São Tarcísio e o ministério dos coroinhas
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Celebramos no dia 15 de agosto a memória litúrgica de São
Tarcísio, patrono de todos os coroinhas, acólitos e cerimoniários. O mês de
agosto é um mês muito especial para a Igreja em que recordamos diversos santos
e vocações. No primeiro domingo do mês recordamos a vocação ao ministério
ordenado e o dia do padre, no segundo domingo a vocação ao matrimônio e o início
da Semana Nacional da Família, na terceira semana a vocação a vida consagrada e
religiosa e, por fim, a vocação ao ministério e serviço laical e o dia nacional
dos catequistas.
Recordamos ainda no dia 10 de agosto a vocação diaconal, com
a celebração do dia de São Lourenço e no dia 15 de agosto recordamos a vocação
de coroinhas, acólitos e cerimoniários e a memória litúrgica de São Tarcísio.
Louvemos e agradeçamos a Deus o serviço dos coroinhas, cerimoniários e acólitos
em nossas paróquias. É muito bonito chegar nas diversas paróquias e ver os
meninos e meninas auxiliando no serviço do altar.
O serviço de coroinhas, acólitos e cerimoniários é tão
salutar que muitos padres ou religiosas tiveram o seu despertar vocacional a
partir do serviço no altar. Ao estarem mais próximos do altar, ao verem o
sacerdote celebrar a missa, e ao entenderem melhor o mistério que está sendo
celebrado aumenta o desejo de servir ao Senhor de outra maneira.
Por isso se na sua paróquia ainda não tem a pastoral dos
coroinhas, acólitos e cerimoniários converse com seu pároco para que
imediatamente instaure essa pastoral. Algum catequista, ou liturgista, pode dar
a formação de preparação para eles, e depois de um tempo de formação e ensaio
escolher uma missa dominical para a investidura dos novos coroinhas. Pode até
começar com poucos, mas um vai falando para o outro e logo esse número
aumentará, e quem sabe muitas vocações possam surgir a parir desse serviço pastoral.
A vocação para ser coroinha surge no seio da família, por
isso, é importante a família ir à missa com os seus filhos desde pequenos, pois
vão tomando gosto e se interessando pela celebração da missa e por tudo que a
envolve. A criança querendo ser coroinha os pais devem incentivar para que
seja, pois é um ministério muito bonito dentro da Igreja.
E ainda, os coroinhas e servidores do altar de hoje, podem
despertar para outras vocações dentro da Igreja que não necessariamente o
ministério ordenado ou consagrado, podem por exemplo ser bons pais de família e
atuarem como catequistas, coordenadores de grupo de jovens, ministros
extraordinários da Sagrada Comunhão, e ainda ministério de música. Enfim, tudo
começa pela pastoral dos coroinhas, o amor pela Igreja começa a partir dessa
pastoral.
São Tarcísio é o patrono de todos os coroinhas,
cerimoniários e acólitos, tanto que em diversas paróquias o grupo de coroinhas
recebe o título de São Tarcísio, por ter o santo como padroeiro. E ainda, em
algumas paróquias os novos coroinhas são investidos no dia dele, ou próximo da
data. Os coroinhas, cerimoniários e acólitos devem guardar a fé e ter amor pela
Igreja do mesmo modo que São Tarcísio. Devem cuidar para seguir retamente no
caminho de Deus, cuidar de suas vestimentas e ter um comportamento adequado na
Igreja e fora dela.
O coroinha, cerimoniário e acólito deve ter fé,
acreditar em Deus, em Nossa Senhora e claro, em Jesus Eucarístico. Deve
acreditar que pelo poder da fé tudo se transforma, e que está ali atendendo o
chamando feito por Jesus. O coroinha também não deve se achar melhor do que os
outros que não são, deve servir ao seu ministério de forma gratuita e com
alegria.
São Tarcísio foi um mártir da Igreja dos primeiros séculos
da era cristã, como já foi dito, ele morreu defendendo a fé em Cristo e na
Igreja, do mesmo modo que muitos mártires dos primeiros séculos da era cristã.
Ele foi vítima de perseguição do império romano mediada pelo imperador
Valeriano.
Tarcísio residia em Roma na Itália, a Igreja de Roma contava
com cinquenta sacerdotes, sete diáconos, e mais ou menos cinquenta mil fiéis no
centro da cidade imperial. Ele era um dos integrantes dessa Igreja localizada
em Roma, quase toda dizimada por causa da fúria do imperador.
Tarcísio era acólito do Papa Sisto II, ou seja, era coroinha
na Igreja, servindo ao altar, e acompanhando o Santo Padre nas celebrações
Eucarísticas. Durante o período das perseguições aos cristãos, eles eram
presos, processados e condenados a morrer pelo martírio. Na prisão eles
desejavam receber nem que fosse pela última vez a Eucaristia. Mas, isso era
impossível, pois os guardas não deixavam ninguém passar. Em uma das tentativas,
dois diáconos reconhecidos como cristãos: Felicíssimo e Agapito foram sacrificados.
O Papa Sisto II desejava levar a comunhão a mais um grupo de mártires que
esperavam a execução, mas não sabia como.
Tarcísio toma a iniciativa e pede ao Santo Padre a permissão
para que ele possa tentar, pois não entregaria as hóstias a nenhum pagão. Ele
tinha doze anos de idade, o Papa sensibilizado com o pedido de Tarcísio concede
a permissão para que ele fosse, colocou as hóstias em uma caixinha de prata e
as abençoou. Mas, Tarcísio não conseguiu chegar a cadeia, foi identificado como
cristão, e como se recusou a entregar o que portava, foi abatido e apedrejado
até morrer. Depois de morto, foi revistado e nada acharam do sacramento de
Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, simpatizante dos cristãos, que
o levou as catacumbas, onde foi sepultado.
Tarcísio foi, primeiramente, sepultado junto com o papa
Stefano nas catacumbas de Calisto, em Roma. No ano 767, o papa Paulo I
determinou que seu corpo fosse transferido para o Vaticano, para a Basílica de
São Silvestre, e colocado ao lado dos outros mártires. Mas em 1596 seu corpo
foi transferido e colocado definitivamente embaixo do altar principal daquela
mesma Basílica.
Celebremos com alegria a memória litúrgica de São Tarcísio e
rezemos por todos os coroinhas, cerimoniários e acólitos, e por todos os
servidores do altar. Que essas crianças e jovens tenham no coração o mesmo amor
e respeito que São Tarcísio tinha pelas coisas de Deus. Que a Virgem da
Assunção ilumine todos os servidores do altar, nesse dia também dedicado a
ela.
São Tarcísio, rogai por nós.
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