Às vésperas do grande evento, a Athletica Vaticana escreve a
quem vai competir nos Jogos Paris 2024 e nas Paraolimpíadas no final de agosto:
vivam e ajudem a viver um momento de paixão mas também de inclusão "no
ritmo dos últimos", onde além do "mais rápido, mais alto e mais
forte" haja também lugar o valor de estar "juntos".
Vatican News
A Athletica Vaticana, associação poliesportiva oficial da
Santa Sé, enviou uma carta intitulada "Jogos da paz", datada de 24 de
julho, aos atletas que participam dos Jogos Olímpicos de Paris que começam
nesta sexta-feira, 26 de julho, e prosseguem até 11 de agosto.
Segue a íntegra da carta.
Amigo atleta, na sexta-feira, 26 de julho, em Paris, serão
abertos os Jogos Olímpicos, que têm de lidar com guerras, tensões e injustiças
- mesmo quando os holofotes estão apagados - em escala global. A proposta da
trégua olímpica - apoiada várias vezes pelo Papa Francisco, desde o dia 13 de
janeiro passado com a “sua” Athletica Vaticana - e a participação da Equipe de
Refugiados na competição são precisamente duas propostas de paz que todos nós,
a grande família esportiva, relançamos em um momento sombrio para a humanidade.
As Olimpíadas - e, a partir de 28 de agosto, as
Paraolimpíadas - são, antes de tudo, histórias de mulheres e homens que hoje
não conseguem deter “a terceira guerra mundial em pedaços” (como a chama o Papa
Francisco), mas sugerem a possibilidade de uma humanidade mais fraterna, por
meio da linguagem do diálogo esportivo, popular e compreensível para todos.
Em Paris, nestes dias, todos tentam incorporar os
verdadeiros valores do esporte: paixão, inclusão, fraternidade, espírito de
equipe, lealdade, redenção, compromisso e sacrifício. Cada treino, cada desafio
superado, cada momento de dificuldade enfrentado com coragem, trouxe cada um
para os Jogos Olímpicos, com uma consciência: o esporte não é apenas vitória ou
derrota, o esporte é uma jornada pela vida que nunca se faz sozinho. O Papa
Francisco nos lembra que o esporte “é uma grande ‘corrida de revezamento’ na
‘maratona da vida’, com o bastão passando de mão em mão, cuidando para que
ninguém fique para trás sozinho. Ajustar o próprio ritmo ao ritmo do último”
(prefácio do livro “Jogos da Paz. A alma das Olimpíadas e Paraolimpíadas”).
Sim, “no ritmo dos últimos”: o abraço mais fraterno é para
todos aqueles que vivem todos os dias - também tentando se agarrar à esperança
que o esporte dá - realidades difíceis, entre guerras, pobreza, injustiça,
tensões e medo. O Papa Francisco confessa: são precisamente eles que “nos
contam histórias de redenção, esperança e inclusão”. Com esse espírito de
fraternidade também por meio do esporte, apenas algumas horas antes do início
dos Jogos de 2024, a Athletica Vaticana mais uma vez levanta o apelo de Francisco
por uma trégua olímpica.
Amigo atleta, em Tóquio, há três anos, o Comitê Olímpico
Internacional acrescentou a palavra “Juntos - Communiter” ao famoso lema
olímpico “Mais rápido, mais alto, mais forte”: em Paris, portanto, serão
Olimpíadas e Paraolimpíadas com o estilo “Juntos”. O Papa Francisco nos
escreveu: “Nessa perspectiva, a palavra-chave para o esporte, hoje mais do que
nunca, é ‘proximidade’. Esta é a primeira sugestão que, como ‘treinador do
coração’, sempre proponho à Athletica Vaticana”. Uma sugestão do nosso excepcional
“treinador”, Papa Francisco, que compartilhamos fraternalmente com prazer:
proximidade!
Amigo atleta, coragem! Ninguém está sozinho na experiência e
no ato do esporte: há sempre uma equipe, uma família, uma comunidade ao seu
lado. Em Paris, cada atleta olímpico está prestes a viver o sonho que vem
construindo desde a infância: é a grande oportunidade que chega - finalmente -
depois de tê-la planejado, preparado e esperado muito tempo por ela. Uma
oportunidade que não deve ser desperdiçada, tanto do ponto de vista humano
quanto esportivo. Há outra sugestão que o “coach Papa Francisco” sempre propõe:
mesmo no nível mais alto, sim, mesmo nas Olimpíadas, faz diferença manter o
espírito “amador” de gratuidade, aquele estilo de simplicidade que freia a
busca desmedida por dinheiro e sucesso “a todo custo”, sob o risco de
sobrecarregar tudo em nome do lucro, fazendo com que as pessoas percam a
alegria que as atrai para a paixão esportiva desde a mais tenra idade.
Amigo atleta, com a beleza e a justiça do gesto esportivo de
cada um, e sem jamais recorrer a atalhos - uma derrota limpa é sempre melhor do
que uma vitória suja -, os Jogos podem ser oportunidades de esperança, nas
pequenas e grandes questões de cada um e da humanidade.
Sim, as Olimpíadas e as Paraolimpíadas podem ser estratégias
para a paz e antídotos para os jogos de guerra para vencermos, juntos, a
medalha da fraternidade.
Com um abraço de amizade esportiva e com gratidão pelas
emoções que viveremos!
Fraternalmente,
Athletica Vaticana
*Associação poliesportiva oficial da Santa Sé
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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