Caio Bonfim, prata na marcha atlética, diz “Jesus” em libras no pódio das Olimpíadas Paris 2024
Por Natalia Zimbrão*
1 de agosto de 2024
O brasileiro Caio Bonfim, de 33 anos, conquistou hoje (1º) a
medalha de prata na marcha atlética, nas Olimpíadas de Paris 2024. Ao ser
chamado ao pódio, o marchador fez o mesmo gesto feito pela skatista Rayssa Leal
no domingo (28), que significa “Jesus” em língua brasileira de sinais (Libras).
A iniciativa vai contra as regras do Comitê Olímpico Internacional COI), que
proíbe manifestações religiosas nos jogos e, por isso, é passível de punição.
A Carta Olímpica determina em sua regra 50 que “não é
permitido nenhum tipo de manifestação política, religiosa ou racial”.
No domingo, ao ser apresentada antes de entrar na pista,
Rayssa Leal disse em libras: “Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida”. Em
entrevistas depois da competição, ela disse que fez o gesto porque costuma
fazer “em todas as competições” e porque é “cristã”.
Hoje, ao ser chamado ao pódio, Caio Bonfim, que é evangélico
como Rayssa, fez
o sinal com as mãos que significa “Jesus” e apontou para o céu.
Na premiação de hoje, os atletas receberam apenas a mascote
das Olimpíadas, porque a entrega das medalhas acontecerá amanhã (2), no Stade
de France, palco das principais competições do atletismo.
Sobre o caso Rayssa Leal, o COI disse em comunicado enviado
ao jornal O Estado de São Paulo: “Estivemos em contato com o
Comitê Olímpico do Brasil e lembramos a eles das Diretrizes de Expressão do
Atleta”. Apesar da notificação, a skatista não foi punida.
Apesar de o COI proibir manifestações religiosas nas
Olimpíadas, na cerimônia de abertura dos jogos, na sexta-feira (26), uma cena
blasfema reproduziu a Última Ceia com drag queens.
Depois da indignação provocada no mundo inteiro,
representantes do comitê organizador disseram que a cena pretendia representar
o quadro "O Banquete dos Deuses" do pintor holandês Jan van Bijlert.
Mas, os "artistas" que participaram da encenação confirmaram em
declarações à imprensa francesa que sua intenção era de fato imitar a pintura
de Leonardo Da Vinci da Última Ceia.
“Deus me segurou”, diz Caio Bonfim
Essa foi a quarta participação de Caio Bonfim nas Olimpíadas
e sua primeira medalha olímpica. Depois da competição, Caio disse à Cazé TV que
sentiu “a mão de Deus” lhe “segurando e falando: ‘Vamos, cara’”.
Antes de se tornar um atleta medalhista olímpico, Caio
Bonfim enfrentou alguns desafios desde sua infância. Em uma publicação em suas redes
sociais em janeiro, ele disse que nasceu saudável, mas, aos sete meses,
teve meningite bacteriana e ficou 15 dias internado. “Para honra e glória de
Deus eu não tive nenhuma sequela”, disse. Quando completou um ano,
“misteriosamente” suas pernas “começaram a entortar”. O médico disse que era um
caso para cirurgia e que “teria que repetir essa cirurgia constantemente”,
porque suas “pernas voltariam a entortar”. “Mal sabia ele dos planos de Deus”,
disse.
Bonfim fez a cirurgia e ficou um tempo usando gesso nas
pernas. “Por fim, retirei o gesso e pude ter uma vida normal, não precisei
fazer outras cirurgias, pois contrariando o prognóstico as pernas não
entortaram”, contou.
O menino cresceu, jogou futebol e, aos 16 anos, fez seu
primeiro teste para a marcha atlética. Aos 18 anos, “com o corpo adulto”, fez
nova avaliação médica. “Chegando ao consultório, contamos ao médico que eu
havia me tornado um atleta, ele ficou surpreso, riu e brincou: ‘mas eu não te
fiz para ser um atleta, fiz pra ser no máximo jogador de dominó’”, lembrou.
Caio recordou que quando o médico viu o resultado dos exames
ficou “maravilhado com os resultados. E, surpreso, disse: É, o milagre
realmente foi grande, o seu corpo é totalmente adaptado para o seu esporte”.
“Ao longo desses 17 anos de carreira Deus tem me presenteado
com várias bênçãos, medalhas em Jogos Panamericanos, medalhas em campeonatos
mundiais, finalista em jogos olímpicos. São inúmeras as minhas vitórias no
esporte, mas a mais valiosa é poder espalhar o amor e a bondade de Deus por
onde eu for”, disse.
*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem
experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.
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