A ação evangelizadora em São Gregório de Nazianzo
Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
A Igreja nos primeiros séculos, através dos padres, os
primeiros escritores cristãos, refletiu o Evangelho de Jesus Cristo e o
anunciou aos outros com fé, com esperança e com caridade. A sua ação esteve
ligada ao Evangelho e por isso levou uma boa mensagem ao mundo familiar,
comunitário e social num meio alheio, muitas vezes à mensagem evangélica,
porque o contexto era politeísta, com muitos deuses. A palavra proferida na
Igreja e também na objetividade teve um grande valor porque influenciou a vida
em geral das pessoas e a concretização do mandamento da lei do Senhor Jesus, no
amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mc 12,30). A seguir vejamos como
a ação evangelizadora em São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla,
século IV alude a atual ação em nossas comunidades missionárias, nas pastorais,
nos movimentos e nos serviços.
Não
condenar a pessoa
São Gregório de Nazianzo afirmou a importância do
discernimento para não condenar a pessoa na evangelização, no pastoreio por
parte de seus responsáveis, mas ele convidava à uma atitude de conversão
pastoral, na demonstração de humildade, pois a sua condenação ou o desprezo
levariam a pessoa ao afastamento de Cristo (1). O fato era que a ação
evangelizadora impulsiona a pessoa e as comunidades a amar mais a Cristo, a sua
palavra do que o seu afastamento. A pastoral leva as pessoas a viver o
mandamento do amor do Senhor, sobretudo com as pessoas mais
necessitadas.
A boa
semente e o joio
O Bispo teve presente a parábola da boa semente e o joio
(cfr. Mt 13,24-30) na qual o semeador semeou o trigo e veio o inimigo para
semear no meio dele o joio, a má semente. Algumas pessoas desejariam logo a
separação das sementes, mas a ação evangelizadora anda na paciência das coisas
porque tirando o joio, como dizia a parábola, arrancar-se-ia também o trigo de
modo que só no final haverá a separação pelo próprio Senhor. O importante é que
a vida cristã colabore com a boa semente na paz e no amor das pessoas e das
comunidades.
A
correção com amor
A correção na evangelização dar-se-á com caridade, com amor,
a exemplo do médico que corta a dor da doença de modo que a pessoa perceba a
sua própria debilidade (2). A pessoa é chamada a notar bem as suas coisas, antes
mesmo de condenar alguém sem o devido motivo na evangelização. Em tempos de
sinodalidade como o Papa Francisco deseja de toda a Igreja, é preciso a
vivencia da correção fraterna em vista da unidade na diversidade na
evangelização.
O
julgamento dado com a mesma medida
São Gregório de Nazianzo disse que a pessoa é imagem de Deus, conforme a Sagrada Escritura diz (cfr. Gn 1,26) de modo que não é possível julgar os outros porque a pessoa também será julgada com a mesma medida que ela julgou as pessoas (cfr. Mt 7, 1-2). Desta forma o rigor humano demais consigo mesmo não serve, disse o bispo para que assim a parte boa não haja dano, mas a pessoa corrija e exorta a si mesmo e aos outros pela caridade (cfr. 2 Tm 4,2) (3).
Discipulado
em Cristo
São Gregório percebeu a importância do discipulado em Cristo
Jesus pela ação evangelizadora, de modo que a pessoa seja mansa, e cheia de
amor para com os outros a exemplo de Jesus que foi humilde de coração e amou os
seres humanos até o fim (cfr. Jo 13, 1), que carregou sobre si s nossas
debilidades (4). São Gregório seguiu a palavra do Senhor pela correção fraterna na
qual a pessoa, quando ofender a outra, é corrigida em particular, depois por
duas ou mais testemunhas, e por fim pela comunidade (cfr. Mt 18,15-17). No
tempo do bispo, a correção ocorreria pela confissão, humilhação em público,
pelo comportamento humilde da penitência pública (5).
O perfume
do óleo
São Gregório teve presente a importância do sacramento da
crisma na vida da comunidade. A pessoa que foi ungida pelo crisma espiritual,
dada pelo dom do Espírito Santo, comunica para os outros o perfume que a pessoa
carrega dentro de si para os outros. A sua doença, segundo o bispo São Gregório
é um cheiro repugnante que talvez será superado e eliminado pelo bom perfume da
pessoa, o seu testemunho de vida, ligado ao de Jesus (6).
O corte
do mal, não das pessoas
São Gregório ensinou que a ação evangelizadora leve em conta
o corte do mal em si, do egoísmo, da falta de fraternidade, não das pessoas,
porque estas são passiveis de conversão. Assim a bondade demonstrada na vida
particular e à vida nas comunidades influenciarão a prática do amor, a fim de
que a ação evangelizadora dada com alegria e com caridade, ganhe o outro, as
comunidades para que não se perca nenhum ser humano aos olhos de Deus, porque
são todos membros nas quais Cristo sofreu, morreu e ressuscitou dos
mortos (7).
A ação evangelizadora é a vida da pessoa seguidora de Jesus
no seu profundo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. O Evangelho pregado,
meditado e vivido traz frutos se acompanhado pelas ações caritativas. São
Gregório de Nazianzo viveu a dimensão da evangelização e ele contribui com fé,
com esperança e com caridade no seu tempo e na vida da Igreja e no mundo de
hoje.
_______________
1 Cfr. Gregório di Nazianzo. Discorsos sulla moderazione nel
disputare, 29-31. In: La Teologia dei Padri,
Volume IV. Roma: Città Nuova Editrice. 1982, pg. 126.
2 Cfr. Idem, pg. 126.
3 Cfr. Ibidem, pg. 126.
4 Cfr. Ibidem, pg. 126.
5 Cfr. Ibidem, pg. 126.
6 Cfr. Ibidem, pg. 126.
7 Cfr. Ibidem, pg. 126.
Fontes: https://www.cnbb.org.br/ - https://diocesedemaraba.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário