e libaneses.

E chegamos ao acontecimento positivo: consiste na troca de gentilezas entre o recém-eleito Barak e o presidente sírio Hafez el Assad. Troca de gentilezas: “soldado honesto”, “líder sábio” e assim por diante, com uma garantia final e mútua de querer a “paz dos bons”.
No Médio Oriente sempre se disse que sem o Egipto a guerra não pode ser travada, sem a Síria a paz não pode ser feita. Há quatro anos, Rabin, o soldado da paz assassinado por um piedoso estudante fundamentalista por ser rejef (renegado, segundo a Torá ), conseguiu iniciar uma negociação promissora com a Síria. O actual primeiro-ministro, Barak, participou nessa negociação como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. De boas fontes sabemos que houve acordo «sobre 70 por cento dos “acordos de segurança”» entre a Síria e Israel. A tragédia da morte de Rabin, agravada pela política errática de “Bibi”, que visava apenas sabotar uma paz que implicava um preço mínimo a pagar, congelou aquele importantíssimo anteprojeto de acordo.

Presidente sírio Assad. No Médio Oriente sempre se disse que sem o Egipto a guerra não pode ser travada, sem a Síria a paz não pode ser feita | 30Giorni

E agora, depois das delicadezas, após o regresso de Barak de Washington, o fio dessa negociação verdadeiramente histórica poderia ser reunido. Magnífico. Mas há um “mas”. Não gostaríamos que, sem prejuízo das suas boas intenções, o antigo general Barak, também conhecido como o "pequeno Napoleão" e também o "raio", abordasse antes de mais nada o dossiê da Síria (ao qual o problema do Líbano está fatalmente ligado , país onde Assad exerce um feroz droit degard ), acaba por colocar a aplicação dos Acordos de Oslo em segundo plano, deixando Arafat na antecâmara. Provavelmente por muito tempo. Porque se é verdade que em 70 por cento das cláusulas de segurança muito importantes já existe um acordo (aperfeiçoável) entre Telaviv e Damasco, também é verdade, como reiterou Barak antes de partir para os EUA, que as negociações com a Síria deve ser conduzida no âmbito das duas famosas resoluções do Conselho de Segurança: 242 e 338. Ambas nunca esclareceram se o despejo (israelense) deveria ocorrer dos territórios ocupados ou dos territórios ocupados. Não será fácil, portanto, com toda a boa vontade, chegar a uma solução justa e aceitável relativamente à retirada do Golã (onde, entre outras coisas, prosperam os prósperos kibutzim israelitas ), num curto espaço de tempo.

Podemos acreditar que Barak quer e pode negociar em três mesas ao mesmo tempo (Síria, Líbano, Palestinos)? Parece difícil, nem mesmo a deusa Kali conseguiria. Então? É legítima a suspeita de que, ao optar (como parece provável) por favorecer as negociações com Assad, o General Barak quer ganhar tempo com os palestinianos. Atenção: não só pela aversão (partilhada por Assad) que leva a Arafat mas também pelas dificuldades objetivas. O mais dramático tem um nome de esquadrão: os colonos. Opressores, arrogantes, sempre armados, muitos de origem americana e nem sempre de judaísmo autêntico, transformaram os territórios onde dominam numa espécie de Extremo Oeste do Médio Oriente, com os palestinianos a agirem como os índios vermelhos. Eles constituem uma bomba-relógio que não é fácil de desarmar (eram a implicância de Rabin). Até porque entre eles há meninos de absoluta boa-fé enviados para colonizar a Terra dos Padres: foi o que lhes disseram e têm a certeza de que estão cumprindo um preceito moral-religioso. E como você pode dizer a eles: erramos, não é válido, saiam? Para contornar o obstáculo, Barak pretende tirar a poeira do famoso Plano Allon, lançado após a Guerra dos Seis Dias. Este Plano, para ser franco, significa a anexação por Israel de 40 por cento dos territórios ocupados em 1967.

Mesmo que Arafat, encurralado, quase no limite das suas forças físicas, aceitasse a reedição do Plano Allon, “não teríamos paz, mas sim um falso expediente que mais cedo ou mais tarde explodirá na cara de todos”, como disse o jornalista israelense Zvi Schuldiner escreve. Uma miserável federação de “bantustões” gerida por funcionários palestinianos administrativamente “casuais” não teria certamente as características da verdadeira paz. «Há quem pense que a paz se compra com desconto, que a segurança se adquire antes da paz e que a paz se faz lentamente. Esses são os três maiores erros. A paz tem um preço – a segurança é uma consequência e não um pré-requisito –, fazer a paz é um processo do coração que exige ímpeto e atenção”: estas são as palavras de um entristecido Shimon Peres. Amargurado porque foi relegado a um “Ministério do Desenvolvimento do Médio Oriente”, que atualmente continua a ser um objeto misterioso. Preocupado porque ainda não tem a certeza de que Barak se libertou (consegue libertar-se) dos dogmas que ainda envenenam o establishment israelita .

75 por cento dos israelitas resignaram-se à ideia de viver com um Estado palestiniano, uma vez que este é o objectivo final dos Acordos de Oslo. Até os políticos, até os governantes de Israel sabem disso. O problema é se estão dispostos a pagar o preço (justo) que isso implica, ou seja, se permanecem escravos do dogma de Eretz Israel .

Arquivo 30Dias - 07/08 - 1999

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF