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quinta-feira, 4 de julho de 2024

O que acontece com o cérebro quando rezamos (1)

Vários estudos analisaram o que acontece dentro do cérebro quando rezamos (GETTY IMAGES)

O que acontece com o cérebro quando rezamos

28 junho 2024

Atribui-se ao famoso escritor britânico C.S. Lewis, criador do universo literário de Nárnia, uma frase que descreve muito bem o que rezar significa para muitas pessoas.

"Rezo porque não posso evitar, rezo porque estou desconsolado, rezo porque a necessidade de fazer isso flui de mim o tempo todo, acordado ou dormindo. (Rezar) Não muda Deus. Me muda", disse o autor certa vez.

Hilary, ouvinte do programa de ciência da BBC Crowdscience, sente algo semelhante quando reza sentada no tronco de uma árvore ou fazendo uma caminhada: "Quando rezo, sinto uma conexão com Deus. Mas a oração tem muitas variações. Pode acontecer na calma de um momento e pode ser sem palavras, e há vezes em que pode ser uma oração em grupo na igreja."

Mas ultimamente, quando se senta para rezar, uma pergunta vem à cabeça: "Como rezar afeta o cérebro e o bem-estar mental?"

A equipe do BBC Crowdscience consultou especialistas para tentar entender o que acontece no cérebro das pessoas que rezam e saber se esse mecanismo está necessariamente relacionado a crenças religiosas, ou se talvez possa estar presente naqueles que meditam ou levam uma vida criativa.

Quando entramos em oração, o lobo frontal é ativado. Mas na oração profunda, a atividade do lobo frontal diminui novamente (GETTY IMAGES)

O cérebro

O neurocientista Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Instituto Marcus de Medicina Integrativa da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos, dedica-se a estudar os efeitos da oração e de outras práticas religiosas no bem-estar mental de seus pacientes.

Por meio de ressonâncias magnéticas, sua equipe conseguiu ver as áreas do cérebro que são ativadas no momento em que uma pessoa está rezando.

"Uma maneira comum de rezar é quando uma pessoa repete uma oração específica várias vezes como parte de sua prática. E quando você faz uma ação como essa, uma das áreas do cérebro que é ativada é o lobo frontal", explicou o especialista à BBC.

Isso não surpreende, já que o lobo frontal tende a se ativar quando nos concentramos profundamente em uma atividade. O que surpreende Newberg é o que acontece quando as pessoas entram no que sentem como "oração profunda".

"Quando a pessoa sente que a oração está quase tomando conta dela, por assim dizer, a atividade do lobo frontal realmente diminui. Isso ocorre quando o indivíduo relata sentir que não são eles que estão gerando a experiência, mas que é uma experiência externa que está se passando com ele", disse o pesquisador.

A oração profunda, descobriu Newberg, também gera uma redução na atividade no lobo parietal, na parte mais traseira do cérebro. Essa área recebe informações sensoriais do corpo e cria uma representação visual dele.

Newberg diz que uma redução na atividade do lobo parietal poderia explicar os sentimentos de transcendência reportados por quem reza profundamente: "À medida que a atividade nessa área diminui, perdemos o senso do eu individual e temos esse senso de unidade, de conexão".

Uma questão de fé?

Para muitas pessoas, rezar faz com que elas se sintam parte de algo além de si mesmos, uma sensação que é comum a quem medita

Para Hillary, a explicação de Newberg faz sentido, e a relaciona com o que sente quando reza: "Suponho que o sentimento de perder o senso de eu individual tenha a ver com essa conexão que sinto com Deus quando estou em oração contemplativa".

Mas rezar é uma experiência imensamente pessoal: se para Hillary ela pode acontecer sentada em um tronco de árvore ou em uma caminhada na natureza, para outros, pode ser em um diálogo em voz alta com Deus, no silêncio absoluto ou mesmo no canto.

Práticas semelhantes à oração, mas sem qualquer fundamento religioso, poderiam produzir os mesmos efeitos sentidos por aqueles com crenças profundas?

Para Tessa Watt, especialista em práticas de meditação e mindfulness que já trabalhou com centenas de clientes, esse estado pode ser alcançado concentrando a atenção no presente e nas sensações que experimentamos.

"Acredito que tanto o ato de rezar quanto o mindfulness ajudam a tranquilizar uma pessoa, para que ela tenha mais tempo para si mesma e também ative o sistema nervoso parassimpático", explica Watt.

O sistema nervoso é composto por dois sistemas autonômicos distintos que controlam a maioria das respostas automáticas do corpo.

Por um lado, o sistema simpático regula as chamadas respostas de "luta ou fuga", aquelas que exigem que o corpo reaja rapidamente a uma ameaça. Por outro lado, as tarefas relacionadas ao "descanso e digestão" ficam a cargo do sistema parassimpático.

"Isso significa que, ao praticar mindfulness, você aprende a acalmar sua resposta de luta ou fuga, tornando-se mais eficiente no controle de suas emoções", diz Watt.

Esta é uma adaptação do programa Crowdscience da BBC, apresentado por Caroline Steel e produzido por Jo Glanville. O episódio original pode ser ouvido aqui.

Fonte: https://www.bbc.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF