João de Fidanza nasceu no ano de 1218 em Bagnorea (atualmente
Bagnoregio), região de Viterbo, Itália. Seu pai era um médico famoso,
mas não conseguiu curá-lo de uma enfermidade grave na infância, que foi obtida
quando a família reunida a pediu por intercessão de São Francisco de Assis.
Foi para Paris estudar, e lá, aos 20 anos, entrou para a Ordem Franciscana com o nome de Boaventura.
Concluídos em 1253 os cursos de Filosofia e Teologia na Universidade de Paris,
foi nela nomeado, no mesmo ano, catedrático das duas matérias, pois sua
inteligência e sabedoria o destacavam. Nesta mesma universidade
conheceu e fez grande amizade com São Tomás de Aquino, a partir da
qual muitas e fundamentais obras espirituais e literárias
surgiram através de ambos, conduzindo a Igreja nos séculos futuros.
Boaventura via na Ordem Franciscana, e por isso com
ela se identificou, um reflexo da própria Igreja, pois ambas haviam surgido
entre homens simples e humildes, só posteriormente agregando-se a elas os
nobres e cultos. As ordens mendicantes, como a dos
franciscanos, representavam assim as origens da Igreja, e por isso
precisavam ser preservadas.
Em 1254 surgiu grande controvérsia entre os mestres
seculares e os das ordens mendicantes, os primeiros argumentando que aquelas
não deveriam ser reconhecidas pelas universidades. Foi na defesa destas Ordens que, pelas suas qualidades superiores
como teólogo e orador, Boaventura se destacou no meio eclesiástico.
Em 1257 ele foi nomeado pelo Papa Alexandre IV, em função da sua virtude e cultura,
ciência e sabedoria, como superior geral dos franciscanos (com o título oficial
de Ministro-Geral da Ordem dos Frades Menores). Por isto
deixou o ensinou nos seguintes 18 anos, bem como teve que viajar muito pela
Europa em missões importantes.
Em 1260 escreveu uma biografia de São
Francisco de Assis, a Legenda Maior, superior a todas as anteriores e com o
objetivo de fortalecer a unidade da Ordem, que já contava com cerca
de 30 mil frades, mas se via ameaçada por espiritualidades discutíveis e
influências mundanas. O famoso pintor Giotto inspirou-se nesta obra para
realizar sua série “Histórias de São Francisco”.
O Papa Gregório X o tornou bispo e cardeal de
Albano Laziale em 1273, encarregando-o de organizar e dirigir o Concílio de
Lyon de 1274, no qual foi trabalhada a unidade entre a Igreja latina
e a grega, bem como a reconciliação entre o clero secular e as ordens
mendicantes
Além de todas estas suas altas funções e
responsabilidades, Boaventura escreveu ainda uma
vasta e profunda obra, abordando quase todos os assuntos acadêmicos da sua
época, com destaque porém para a Filosofia e Teologia, testemunhando
a relação mútua entre estas duas disciplinas, com a submissão da primeira à
segunda. Para ele, Cristo é o caminho de todas as ciências, e só a Verdade
revelada pode uni-las e plenificá-las para o seu objetivo de levar ao
conhecimento de Deus.
Procurando sempre fundamentar com a
Razão as verdades da Fé, tomou a Caridade como base do seu pensamento
teológico. Este foi desenvolvido num total de 11 volumes. Entre
os muitos e diversos textos, destacam-se "Comentário sobre as Sentenças de
[Pedro] Lombardo”, (incluindo "Comentário sobre o Evangelho de São
Lucas", Itinerarium Mentis in Deum, Breviloquium, De Reductione Artium ad
Theologiam, Soliloquium e De septem itineribus aeternitatis), realizado por
ordem dos seus superiores, quando tinha apenas 27 anos. Escreveu o tratado
“Sobre a Perfeição da Vida" para Santa Isabel de França, irmã de São Luís
IX de França, e suas clarissas.
Após duas e decisivas intervenções no Concílio de
Lyon, São Boaventura faleceu em 15 de julho de 1274, assistido pessoalmente
pelo Papa.
O modo exemplar como
conduziu a ordem franciscana o tornou conhecido por “Segundo Fundador” e
“Segundo Pai” da mesma. Recebeu o título de Doutor da Igreja – “Doutor
Seráfico”, paralelamente a São Tomás de Aquino, o “Doutor Angélico”.
Colaboração: José Duarte de
Barros Filho
Reflexão:
Fato comum na vida dos santos é
a influência benéfica e inicial da família na sua formação espiritual,
independentemente da situação cultural, social ou econômica. São Boaventura foi
curado na infância pela intercessão da família reunida… não apenas por um dos
pais, por exemplo, mas por toda a família. A oração em família é, de fato, um
caminho de cura para muitos males e para a obtenção de muitas graças, e precisa
ser urgentemente resgatada e valorizada como atividade habitual nos lares
católicos. “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, ali estou no
meio deles” (Mt 18,20): quanto mais se estes forem uma família… a de Nazaré
rezava junta. Sua grandiosa obra, acadêmica, pastoral, evangelizadora,
administrativa, e especialmente espiritual é centrada na Caridade, como
fundamento teológico, fundamento este a que se submetem a Filosofia, e demais
ciências: uma ordenação hierárquica que interconecta na Verdade o conhecimento
e a ação humana sob a primazia de Deus. Escreveu que “Não basta a leitura sem a
unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem
maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a
piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem
a graça”. Amém. São Boaventura foi também reformador da Ordem Franciscana,
ameaçada então por discutíveis espiritualidades. E suspeitas influências
humanas. Também hoje, no contexto maior da crise da Igreja em geral, os
franciscanos foram muito atacados pela herética “Teologia da Libertação”.
Rezemos para que o Senhor, a Virgem Maria, São Francisco de Assis e São
Boaventura libertem a sã Teologia desta ideologia comunista infiltrada no
Catolicismo, e que se espalhou também por outros dos seus setores.
Oração:
Senhor, que quereis reformar nossas almas no caminho da santidade, concedei-nos por intercessão de São Boaventura viver na Verdade da caridade, portanto em harmonia Convosco e com as criaturas em meio às desordens deste mundo, para que tenhamos a boa ventura de repousar em Vós depois dos nossos terrenos trabalhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém!
Fonte: https://www.a12.com/
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