Cap. 54 - Pedro renega, Jesus se
revela (reunião noturna do Sinédrio)
No meio daquela noite fria, Pedro
e João, depois de seguirem o grupo à distância, aproximaram-se do palácio. João
é conhecido do Sumo Sacerdote e tinha entrado com Jesus no pátio.
Pedro, ao invés, parou do lado de fora, perto da porta.
Pouco depois João saiu,
falou com a porteira e introduziu Pedro no pátio do Palácio. E a jovem porteira
disse a Pedro: “Não és, tu também, um dos discípulos deste homem?”. Respondeu
ele: “Não sou”. Os servos e os guardas tinham feito uma fogueira, porque estava
frio; em torno dela se aqueciam. Pedro também ficou com eles, aquecendo-se.
Disseram-lhe então: “Não és tu também um dos seus discípulos?”. Ele negou e
respondeu: “Não sou”. Um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem
Pedro decepara a orelha, disse: “Não te vi no jardim com ele?” Pedro negou
novamente. E logo o galo cantou.
Naquele exato momento, o séquito
de guardas está saindo, conduzindo Jesus a Caifás atravessando o pátio. O
prisioneiro ainda está com as mãos amarradas nas costas. Pedro o vê de longe.
Jesus se vira, reconhece-o e olha para ele. Pedro se levantou, saiu correndo do
pátio e, quando chegou à rua, jogou-se no chão, chorando amargamente. Ele o
havia renegado. Ele o havia deixado sozinho. No entanto, quando Jesus se voltou
para ele por alguns instantes, seu olhar transbordava de misericórdia.
O trajeto da casa de Anás até a
casa de Caifás é curto. Caifás se esforçara para convocar uma sessão do
Sinédrio logo ao amanhecer, há dias já estava buscando testemunhos contra
Jesus, a fim de condená-lo.
O chefe dos guardas do templo, um
homem de confiança de Caifás, encontrou duas testemunhas que se levantam e
afirmam falsidade.
Jesus escuta os testemunhos em
silêncio, sem se perturbar.
Diante do silêncio de Jesus,
Caifás repetiu a pergunta, com a voz ainda mais forte: “És tu Messias, o
Filho do Deus Bendito?”.
Jesus levanta o olhar e fixando
no rosto do Sumo Sacerdote responde: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem
sentado à direita do Poderoso e vindo com as nuvens do céu”.
Vários membros da assembleia se
levantam murmurando e fazem, quase em uníssono, uma única e ainda mais
explícita pergunta: "És, portanto, o Filho de Deus?" Ele lhes
declarou: "Vós dizeis que eu sou". O destino do Nazareno é
definitivamente marcado por essas palavras inequívocas.
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