As informações sobre os pais da Virgem Maria, São
Joaquim e Santa Ana, incluindo seus nomes, não se encontram na Bíblia, mas
vêm de referências de textos apócrifos, como o Protoevangelho de Tiago
e o Evangelho do Pseudo-Mateus, além da Tradição. Tais fontes indicam que
moravam em Jerusalém, eram judeus exemplares e piedosos, e assim esperavam a
vinda do Messias.
Ana era filha de Achar e irmã de Esmeria, a mãe de Isabel e
avó de São João Batista. Joaquim era um homem piedoso e muito rico, da
tribo de Davi. Depois de casados, não tiveram filhos, o que, para a
mentalidade judaica, era sinal de falta da bênção de Deus e condição
humilhante. Suplicaram então a Deus, com orações, lágrimas e jejuns, a
graça de gerarem um filho, mesmo já tendo chegado à velhice. O pedido foi
atendido, e à filha deram o nome de Mirian (Maria), que significa “a
amada”, “a esperada”, “a desejada”.
Até os três anos de vida, Maria morou com os pais numa casa
próxima à piscina de Betesda (ou Betzaeda, Betezatá, Betsata, Betzada), onde
Jesus anos depois curou milagrosamente um paralítico (Jo 5,1-9). Os
Cruzados construíram no local, no século XII, uma igreja dedicada a Santa Ana,
ainda existente. Foi então levada pelos pais ao Templo de Jerusalém,
para ser consagrada a seu serviço, em sinal de gratidão.
Só em 1969 a Igreja definiu um dia único para venerar
o casal, 26 de julho. Anteriormente, apenas Santa Ana era festejada, e
em datas diferentes no Ocidente e no Oriente. Ela é invocada como padroeira das
mães (que pedem um parto feliz, filhos saudáveis e leite suficiente
para amamentar) e das viúvas, nos partos difíceis e contra a esterilidade
conjugal. Santana ou Sant’Ana é também nome de muitas localidades e
adotado igualmente como sobrenome familiar.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Independentemente da exatidão dos dados históricos sobre os
pais de Nossa Senhora, que contudo não são necessariamente falsos e condenáveis
e podem ser aceitos com razoabilidade, o que unicamente importa é que foram
especialmente abençoados por Deus. E seus nomes conhecidos, em Hebraico,
exprimem coerentemente as suas pessoas: Ana é “graça”, e Joaquim “Javé prepara”
ou “Javé fortalece”. Imensa é a graça, a fortaleza, e o preparo, necessários
para alguém ser responsável por Nossa Senhora! E para nós, que A queremos levar
no coração por toda a vida, não menores são a graça, o preparo e a fortaleza
indispensáveis para viver responsavelmente qualquer devoção e consagração a Ela
oferecidas. A vida espiritual não pode ser leviana. Deus nos pedirá contas do
modo como tratamos a Sua Mãe. Mesmo para quem não Lhe é devoto, ao menos um
santo respeito é exigido, mas sobretudo é o amor filial, íntegro, simples,
verdadeiro, que basta na relação com a mais acolhedora das mães. Não gerar
vida, diante de Deus, é sim algo humilhante, não em relação à do corpo, mas à
da alma… Logo, como Joaquim e Ana roguemos incessantemente a Deus, entre
lágrimas sinceras e jejum dos pecados, da indiferença e da acomodação, para
sermos solo fecundo. Caso contrário, o tempo inevitavelmente passará, e a
velhice de alma, que corresponde a uma paralisia no trato com Deus, nos tornará
estéreis na caridade, as boas obras que são o sinal de vida eterna. Somente na
intimidade fecunda com o Espírito Santo é que poderemos gerar esta vida. Mas
toda vida que nasce precisa crescer, e por isso deve ser consagrada ao Senhor,
para que, imersa na piscina de Suas bênçãos, se torne “Mirian”: a vida amada, a
vida desejada, isto é, a vida infinita. A união da alma com Deus gera frutos de
caridade, que crescem e se transformam na vida celeste que esperamos. É natural
que contemos com esta sabedoria nas pessoas mais velhas (embora atualmente o
hedonismo e o ateísmo corrompam mesmo muitos dos que mais deveriam estar
atentos à inevitabilidade da morte), e sobretudo que a saibam transmitir às
novas gerações. É um dos maiores bens que os idosos podem fazer,
santificando-se e aos demais, pois a autoridade deste seu apostolado tem
profunda repercussão na formação dos jovens e crianças. O seu exemplo de
fidelidade aos verdadeiros valores, sob as mais diferentes circunstâncias,
através de um longo período de tempo, é em si uma santificação. Por isso os
mais idosos, no contexto bíblico, estão associados a referência de respeitosa
veneração (cf. 2 Mc 6,23). São Joaquim e Santa Ana são portanto modelo na
santidade vivida em idade avançada. A eles devemos rogar, pedindo pelo resgate
da valorização dos mais velhos na sociedade atual, que senil e estéril de
comunhão com Deus, induz crianças, jovens e adultos a menosprezarem e mesmo promoverem
o “desfazer-se” dos anciãos, pelo crime da eutanásia.
Oração:
Deus Pai, que criastes a vida, concedei-nos por intercessão
de São Joaquim e Santa Ana a graça de sermos como eles tão familiares a Nossa
Senhora que, ignorados em tudo o mais, baste esta referência em nossa vida,
para sermos plenamente conhecidos no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa
Senhora. Amém.
Fonte: https://www.a12.com/
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