Igreja como uma sinfonia vocacional
Dom Neri José Tondello
Bispo de Juína (MT)
“…Podeis beber o cálice que eu beberei e ser batizados com o
batismo com que serei batizado? ”‘Eles disseram: podemos’” (Mc 10, 38-39).
Queridos amigos e amigas!
Coloco-me a escrever sobre o mês vocacional e parto com a
citação acima que tem como ponto de partida a pergunta de Jesus, com a resposta
positiva dos filhos de Zebedeu: Tiago e João. A teologia do batismo favorece o
tema diante de uma comunidade de fé e amor para o santo serviço, arcando com as
mesmas consequências que as consequências de Jesus.
Ao responder positivamente para Jesus, Tiago, mais do que
consciente para intuir o que poderia acontecer, estava com predisposição
interior para seguir os passos de Jesus, pois “sempre levamos em nós mesmos os
sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada
em nossos corpos” (2 Cor 4, 7-15). Nada por acaso, que o apóstolo Tiago foi o
primeiro mártir decapitado no ano 44, sob Herodes Agripa, nos dias da Páscoa
(At 12, 2-3).
Ainda, a passagem acima representa o Evangelho da coragem
dos primeiros que Jesus chamou. Assim como animou os primeiros, anima a todos
os chamados a qualquer momento da história, toda vez que surgem necessidades. A
cada época é Kairós de Deus, Hora de Deus, hora de servir.
A teologia do batismo nos confere o dom de servir, pois a
Igreja não distribui poderes, mas confia serviços. Uma Igreja sinodal como pede
o Papa Francisco para o futuro, faz bem pensar e encorajar para uma Igreja
disposta a servir, isto é, fazer-se próxima dos mais necessitados e sofridos da
terra.
Aqui, gostaria de saudar o Sínodo da Amazônia que propôs
novos caminhos para a Igreja com “propostas corajosas”. Tanto as conclusões do
Sínodo, bem como a Exortação Apostólica do Papa Francisco, _Querida Amazônia_,
levam a mensagem da criação da CEAMA, conhecida como a Conferência Eclesial da
Amazônia, para continuar o caminho sinodal na construção de um rito amazônico
com rosto próprio, rosto Amazônico.
No Batismo de Jesus, todos recebemos a mesma unção para
servir, ou seja, trabalhar pela vida dos outros. Unção batismal. Chamou a todos
para servir numa igreja toda ministerial. Desta maneira, queremos assumir como
vem desenvolvendo o rito amazônico, os ministérios reconhecidos, que são
aqueles que são conferidos aos ministros da celebração da Palavra, com ou sem a
Eucaristia; os ministérios lembrados, ministérios pastorais, conselhos de
assuntos econômicos nas paróquias, pastoral familiar, conselho diocesano de
pastoral e outros tantos; ministérios do cuidado; os ministérios instituídos de
leitor, acólito e catequista; e os ministérios ordenados, os diáconos, os
padres e os bispos. Todos para o santo serviço.
Na Igreja primitiva, à medida das necessidades, também
surgiam os ministérios. Portanto, uma comunidade provada pode obter ministérios
provados. O Espírito Santo é o dono e suscitador dos dons e serviços que a
comunidade necessita. Todos os ministérios, reconhecidos, lembrados,
instituídos e ordenados conferem uma igreja no serviço ao Reino de Jesus que
leva “vida em abundância para todos”.
Na Diocese de Juína, sou muito grato pelos evangelizadores
desde a primeira hora. As leigas e os leigos, lideranças animadoras das
comunidades, catequistas, animadoras das pastorais. Sou muito grato pelos
missionários e missionárias que vieram a estas terras de missão com toda
coragem e testemunho. São missionárias e missionários que vieram de outros
países e de outros estados do nosso país. São religiosos e religiosas, padres
diocesanos. A Diocese de Juína lembra com gratidão e compromisso missionário para
também repartir o serviço missionário com outras realidades onde precisa ainda
mais. Tanto recebido com generosidade, com coração generoso e à disposição.
Que cada agente de pastoral se transforme em animador
vocacional. Deus suscite vocações para ajudar principalmente os mais pobres e
necessitados. Vocações com o Evangelho na mão.
Mensagem sobre vocação do Papa Francisco:
“O Senhor continua a chamar a trabalhar por seu Reino, hoje.
Somos chamados a ser ‘sinal e instrumento da intimidade com Deus e da unidade
de todo o gênero humano’ (LG, 1). É uma chamada a olhar o futuro, a perceber a
beleza e a responsabilidade de sermos sinais de esperança, de mãos estendidas e
corações abertos. Não tenhamos medo de responder com generosidade ao chamado do
Senhor, especialmente em tempos de dificuldades e provações. Que todos possam
sentir a alegria de servir a Deus e aos irmãos, especialmente os mais pobres e
necessitados.”
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