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quinta-feira, 25 de julho de 2024

São Tiago Maior

São Tiago Maior (A12)
25 de Julho
São Tiago Maior

As informações sobre São Tiago Maior vêm do Novo Testamento. Nasceu em Betsaida da Galileia, em Israel, por volta do ano 5 a.C.. Era filho de Zebedeu e Salomé e irmão mais velho de São João Evangelista, este o mais jovem dos Apóstolos. É sempre citado como um dos três primeiros dos 12 Apóstolos, com Pedro e André.

É chamado de “maior” para não ser confundido com outro dos Apóstolos, também de nome Tiago porém mais novo, e por isso identificado como “menor”, filho de Alfeu e Maria de Cléofas e primo de Jesus. Zebedeu, Tiago e João eram sócios de Pedro e André no trabalho da pesca.

No mesmo dia, Jesus chama Pedro e André, e logo depois Tiago e João, para segui-Lo como “pescadores de homens”, e todos imediatamente largam tudo, até mesmo o pai dos dois últimos, Zebedeu, para ir com o Senhor (Mt 4, 17-22).

Tiago, Pedro e João foram particularmente íntimos de Jesus, pois só os três estavam presentes com Ele em certos momentos importantes, como a ressurreição da filha de Jairo (Lucas 8,51), a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29), a Transfiguração no Monte Tabor (Mt 17,1) e a agonia no Horto das Oliveiras (Mt 26,37).

O temperamento exaltado de Tiago e João lhes valeu de Jesus o apelido de boanerges, isto é, “filhos do trovão”, como se evidencia quando ambos perguntam ao Senhor se quer que “mandem”(!) descer fogo do céu para matar os samaritanos que não O acolheram bem (Lc 9,51-56). Um outro traço de que os irmãos eram exagerados (e ainda com mentalidade muito mundana) é o pedido que fazem à própria mãe de interceder a Jesus por eles, para reservar-lhes no Seu reino os principais lugares (Mt 20, 20-28).

Conta a Tradição que depois de Pentecostes Tiago foi evangelizar a Espanha, voltando depois a Jerusalém, onde está registrada a sua morte por decapitação a mando do rei Herodes Agripa (At 12,2), nos inícios das perseguições à Igreja. Foi o primeiro mártir entre os Apóstolos.

Seu corpo teria sido levado para a Espanha. Em 831, segundo a Tradição, o bispo de Iria, cidade espanhola (atualmente Iria Flávia), viu uma estrela iluminando particularmente um campo, e ali foi encontrado um sepulcro com a inscrição: “Aqui jaz Jacobus, filho de Zebedeu e de Salomé”. (Jacobus, ou Jacó, é traduzido por “Tiago”). O local foi batizado de Campus Stellae (“campo da estrela”), nome que originou a cidade de Santiago de Compostela.

Construiu-se lá uma catedral e basílica dedicada a ele, um santuário que é local de peregrinações desde a Idade Média, quando a Igreja concedia indulgência plenária a todos aqueles que fizessem peregrinação ao local com espírito de penitência, arrependimento e conversão. Este benefício espiritual atraiu cada vez mais fiéis ao longo do tempo, com aumento gradativo das rotas de peregrinação, atualmente com cerca de 800 quilômetros.

Normalmente esta devoção é feita a pé, mas também de bicicleta ou outro veículo que exija esforço humano, e hoje há ampla organização e infraestrutura para acolher os peregrinos do mundo todo ao longo das várias vias de acesso.

Na Espanha há três datas anuais comemorativas do santo: 23 de maio, quando da sua aparição na batalha de Clavijo em 844 (contra os muçulmanos invasores da Europa, montando um cavalo branco); 25 de julho, quando do seu martírio; e 30 de dezembro, quando da transladação dos seus restos mortais para a Galícia, região onde fica Compostela. Esta última referência indica que não apenas a Tradição é fonte da sua passagem pela Espanha.

São Tiago Apóstolo, Santiago ou Santiago de Compostela deu nome a muitas cidades e é padroeiro da Espanha, Guatemala, Chile e Nicarágua, dos peregrinos e cavaleiros, bem como dos exércitos espanhol e português (em honra da sua coragem em dar testemunho do Cristo; por isso foi criada a famosa Ordem de Santiago, valorizando honra, lealdade, coragem e fé).

Colaboração: : José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Tiago Maior tinha forte personalidade, como os outros Apóstolos, mas cada qual diferente. Por isso, aliás como também outros Apóstolos e outros santos, seguiu imediatamente a Jesus, quando foi por Ele chamado. Seguir a Jesus é sempre um desafio, e muitos o fazem gradativamente, aos poucos, até se aproximarem Dele o suficiente para poderem acompanhar os Seus passos, e assim será a longa fila que chega no Paraíso; mas Tiago foi um dos que não hesitou, trocando o pai terreno pelo Pai do Céu. Desenredar-se instantaneamente de toda uma vida para seguir uma Palavra ou é uma insensatez ou um ato heroico, mas a ação que exprimia o Verbo de Deus era identificável como sublime, embora misteriosa, e os santos são exatamente os heróis da Fé. Marcante é a especial proximidade, ou especial preferência, de Tiago com Jesus, para que tenha participado de situações mais exclusivas com o Mestre. Certamente, de alguma forma pessoal, isto era importante para a missão de vida que Jesus lhe destinou, mas não deve ser o único motivo. Particularmente a Transfiguração e a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras são únicos e também singularmente intensos, em significado, profundidade espiritual e dramaticidade. Tiago foi o primeiro mártir entre os Apóstolos, o primeiro entre os escolhidos por Jesus para concretamente dar o exemplo de total adesão à Sua Cruz, a seguí-Lo de mais perto na essência da Obra da Salvação; talvez uma singularidade do plano de Deus para si que explique a sua seleta participação naquelas situações. Pois Pedro seria o primeiro Papa, a pedra sobre a qual Jesus construiu a Igreja, e João o evangelista que de modo mais profundo nos apresentou o Cristo, além de ter escrito o Apocalipse – portanto, ambos com outras missões também muito específicas e grandiosas. De certa forma um alento para nós, que participamos da mesma humanidade falha dos Apóstolos, os quais apesar disso alcançaram e nos dão exemplo de privilegiada santidade, é a pergunta quase cômica de Tiago e do irmão a Jesus, oferecendo-se para “mandar” descer um fogo punitivo do Céu. Certamente isto indica um grande amor a Cristo, uma indignação legítima e sentida ao vê-Lo desprezado, mas para além de uma ingenuidade descabida, mostra que ainda não haviam mesmo entendido a proposta de Jesus, e evidencia principalmente o lado da soberba humana, a sua pretensão de domínio. Por que pensaram ter poder para decidir sobre a vida e a morte de outros, e o motivo desta sentença? A quem eles iriam “mandar”? Aos anjos? A Deus Todo Poderoso – que ainda não haviam identificado com Jesus? Verdade é que, antes deste episódio, já haviam vivido a experiência de até expulsar demônios quando enviados em missão por Jesus (cf. Lc 10,17-20), e quiçá, como também nós, convenceram-se de que o faziam, ou qualquer boa obra, por si mesmos… Os boanerges igualmente somos nós, em muitas ocasiões de destempero, enquanto Cristo nos ensina a ser como Ele mansos e humildes de coração (cf. Mt 11,29). Mas certamente nos lábios de Jesus esta expressão não tem conotação de crítica agressiva, sim de admoestação carinhosa, simpática, e verdadeira e bem humorada. Que tenha esta mesma acepção no referente a nós... A ambição e desejo de poder neles aparece no não menos absurdo e quase cômico pedido que fazem à própria mãe, de interceder por eles ao Mestre uma garantia dos lugares mais destacados no Seu reino – que ainda também não haviam entendido ser o celeste – que devemos modificar radicalmente: não a intercessão da mãe humana para um pedido mundano, mas a intercessão da Mãe Celeste por um pedido de absoluta humildade, que é o maior poder junto ao Pai para que estejamos com Ele no Céu. Identifiquemo-nos com São Tiago Maior, transformando como ele nossas faltas e veleidades em santidade, ao seguir perseverantes a Jesus, com nossos erros e acertos. Pois se o fizermos até o fim, partilharemos literalmente da doação da vida por Cristo, e os Céus trovejarão de alegria quando da nossa entrada.

Oração:

Deus Pai, que nos criastes para estarmos Convosco, concedei-nos por intercessão de São Tiago Maior a têmpera de ter verdadeira intimidade com Jesus, acompanhando-O exclusivamente, nos momentos de excelsa transfiguração e nos de pavorosa agonia, para que ao final desta peregrinação terrestre, tendo definitivamente decepado o apego ao corpo de pecado, possamos ser verdadeiramente chamados Filhos de Deus e não Filhos do Trovão. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF