Por que fazemos o sinal da Cruz?
“É a cruz que fecunda a Igreja, ilumina os povos,
guarda o deserto, abre o paraíso” Proclo de Constantinopla, bispo.
A primeira coisa que nossos pais católicos nos ensinam a
fazer é o sinal da Cruz. É uma das mais belas marcas de nossa religião; é o ato
que inicia e termina nossas orações particulares ou coletivas. É um sinal
externo que “nos volta para Deus”.
Sua referência é bíblica. Uma delas está no livro de
Ezequiel (9,3-4): “O Senhor disse: Percorre a cidade, atravessa Jerusalém e
marca na fronte os que se lamentaram afligidos pelas abominações que nela se
cometem”.
A marca é um tau (T), última letra do alfabeto hebraico, que
tinha a forma de uma cruz. Os marcados são propriedade do Senhor, uma porção
sagrada e intocável. Em Apocalipse 7,3 temos outra cena semelhante: “Não
causeis danos à terra nem ao mar nem às árvores, até que selemos a fronte dos
servos do nosso Deus”. Em ambos os textos, a marca na fronte significava a
salvação e sem ele o homem não seria poupado.
Tertuliano (†220) escrevia no ano 211 d. C.: “Nós marcamos
nossa fronte com o sinal da cruz. Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e
entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as
refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em
todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da Cruz”
(De corona militis 3).
Fazer o sinal da cruz já era um hábito antigo quando
escreveu isso.
Há muitos textos bíblicos, que louvam e exaltam a Cruz de
Cristo:
Mt 10,38: “Aquele que não toma a sua cruz e me
segue, não é digno de mim” (Cf. Mc 8,34; Lc 9,23; 14,27).
Mt 16,24: “Disse Jesus aos seus discípulos: Se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Gl 2,19: “Pela Lei morri para a Lei, a fim de
viver para Deus. Fui crucificado com Cristo”.
Gl 6,14: “Quanto a mim, não aconteça gloriar-me
senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado
para mim e eu para o mundo”.
Diz ainda Santo Hipólito de Roma (†235), descrevendo as
práticas dos cristãos do século II: “Marcai com respeito as vossas cabeças
com o sinal da Cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o
diabo, se á feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de
que á um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao
fazer o sinal da Cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos
espreite para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos 42).
São Paulo exalta a santa cruz: “A linguagem da cruz é
loucura para os que se perdem, mas para os que se salvam, isto é para nós, é
uma força divina” (1 Cor 1,18).
Podemos e devemos fazer o sinal da cruz sempre que vamos
rezar, conversar com Deus, pedir a sua proteção. Ao passar por uma igreja, ou
outro lugar sagrado, podemos fazer o sinal da cruz, com respeito, e bem feito,
para pedir a Deus a sua proteção. O importante é a intenção de rezar,
“voltar-se para Deus”. O próprio Sinal da Cruz é uma oração. Importa que seja
feito com devoção, e não como superstição.
Diante do Santíssimo Sacramento, pode-se fazer o sinal da
cruz, mas não é obrigatório; e sim a genuflexão. Também não é necessário fazer
o sinal da cruz ao receber a sagrada Comunhão, pois já o fizemos no início da
celebração.
Nota: vale a pena lembrar que no dia 14 de setembro a Igreja
celebra a festa da exaltação da santa cruz.
“… Até hoje a cruz é glorificada; com efeito, é a cruz
que ainda hoje consagra os reis, adorna os padres, protege as virgens, dá força
aos ascetas, reforça os elos dos esposos, dá ânimo às viúvas. É a cruz que
fecunda a Igreja, ilumina os povos, guarda o deserto, abre o paraíso” Proclo de
Constantinopla, bispo (c. 390-446) – Sermão para o Domingo de Ramos.
Prof. Felipe Aquino
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