O que acontece com o cérebro quando rezamos
28 junho 2024
Relação com Deus
Para algumas pessoas que crescem em ambientes
fortemente religiosos, o relacionamento com um deus pode refletir nas relações
emocionais com pessoas do entorno, disse à BBC o pesquisador Blake Victor Kent,
sociólogo do Westmont College, na Califórnia.
"A oração pode ser benéfica, mas você tem que
levar em conta diferentes fatores, especialmente como você se conecta com Deus
emocionalmente."
Blake era pastor e hoje estuda o impacto que a
religião tem na vida das pessoas.
"Se você vem de um ambiente onde há
dificuldade em confiar nos outros, rezar com certeza será mais difícil para
você."
Para entender o que ele diz sobre Blake, devemos
falar sobre a teoria do apego, da psicologia: é a ideia de que a relação que os
seres humanos têm com seus cuidadores primários define o tipo de relacionamento
que eles terão no futuro.
A teoria diz que se você teve um cuidador presente
e confiável quando criança, com certeza formará laços adultos
"seguros". Se teve um cuidador inconsistente, como Blake, será
difícil estabelecer relações de confiança quando adulto – a confiança é
fundamental para o desenvolvimento da fé. Isso pode tornar muito difícil para
alguns gerar um relacionamento íntimo com Deus e, se vivem em um ambiente muito
religioso, podem se sentir culpados por não serem capazes de desenvolvê-lo.
"Para mim", diz Blake, "rezar parece
vazio, arriscado, incerto".
Blake se define como uma pessoa ansiosa que sofreu
muito durante sua carreira como pastor porque sentia que havia algo que ele não
fazia bem quando rezava.
"E acho que o mesmo acontece com muitas
pessoas em congregações religiosas, o que as faz sentir que estão fazendo algo
errado ou que Deus está chateado com elas", quando rezam e veem que não
obtêm os mesmos resultados que todos ao seu redor.
Embora ter uma relação de insegurança com Deus
possa ser prejudicial, Blake diz que entender de onde essa insegurança vem pode
ajudar. Além disso, os vínculos podem ser modificados por meio da psicoterapia,
algo que pode ser positivo para a saúde mental de maneira geral.
Atividades criativas
Segundo o neurocientista Andrew Newberg, sua
pesquisa revela que há outros tipos de momentos em que as imagens do cérebro
são notavelmente semelhantes às da oração profunda em ressonâncias magnéticas.
"Houve estudos muito interessantes de músicos
muito bem treinados que, quando começam a improvisar, diminuem a atividade de
seus lobos frontais, e é quase como se a música chegasse até eles da mesma
forma que certas pessoas sentem que Deus vem até elas", disse ele.
"A criatividade pode ser uma prática
profundamente espiritual para muitas pessoas, tenham elas uma vida religiosa ou
não. E acho que as duas coisas estão relacionadas, porque o cérebro não tem uma
área designada apenas para religião."
Newberg explica que os centros emocionais de nossos
cérebros são estimulados por meio de experiências transcendentais, seja falando
com Deus ou ouvindo a Nona Sinfonia de Beethoven.
"E, claro, com práticas religiosas e
espirituais está mais do que provado que funcionam, se considerarmos a enorme
quantidade de tempo que têm sido usadas por humanos e como elas persistem para
além de mudanças políticas ou tradições culturais."
Depois de ouvir os especialistas, Hillary disse à
BBC que consegue entender melhor suas experiências e como elas se relacionam
umas com as outras.
"Consigo reconhecer que tenho uma experiência
parecida, mas diferente, através de todas essas atividades. Quando eu rezo,
tenho uma conexão com Deus. Mas quando eu canto e tenho uma sensação
semelhante, é uma conexão com a música."
"Posso dizer que tanto quando falo com Deus,
quanto quando canto com o coral, sinto como algo espiritual."
Esta é uma adaptação do
programa Crowdscience da BBC, apresentado por Caroline Steel e produzido por Jo
Glanville. O episódio original pode ser ouvido aqui.
Fonte: https://www.bbc.com/
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