Por Redação central*
28 de agosto de 2024
Os Padres da Igreja são santos dos primeiros séculos que,
com seus escritos doutrinários, configuraram a Igreja Católica como a
conhecemos hoje.
Alguns dos principais Padres da Igreja Grega são santo
Atanásio de Alexandria, são Basílio Magno, são Gregório Nazianzeno e são João
Crisóstomo; enquanto os quatro Padres mais importantes da Igreja latina são
santo Agostinho de Hipona, são Gregório Magno, santo Ambrósio de Milão e são
Jerônimo de Estridão.
A seguir, alguns dados importantes sobre eles.
1. Eram em sua maioria pastores, não acadêmicos
Os Padres viviam suas vidas cristãs em resposta à fé única,
santa, católica e apostólica que experimentavam na Igreja e na cultura de seu
tempo. Seus escritos não provinham de um catedrático titular, mas buscavam
servir ao povo de Deus.
2. Santo Tomás de Aquino os citou centenas de vezes
Santo Tomás de Aquino, o doutor Angélico, não é apenas um
teólogo e filósofo, mas um brilhante comentarista da Bíblia e da Tradição. Para
escrever a Suma Teológica, citou textos de santo Agostinho 3.156 vezes. Citou
são Gregório Magno 761 vezes, são Dionísio 607 vezes, são Jerônimo 377 vezes,
são Damasceno 367 vezes, são João Crisóstomo 309 vezes, entre outras citações
aos Padres da Igreja.
3. Amavam a Igreja
Exemplo disso é uma das passagens do corpus patrístico
"sobre a unidade da Igreja", escrito por são Cipriano de Cartago
em De Ecclesiae Catholicae Unitate: "Ninguém pode ter a Deus
por Pai, se não tem a Igreja como Mãe".
4. Ensinavam sobre a natureza do homem
São Cipriano descreve a cultura pecaminosa na qual vivia
antes de sua conversão e seu batismo: “Eu ainda estava deitado na escuridão e
na noite sombria, vacilando de um lado para o outro, sacudido sobre a espuma
desta idade jactanciosa, e incerta de meus passos errantes, sem saber nada da
minha vida real, e distante da verdade e da luz... mas depois disso, com a
ajuda da água do novo nascimento, a mancha dos anos anteriores foi lavada, e
uma luz do alto, serena e pura, tinha sido infundida no meu coração reconciliado...”.
Da mesma forma o faz santo Agostinho de Hipona em seu livro
"Confissões", ensinando a matar o homem velho cheio de pecado e
abraçar o novo homem em Cristo.
5. Buscavam a amizade com Deus e com os demais
Os Padres da Igreja buscavam imitar a vida de Cristo, que
completamente homem e completamente Deus, foi capaz de fazer grandes amizades.
Assim, são Gregório Nazianzeno revela sobre seu querido
amigo São Basílio: “Homens diferentes têm nomes diferentes, que devem a seus
pais ou a si mesmos, isto é, às suas próprias buscas e realizações. Mas nossa
grande busca, o grande nome que queríamos, era ser cristãos, sermos chamados
cristãos”.
6. Eram corajosos e podiam dar a vida pelo Evangelho
Um exemplo é a vida de são Cipriano de Cartago, o primeiro
bispo que na África atingiu a coroa do martírio. Durante as grandes
perseguições dos cristãos sob o imperador Décio, escreveu cartas pastorais no
exílio instruindo o povo de Deus em Cartago. Sob o imperador Valeriano,
Cipriano foi condenado à morte e martirizado em 258 d.C. Ao receber sua
sentença, disse: "Deo gratias!" (Graças a Deus!).
São Máximo o Confessor foi outro corajoso Padre da Igreja
que lutou contra o monotelismo, uma heresia que admitia em Cristo duas
naturezas, a humana e a divina, e uma única vontade. O imperador Constante II
mandou cortar a língua e a mão direita do santo para impedir seu ensinamento
ortodoxo.
7. Defendiam a sã doutrina
No século IV, santo Atanásio teve que enfrentar Ário, um
sacerdote de Alexandria que difundiu a doutrina errada de que Cristo não era o
verdadeiro Deus. Seu desejo incansável por uma doutrina clara conduziu o
Concílio de Niceia à elaboração do Credo Niceno. Hoje, o Credo, como símbolo da
fé, é usado de maneira simples e direta pelos cristãos de todo o mundo para
professar a fé da Igreja Católica.
8. Amavam profundamente a Virgem Maria
Os Padres da igreja amam a Mãe de Deus. Havia um herege
chamado Nestório que ensinava que Maria era apenas Christokos (portadora
de Cristo) e não a Theotokos (portadora de Deus). Em outras
palavras, Nossa Senhora não era a Mãe de Deus, já que só deu à luz à natureza
humana de Jesus. São Cirilo de Alexandria lutou incansavelmente contra esse
tremendo erro teológico. Em uma carta que corrige Nestório, Cirilo escreve:
“Por nossa causa e para a nossa salvação, assumiu sua natureza humana na
unidade de sua Pessoa e nasceu de uma mulher; por isso se diz que nasceu
segundo a carne” (Cirilo de Alexandria, Carta II a Nestório).
9. Interpretaram a Bíblia com clareza
Os Padres ensinaram como interpretar a Sagrada Escritura. A
maior parte da literatura que temos dos Padres Apostólicos e Pós-Apostólicos
são suas homilias, que oferecem algumas das melhores exegeses bíblicas
imagináveis. Um exemplo disso são os Tratados de Santo Agostinho sobre o
Evangelho de João.
Para a compreensão da Bíblia, devem ser utilizados os
sentidos literais, alegóricos, morais e analógicos (como assinala o Catecismo
da Igreja Católica no numeral 118) e, por isso, os Padres da Igreja estão entre
os melhores exegetas da história.
Publicado originalmente em National
Catholic Register.
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