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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Cardeal Bo: Papa dará novo impulso às Igrejas na Ásia, que vivem desafios

O cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, em Mianmar (Vatican Media)

Em vista da viagem do Papa em setembro à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura, o presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia oferece uma visão interna do significado da próxima visita: “o Santo Padre poderá tocar a diversidade dinâmica das Igrejas asiáticas e a fé inabalável do seu povo”. O tema do cuidado da criação é importante: “os efeitos da mudança climática são devastadores na Ásia”.

Deborah Castellano Lubov - Vatican News

“Muitas das nossas igrejas estão cheias durante as missas de domingo. Muitos dos asiáticos que emigram para outros países mantêm sua fé viva”. Em uma ampla entrevista à mídia vaticana, o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon (Mianmar) e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC), faz um retrato dos fiéis da Ásia e da Oceania que o Papa Francisco encontrará durante a viagem apostólica à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura. A visita está programada para o período de 2 a 13 de setembro e marca a 45ª viagem apostólica internacional de Jorge Mario Bergoglio, uma das muitas na Ásia durante seu pontificado. O Cardeal Bo fala de uma Igreja vibrante e diversificada que, apesar dos desafios políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, e do fato de que “nem sempre é fácil viver a fé cristã em algumas partes da Ásia”, “continua não apenas viva, mas também dinâmica de diferentes maneiras”.

O Papa Francisco está prestes a fazer sua 45ª viagem apostólica à Ásia e à Oceania. Como o senhor avalia a importância dessa visita?

Muitas pessoas na Ásia só ouvem falar do Papa e o “veem” com a ajuda da mídia digital. Mas para a população em geral, o Papa é uma figura um tanto “distante”. Portanto, a vinda do papa à Ásia não apenas empolga, mas também desperta um zelo e um senso de fé renovados, pois mostra que os povos asiáticos não estão distantes da mente e do coração do Papa. O que é mais encorajador é o fato de o Papa Francisco ter escolhido visitar países menores, pouco conhecidos pelo mundo, como Papua Nova Guiné e Timor Leste, criando assim uma oportunidade para o mundo conhecer as Igrejas dessas terras.

Estamos falando de países muito diferentes: a opulência de Cingapura e a pobreza de Papua Nova Guiné, a Indonésia de maioria muçulmana e a maioria católica da antiga colônia portuguesa do Timor Leste. Como a diversidade dos países asiáticos torna essa visita particularmente significativa? O que é interessante observar?

A singularidade da Ásia está justamente em sua diversidade, em termos de culturas, religiões e tradições. Embora os cristãos sejam uma minoria na maioria dos países asiáticos, com exceção das Filipinas e do Timor Leste, vemos uma fé crescente. As Igrejas na Ásia, embora pequenas, são vibrantes e vivas. O Santo Padre pode experimentar a diversidade dinâmica das Igrejas asiáticas e a fé do seu povo. Seja rico ou pobre, maioria ou minoria, a fé do povo permanece firme apesar da diversidade de desafios em diferentes países.

O que a Igreja universal pode aprender com a Igreja na Ásia?

Três palavras me vêm à mente: paz e harmonia e, em seguida, o que torna a paz e a harmonia uma realidade, ou seja, o diálogo. Apesar dos muitos desafios enfrentados pelas Igrejas na Ásia, nossa meta é buscar a paz e a harmonia. Todos buscam a paz e a harmonia, e é por isso que, diante da opressão política, da pobreza, da devastação climática e de muitas outras situações, a Igreja deve trabalhar com outros para restaurar a paz e a harmonia na vida das pessoas diretamente afetadas. Na Ásia, aprendemos a cooperar, dialogar e respeitar uns aos outros. Mas, acima de tudo, aprendemos a coexistir como irmãos e irmãs, apesar das dificuldades. Acredito que os caminhos da paz e da harmonia por meio do diálogo são o que a Ásia pode oferecer à Igreja universal.

Papa Francisco com o cardeal Bo durante a viagem a Mianmar em 2017 (Vatican Media)

O que pode nos dizer sobre o testemunho da Igreja asiática?

As igrejas na Ásia estão vivas e vibrantes. Basta ver que muitas de nossas igrejas estão cheias durante as missas de domingo. Você perceberá que muitos dos asiáticos que emigram para outros países mantêm sua fé viva. Eles são nossos missionários nessas igrejas antigas. Eles trazem uma esperança e um zelo renovados para esses seus “novos lares”. Também somos testemunhas de muitas igrejas perseguidas na Ásia. Nem sempre é fácil viver a fé cristã em algumas partes do continente. Apesar desses desafios - políticos, econômicos, sociais e culturais - sua fé continua não apenas viva, mas também dinâmica de diferentes maneiras.

O que é necessário para a Igreja na Ásia ou em cada uma dessas quatro Igrejas que o Papa visitará?

É difícil para mim dizer o que cada uma das Igrejas precisa, mas minha oração é que a visita do Santo Padre leve a um zelo renovado pela fé e a uma maior abertura para vivermos em paz e cuidarmos uns dos outros como irmãs e irmãos, cada um cuidando do outro independentemente das diferenças que possamos ter.

Em sua opinião, qual será a importância do tópico de cuidados climáticos e ambientais, já que essa parte do continente está sendo cada vez mais afetada por desastres naturais causados pela crise climática?

Os efeitos da mudança climática estão sendo sentidos de forma devastadora na Ásia. Como a questão do cuidado com o clima está próxima do coração do Santo Padre, tenho certeza de que ele abordará esse tópico. Não podemos mais ser espectadores, mas devemos nos envolver ativamente na promoção do cuidado com o clima para o bem comum de todos. A Igreja na Ásia também deve desempenhar um papel de liderança na promoção dessa mudança na região e no mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF