“Senhor, é bom ficarmos aqui.”(Mt 17,4) | Palavra de Vida – Agosto de 2024
Organizado por Silvano Malini com a comissão da
Palavra de Vida publicado às 09:50 de 30/07/2024, modificado às
09:52 de 30/07/2024
JESUS está a caminho de Jerusalém com seus discípulos.
Diante do seu anúncio de que lá Ele haveria de sofrer, morrer e ressuscitar,
Pedro se rebela, expressando a consternação e a incompreensão de todos. Então o
Mestre o convida a segui-lo e, juntamente com Tiago e João, sobe “a um lugar
retirado, numa alta montanha”. Ali se mostra aos três em uma luz nova e
extraordinária: seu rosto “brilhou como o sol” e Moisés e o profeta Elias
falavam com Ele. O próprio Pai fez ouvir a sua voz desde uma nuvem luminosa e
convidou-os a escutar Jesus, seu Filho amado. Frente a essa experiência
surpreendente, Pedro bem que gostaria de não mais ir embora e exclama:
“Senhor, é bom ficarmos aqui.”
Jesus tinha convidado seus amigos mais próximos a viver uma
experiência inesquecível, para que eles a conservassem sempre dentro de si.
Talvez também nós tenhamos experimentado, com maravilha e
emoção, a presença e a ação de Deus na nossa vida, em momentos de alegria, paz
e luz, nos quais tínhamos o desejo de que eles jamais passassem. São momentos
que vivenciamos muitas vezes com outras pessoas, ou graças a elas. Com efeito,
o amor mútuo atrai a presença de Deus porque, como Jesus prometeu, “onde dois
ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estou no meio deles (1)”. Às vezes,
nesses momentos de intimidade com Jesus entre nós, Ele nos faz ver a nossa
própria realidade e nos faz ler os acontecimentos por meio do seu olhar.
Essas experiências nos são proporcionadas a fim de termos
forças para enfrentar as dificuldades, as provações e as labutas que
encontramos na caminhada, tendo no coração a certeza de que fomos olhados por
Deus, que nos chamou para fazermos parte da História da Salvação.
De fato, depois de terem descido da montanha, os discípulos
vão juntos para Jerusalém, onde encontram uma multidão cheia de esperança, mas
também enfrentam armadilhas, controvérsias, aversão e sofrimentos. Ali “serão
dispersos e enviados aos confins da terra para testemunhar a nossa última
morada, o Reino” (2) de Deus.
Eles poderão começar a construir já aqui na terra a sua casa
entre os homens, porque estiveram “em casa” com Jesus na montanha.
“Senhor, é bom ficarmos aqui.”
“Levantai-vos, não tenhais medo (3)” é o convite de Jesus no
fim dessa experiência extraordinária. Ele o dirige também a nós. Como seus
discípulos e amigos, podemos enfrentar com coragem o que está por vir.
Foi o que aconteceu também com Chiara Lubich. Passou um
período de férias tão rico de luz, a ponto de ser definido “o Paraíso de 1949”,
pela presença sensível de Deus na pequena comunidade com a qual transcorreu
momentos de descanso e por uma extraordinária contemplação dos mistérios da fé.
Depois dessa experiência, também ela não sentia vontade de voltar à vida do dia
a dia. Mas voltou, com renovado ardor, porque compreendeu que, precisamente por
causa daquela experiência de iluminação, devia “descer da montanha” e pôr-se a
trabalhar como instrumento de Jesus na realização do seu Reino, levando o seu
amor e a sua luz justamente lá onde faltavam, enfrentando inclusive labutas e
sofrimentos.
“Senhor, é bom ficarmos aqui.”
Então, quando sentimos falta da luz, podemos trazer ao
coração e à mente aqueles momentos em que o Senhor nos iluminou. E se ainda não
tivermos feito a experiência da sua proximidade, vamos procurar fazê-la.
Teremos de fazer o esforço de “subir a montanha” para encontrá-lo nos nossos
próximos, para adorá-lo nas nossas igrejas e para contemplá-lo também na beleza
da natureza.
Porque, à nossa disposição, Ele está sempre: basta caminhar
com Ele e, silenciando, passar a escutá-lo humildemente, como fizeram Pedro,
João e Tiago (4).
1) Mt 18,20.
2) RADCLIFFE, Timothy, OP, segunda meditação para os
participantes da assembleia geral do Sínodo dos Bispos, Sacrofano, 1/10/2023.
3) Mt 17,7.
4) Cf. Mt 17, 6.
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