06 junho
2024
CnCMadrid
POR JAVIER
LOZANO
Texto e fotografias: Revista Misión www.revistamision.com,
artigo publicado na edição 72.
A Serva de
Deus Marta Obregón morreu com apenas 22 anos, defendendo até o fim o que tinha
de mais valioso: sua pureza. O testemunho desta jovem de Burgos, atualmente em
processo de beatificação, está provocando grandes graças, especialmente em um
mundo como o atual, que não dá ao corpo o valor que ele possui.
“Eu só te
peço uma coisa: que, seja o que for, me dês forças suficientes para aceitá-lo e
cumpri-lo. Que isso nunca me afaste de Ti, mas que fortaleça cada vez mais as
cordas que me prendem a Ti. Porque só Te deixo me guiar. Só a Ti, meu Deus. Tu
decides em mim e eu aceito. Assim é que alcançarei a felicidade.” Isso foi o
que escreveu pouco antes de sua morte a jovem Serva de Deus Marta
Obregón (1969-1992), mártir da castidade, assassinada em 21 de janeiro
de 1992, em Burgos, com apenas 22 anos, defendendo com todas as suas forças sua
pureza e sua virgindade. Seu processo de beatificação já está em Roma.
FIEL ATÉ A MORTE
Marta foi
sequestrada e assassinada em 21 de janeiro, festividade da virgem e
mártir Santa Inês, e de uma forma muito semelhante a Santa
Maria Goretti, também virgem e mártir, pois, assim como ela, recebeu 14
facadas, evidenciando o vínculo tão profundo que une Marta a essas duas grandes
santas de épocas diversas.
“Defender
até o fim a virtude da castidade não é compreendido hoje em um mundo cheio de
uma ideologia frenética que busca prazer e o imediato, onde não há espaço para
pensar que esta vida terrena é apenas a primeira parte de nossa vida e que nos
espera uma segunda, que é eterna. Deus, ao nos criar à sua imagem e semelhança,
nos fez eternos. Por isso, nosso corpo tem um valor enorme, muito além do
estético ou do prático, porque é morada do nosso espírito”, explica à Misión Carlos
Metola, delegado da parte autora da causa de beatificação.
“Marta
havia encontrado Deus, mas continuava buscando-O cada vez com mais intimidade”
Isso foi
muito claro para a jovem de Burgos, tanto que, ao escolher entre sua vida ou
sua castidade, não hesitou em oferecer sua vida para proteger sua castidade.
Metola aponta que “a defesa contra um violador parece algo natural, e
certamente é um reflexo natural, mas quando não há outra maneira de sobreviver,
isso não fica tão claro, porque salvar a própria vida também é um reflexo
natural, provavelmente mais forte do que simplesmente se defender”. Mas Marta
resistiu até o fim de maneira martirial. Desse modo, ele acrescenta: “Marta não
se submeteu porque já tinha o seu esposo e queria ser fiel a ele até o fim!”.
EM BUSCA DO SEU AMADO
Marta era
uma jovem cheia de vida e sonhos, sorridente e dedicada. Estudava Jornalismo e
estava terminando o curso quando foi assassinada. Queria, através do seu
trabalho, fazer o mesmo que fazia com sua própria vida: “melhorar o mundo”. Era
uma garota espontânea e sempre disposta a ajudar os outros. Teve uma forte
experiência de Deus que a transformou completamente, especialmente em seus dois
últimos anos de vida, após superar uma pequena crise de fé que a afastou da
Igreja por um tempo.
“Marta
estava como se tivesse voltado, era claro que Deus a havia desprendido de tudo:
estudos, namorado, projetos… Sua forma de ser, na minha opinião, era a de uma
mulher que havia encontrado a Deus, mas continuava buscando-o cada vez com mais
intimidade”, relatava uma amiga sua, cujas palavras foram registradas no livro Marta
Obregón, ‘Hágase’. Yo pertenezco a mi amado (Fonte Monte Carmelo,
2018), escrito pelo sacerdote Saturnino López, postulador diocesano de sua
causa de beatificação.
Seus
pais, José Antonio e Maria Pilar, pertencentes ao Opus Dei,
transmitiram-lhe a fé. Marta esteve vinculada aos clubes da Obra até o dia de
sua morte, pois ao sair do Club Arlanza de Burgos e após se despedir do Senhor
no Sacrário da capela, ela iniciou o caminho para casa, mas nunca chegou lá.
Nessa
intensa busca por Deus, Marta teve uma experiência muito forte durante uma
peregrinação a Taizé. Pouco tempo depois, foi no Caminho Neocatecumenal que
essa jovem encontrou a resposta para descobrir o verdadeiro “sentido da vida”.
Em uma ocasião, um sacerdote que lhe dava aulas no instituto perguntou a Marta
sobre seus futuros projetos como jornalista, algo que ela tanto almejava
anteriormente. A resposta dela ficou gravada em sua memória: “Hoje, na minha
cabeça, só cabe Deus”.
A VIRGEM COMO MODELO
Inclusive,
poucos meses antes de morrer, em resposta a um chamado vocacional em sua
comunidade em Burgos, ela se ofereceu para se entregar totalmente a Deus como
missionária “itinerante”, ou seja, como uma evangelizadora leiga disposta a
anunciar o Evangelho em qualquer lugar do mundo.
“Necessito
te seguir, Senhor; quando me afasto de ti, experimento a morte”
Seguindo o
exemplo da Virgem Maria, “Faça-se” tornou-se a palavra favorita de Marta. Ela
sempre a tinha nos lábios. Seu empenho durante seus últimos dias, como refletem
os escritos e anotações que tinha feito, era cumprir a todo momento a vontade
de Deus e entregar tudo ao seu Amado, a Cristo, aquele que havia dado sentido à
sua vida. Assim, ela escreveu no final de 1990: “O cristão é uma pessoa alegre
e que semeia alegria, graças à paz interior que sempre carrega e à presença de
Deus em sua vida. Minha maior súplica nesta convivência é: discernimento e paz.
Que aumentes minha fé, preciso te seguir, Senhor; quando me afasto de Ti, sinto
a morte”.
APAIXONADA PELA EUCARISTIA
Essa união
tão íntima foi se manifestando através da presença real de Cristo, o que levou
Marta a deixar escritas algumas breves reflexões em suas anotações, mostrando
como seu espírito transbordava: “Sem oração e sem Eucaristia não há santo que
aguente”. E em outra, ela adicionou: “A Eucaristia é a vida de nossa alma e a
saúde de nossa morte”.
Uma
testemunha de sua última noite relatou que, antes de ir para casa, Marta foi ao
oratório do clube onde estava estudando para se despedir do Senhor. Ela fez uma
genuflexão diante do Santíssimo e saiu, deixando os livros e anotações ali para
voltar no dia seguinte após assistir à Missa e comungar em uma igreja próxima.
Passaram-se
32 anos desde sua morte, e sua vida continua sendo um exemplo, especialmente
para os mais jovens. Era alegre, inteligente e sabia se divertir de forma
saudável, mas Marta Obregón é sobretudo um modelo no qual a juventude atual
pode se espelhar para descobrir a virtude da pureza e o verdadeiro valor do
corpo.
“Se eu
pudesse dar exemplo…!” Carlos Metola indica que são
numerosas as graças e os favores produzidos por sua intercessão, e embora
muitas pessoas de todos os tipos tenham recorrido a ela, destaca a grande
quantidade de jovens. Houve garotas que encontraram sua vocação para a vida
religiosa graças ao seu testemunho, curas inexplicáveis de doenças e também
ajuda em situações familiares graves. “Vejo que Deus me ‘exige’ cada vez mais,
e mesmo nisso me sinto privilegiada. Se eu pudesse dar exemplo com minha
vida…!”, escreveu Marta, sem saber então que seu testemunho seria um presente
para toda a Igreja, e que seu exemplo é ainda hoje mais urgente do que quando
se tornou mártir da pureza.
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