Se algo nos falta ou aos nossos irmãos, saibamos que de há
muito Deus providenciou, mas alguém o subtraiu, não partilhando.
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
Quando, no deserto, o povo judeu começou a sentir fome e
sede, pôs-se a lamentar-se, lembrando o passado recente, no Egito, quando,
apesar da escravidão, estava sempre bem alimentado com muito pão e muita panela
cheia de carne.
Deus os ouviu e como Pai providente, saciou-os com maná e
codornas. Afinal fora Ele quem providenciara a libertação do senhorio egípcio,
do mesmo modo que havia, séculos atrás, providenciado a ida e a ascensão de
José, filho de Jacó, ao posto de vice-rei daquela terra dos faraós.
Agora, ao ouvir este novo clamor de seu querido povo, o
Senhor fez coincidir as migrações daqueles pássaros com a fome dos judeus, como
também fez coincidir o gotejamento de um arbusto típico do deserto sinaítico
com a passagem do mesmo povo. Portanto, as aves e os pingos açucarados, ou
seja, o maná, atividade normal da natureza naquele período, foram vistos e
acolhidos pelos judeus como milagre.
Deus não respondeu ao povo com recriminações e castigos, mas
ao contrário, dando alimento em abundância.
Por outro lado, Deus, como pedagogo, trabalhou o ponto
frágil do povo que era a confiança em Sua Providência. Os israelitas deviam, a
cada dia, esperar o alimento das mãos de Deus. As aves deveriam ser abatidas;
não era possível criá-las e o maná, por sua vez, não podia ser armazenado, pois
se estragava. A cada dia dispunham de alimento físico e também espiritual, isto
é alimentar-se de fé na Providência.
No Evangelho, Jesus proporcionou ao povo alimento em
abundância. Apenas viu frustrado seu objetivo, quando alimentou o povo com
peixes e pão. O Senhor desejava, com esse sinal, mostrar o valor da partilha de
todos os bens, isto é, alimentá-los com o dom de serem generosos, de
partilharem seus bens, mas o povo queria apenas o alimento perecível.
Jesus, então, alertou o povo dizendo: “Esforçai-vos não pelo
alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que
o Filho do Homem vos dará.” O Senhor sabe que os alimentos comuns - comida,
viagens, estudos - nada nos satisfaz, mas apenas Sua Palavra, que é Palavra de
Vida. “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome; e quem crê em
mim nunca mais terá sede.”
A segunda leitura se refere à nossa inconstância, apesar do
compromisso radical feito no Batismo. Deveremos diariamente, possibilitar o
crescimento do homem novo, renovando nossa fé em Jesus, buscando o alimento que
não perece, confiando sempre em sua Providência.
Se algo nos falta ou aos nossos irmãos, saibamos que de há
muito Deus providenciou, mas alguém o subtraiu, não partilhando. A carência
material de alguns denuncia a pobreza espiritual de outros.
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