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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Fazer os sinos repicarem

Foto/Crédito: Opus Dei

Fazer os sinos repicarem

A Obra nasce repetidas vezes, com cada homem e cada mulher chamados a torná-la vida: habita no “perene hoje do Ressuscitado”.

07/03/2020

Jesus tinha muita familiaridade com o campo. É dali que surgem muitos dos seus exemplos e parábolas. Ele sabia como se cultivava a vide e o trigo, conhecia a semente e a planta da mostarda, falava do cuidado das figueiras... Um dos maiores elogios que saiu de sua boca foi justamente sobre a beleza dos lírios, pois “nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles” (Lc 12, 27). Referiu-se várias vezes ao modo como as plantas se enraízam na terra (cfr. Lc 8, 13). A imagem da raiz é de grande importância, pois se trata daquela parte da planta, oculta, com a qual ela se fixa na terra boa e se nutre. É invisível, e, no entanto, condição de vida e de fecundidade.

Raiz de todo bem

São Josemaria também gostava de utilizar a imagem da raiz, e o fazia em particular para falar do valor da Santa Missa na vida cristã. É lógico pensar assim, se considerarmos que em cada celebração se torna presente o único sacrifício de Jesus na cruz, o momento no qual o mal foi vencido e as portas do céu nos foram definitivamente abertas. Desse ato de amor por nós brotam os sacramentos, a Igreja, a vida cristã de todas as pessoas de todos os tempos. Por sua íntima união com o mistério da cruz poderíamos dizer que, de um modo misterioso, a santa Missa alimenta todas as coisas boas que acontecem no mundo[1]. Por isso São Josemaria procurava celebrá-la com toda a fé, com toda a piedade, com todo o amor de que era capaz.

Na sexta feira 14 de fevereiro de 1930, em um dos novos bairros que haviam surgido ao redor de Madri, no início da manhã, o jovem padre Josemaria ia precisamente celebrar a Missa num pequeno oratório, em uma casa na rua Alcalá Galiano, a cerca de duzentos metros da praça de Colón. Morava lá a mãe já idosa de Luz Casanova, fundadora das Damas apostólicas, que o jovem sacerdote atendia espiritualmente. Pouco depois de ter recebido o Senhor, algo novo surgiu em seu interior. Acontece às vezes que durante a Missa brotam em nós desejos de identificar-nos mais com Jesus, de santidade, luzes sobre o mistério de Deus... Desta vez, porém, era algo muito maior do que o habitual: compreendeu que, dali em diante, muitas mulheres receberiam a chamada de Deus para unir-se à missão do Opus Dei, recebida pouco mais de um ano antes, tornando presente no meio do mundo a santidade que vem do Senhor[2].

Quando se celebrou o quinquagésimo aniversário daquele dia, o primeiro sucessor de São Josemaria à frente da Obra dizia precisamente que “da santa Missa, presença sempre atual do sacrifício de Jesus Cristo, salta ao mundo esta chispa de amor divino que provocará incêndios de Amor em tantos corações”[3].

Um presente sempre novo

Para São Josemaria, as duas datas – 14 de fevereiro de 1930 e 2 de outubro de 1928 – formavam parte da mesma luz da fundação, eram duas notas de um mesmo acorde. Bem cedo deixaria inclusive testemunho escrito disso em seus Apontamentos íntimos: “Recebi a iluminação sobre toda a Obra”[4]. Pouco depois, em pleno conflito da guerra civil espanhola, escreve uma carta às pessoas da Obra que se encontravam dispersas em diferentes lugares, na qual pede-lhes que elevem diariamente uma oração a Deus pelo Padre, como chamariam, com o passar do tempo a quem viesse a ser o líder dessa família. Depois aconselha-os a começarem a rezar a oração pelo Padre “a partir do dia 14 de fevereiro próximo – dia de Ação de Graças, como o dia 2 de outubro”[5].

As características concretas da missão que São Josemaria recebeu de Deus foram-se perfilando com o passar do tempo, como quando se vai descobrindo as direções pelas quais discorre uma melodia. Mas poder-se-ia dizer que o ponto central dessa missão é “propagar entre os homens a chamada divina à santificação, promovendo uma obra – que mais adiante ele designará com o nome de Opus Dei – cujo fim seja precisamente difundir a busca da santidade e o exercício do apostolado no meio do mundo”[6]. Constitui igualmente um traço medular o fato de que esta missão se realizaria a partir das entranhas da própria sociedade, na vida de cristãos e cristãs normais, que moram, de modo autêntico, na sua própria pátria. E tudo isso, fundamentados na convicção sólida de que são filhos de Deus, que vivem em um mundo e um tempo herdados para nossa felicidade. Foi essa a luz que São Josemaria recebeu. E no dia 14 de fevereiro de 1930 ficou claro que Deus queria que muitas mulheres iluminassem a sua vida e o seu ambiente com esta mesma luz.

O espírito do Opus Dei é, antes de tudo, um presente sempre novo que Deus dá continuamente ao mundo; não se trata de um projeto elaborado por mentes humanas para solucionar problemas do passado ou de alguma região concreta[7]. A Obra nasce, repetidas vezes, com cada pessoa chamada a torná-la vida: habita no “perene hoje do Ressuscitado”[8]. Por isso, para caminhar rumo ao futuro com a mesma audácia de Deus, faremos ressoar continuamente em nossos ouvidos a melodia do dia 2 de outubro de 1928 e do dia 14 de fevereiro de 1930. Poderemos assim redescobrir, em qualquer idade, essa “avalanche irresistível”[9] que o Espírito Santo preparou para nós e para as pessoas que nos rodeiam.

A união mais forte

Parte essencial do que Deus pediu a São Josemaria – e que depois pediu a tantas pessoas através dele – consiste em um modo particular de nos relacionarmos com as pessoas que procuram viver este espírito. E esse modo particular é concretamente o da vida de uma família. Dentro deste desígnio de Deus, a presença da mulher na Obra ganha uma especial relevância. Como escrevia Mons. Fernando Ocáriz, esta presença é “um pressuposto necessário para que no Opus Dei exista de fato um espírito de família”[10]. Efetivamente a Obra é, sobretudo, uma grande família com homens e mulheres de todas as idades, à qual cada um e cada uma traz o seu modo de ser, os seus próprios talentos e interesses. Esta característica faz que cada pessoa seja, individualmente, o centro da atenção e das orações de todos, principalmente quando, por alguma razão, necessita disso de modo especial. Diz o livro dos Salmos: “Como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos”. (...) pois ali derrama o Senhor a vida e uma benção eterna” (Sl 133,1-3). Próprio de uma família é gerar o espaço idôneo, fértil, no qual cada membro possa encontrar o lugar onde deitar raízes sendo plenamente acolhido e feliz.

Ao mesmo tempo, São Josemaria decidiu que as atividades apostólicas do Opus dei – isto é, os contextos de formação e de governo, e os lugares onde estes se desenvolveriam – seriam realizadas separadamente para homens e mulheres. Isso, naturalmente, não impede a profunda unidade que move os corações de todos. Em uma época na qual dispomos cada vez mais de novos modos de estar unidos aos outros através da tecnologia ou do transporte, podemos agradecer a união e a comunicação mais forte de todas: a espiritual, que se realiza pela comunhão dos santos. Nunca haverá um desenvolvimento científico capaz de igualá-la, porque é o próprio Deus que a realiza.

A bem-aventurada Guadalupe Ortiz de Landázuri, como todas as pessoas que viveram com Deus, experimentou de muitos modos este tipo de união. Na quarta feira, 4 de junho de 1958, Álvaro del Portillo havia reservado o Santíssimo Sacramento pela primeira vez no sacrário do centro da Obra em Madri onde ela morava. Relatando alguns detalhes deste acontecimento, Guadalupe escrevia a São Josemaria, que se encontrava na Itália, a mais de mil quilômetros de distância: “[O pe. Álvaro] Falou-nos de Roma e parecia que estávamos ali com o Padre, como na realidade estamos sempre e queremos estar cada vez mais, mesmo que, como agora, estejamos longe”[11]. Quem experimentou um amor autêntico, reflexo do amor divino, sabe que os limites do espaço físico são muito relativos.

Quando terminou o Concílio Vaticano II, na metade dos anos sessenta, a Igreja dirigia estas palavras a todas as mulheres: “a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude (...). É por isso que, neste momento em que a humanidade sofre uma tão profunda transformação, as mulheres impregnadas do espírito do Evangelho podem tanto para ajudar”[12]. Daqueles anos até os nossos dias, passou mais de meio século no qual, às vezes muito velozmente, foi mudando a percepção da mulher – e junto, também a do homem – na sociedade. Trata-se de um processo ainda em curso, no qual a mulheres do Opus Dei são chamadas a colocar “em diálogo toda a sua riqueza espiritual e humana com as pessoas de nosso tempo”[13]. Essa é precisamente a missão divina transmitida a São Josemaria em 1928: dar às mudanças na sociedade, a partir dela mesma, o rosto de Cristo, sendo protagonistas principais da história.

“Minhas filhas – dizia São Josemaria em um 14 de fevereiro – gostaria que vocês hoje se dessem conta de tantas coisas que o Senhor, a Igreja e toda a humanidade esperam da Seção feminina do Opus Dei. E que, conhecendo toda a grandeza da sua vocação, amem-na cada dia mais”[14]. A vocação das mulheres no Opus Dei é uma vocação apostólica, uma luz que o Senhor suscitou, não para “pô-la num lugar oculto”, mas para que, em meio e através de cansaços e incompreensões que não faltarão, se possa pô-la “sobre o candeeiro” (Lc 11,33) de modo que chegue a todos a sua claridade e o seu calor.

“Da santidade da mulher depende em grande parte a santidade das pessoas que a rodeiam”[15], disse recentemente o Prelado do Opus Dei. Por isso, cada 14 de fevereiro é um dia de oração agradecida a Deus e de festa: porque, em continuidade ao 2 de outubro, nesse dia abriu-se um caminho de verdadeira alegria cristã para muitas mulheres e, consequentemente, para todos. Assim deixa-o perceber o diário do centro em que moravam muitas mulheres do Opus Dei em Roma, perto de São Josemaria, num aniversário daquela data: “Hoje é um dia grande e feliz, cheio de alegria para nós. É um dia para repicar festivamente todos os sinos de Roma, um dia para passá-lo inteiro agradecendo a Deus. E também para comemorar, porque é como se fossem os aniversários de todas”[16].

Andrés Cárdenas


[1] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1324 e 1330.

[2] Ele escreve literalmente em 1948: “Não posso dizer que vi, mas sim que captei intelectualmente, com detalhe (depois acrescentei outras coisas, ao desenvolver a visão intelectual), o que havia de ser a Seção feminina do Opus Dei”, Citado em Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do, tomo I, Quadrante, São Paulo, 2004, p. 297.

[3] Bem-Aventurado Álvaro Del Portillo, Carta 9/01/1980. (Crónica 1980, p. 105).

[4] São Josemaria, Apontamentos íntimos, n. 306. Citado em Andréz Vazquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, tomo I, p. 270. A cursiva não é do original.

[5] São Josemaria, Carta circular aos seus filhos, 9/01/1938. Citado em Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, tomo II, p. 221.

[6] José Luis Illanes, “Dos de octubre de 1928: Alcance y significado de una fecha”, em Scripta Theologica, vol. 13/2-3 (1981) p. 86.

[7] Cfr. São Josemaria, Instrucción acerca del espíritu sobrenatural de la Obra de Dios, n. 15.

[8] Francisco, Ex. Ap. Gaudete et exsultate, 19/03/2018, n. 173.

[9] São Josemaria, Carta 9/01/1932, n. 9. Citado em Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, tomo I, p. 278.

[10] Mons. Fernando Ocáriz, “A vocação ao Opus Dei como vocação na Igreja”, emO Opus Dei na Igreja", Rei dos Livros (Lisboa).

[11] Carta a São Josemaria, 4-VI-1958, em Cartas a um santo, Escritório de Informação do Opus Dei, 2019.

[12] São Paulo VI, Mensagem às mulheres, na Conclusão do Concílio Vaticano II, 8/12/1965.

[13] Mons. Fernando Ocáriz, Carta do Prelado, 5/02/2020.

[14] São Josemaria, Homilia, 14/02/1956. Citada em Francisca R. Quirogq, “14 de fevereiro de 1930: a transmissão de um acontecimento e uma mensagem” emStudia et Documenta, vol. 1 (2007).

[15] Mons. Fernando Ocáriz, Carta do Prelado, 5/02/2020.

[16] Diario de Villa Sacchetti, 14/02/1950. Citado em Francisca R. Quirogq, “14 de fevereiro de 1930: a transmissão de um acontecimento e uma mensagem” emStudia et Documenta, vol. 1 (2007).

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/fazer-os-sinos-repicarem/

Santos Cornélio e Cipriano

Santos Cornélio e Cipriano (SIGNIS)
16 de setembro
País: Itália - Cornélio
         Tunísia - Cipriano
Santos Cornélio e Cipriano

Cornélio, Papa, e Cipriano, bispo, foram contemporâneos no século III, martirizados no mesmo dia do mês (14 de setembro, atualmente festa da Exaltação da Santa Cruz; dia 15 é a festa de Nossa Senhora das Dores, então a festa destes santos passou para o dia 16), mas com diferença de cinco anos.

Cornélio, de origem romana, foi eleito Papa em 251, após 22 meses de vacância do cargo, por causa da violenta perseguição do imperador Décio aos cristãos (não havia possibilidade de reunião do clero para se fazer uma eleição). Seus dois anos de pontificado foram tumultuados também por problemas internos na Igreja. Realmente, Novato, um mau presbítero africano, fugiu de Cartago para Roma, onde fez amizade com outro sacerdote, e médico, Novaciano, igualmente orgulhoso e interesseiro; Novato enganou três bispos estrangeiros e os convenceu a eleger Novaciano “papa”, opondo-se a Cornélio e provocando um cisma. Este antipapa fomentou uma heresia segundo a qual só pertenciam à Igreja os “puros” (ói kátaroi), negando o perdão para os pecados graves e as segundas núpcias para as pessoas viúvas.

Em paralelo, Cipriano, nascido no ano de 210 em Cartago, norte da África, de família rica e nobre, hábil advogado e retórico, convertido ao Catolicismo em 246, foi logo ordenado sacerdote e consagrado bispo em 249, mesmo ano em que teve que fugir de Cartago por causa da perseguição de Décio. Apoiou a eleição e autoridade do Papa Cornélio, deixando escritos nos quais ressalta suas virtudes e o seu excelente governo na Cátedra de Pedro.

heresia do novacianismo condenava em especial os numerosos cristãos que, por fraqueza, haviam negado a Fé durante a crudelíssima perseguição de Décio, os chamados lapsi, “caídos”, muitos dos quais, porém, se arrependeram. Verdade é que alguns pretendiam voltar à Igreja sem as devidas penitências, apresentando apenas um certificado de reconciliação conseguido com algum suposto confessor.

Mas Cornélio e Cipriano defenderam o direito de plena reconciliação eclesiástica para aqueles que sinceramente se arrependessem e fizessem as penitências devidas, num sínodo convocado em 251, no qual foi reafirmada a eleição de Cornélio, excomungado Novaciano e anatemizada a sua heresia. Cipriano teve ainda que se opor, com o apoio do Papa Cornélio, a um diácono de Cartago chamado Felicíssimo, que havia conspirado para a eleição de um anti-bispo, Fortunato.

Assim Cornélio e Cipriano se apoiavam mutuamente contra o cisma e a heresia, que tanto em Cartago como em Roma os perseguiam, e à Igreja. Externamente, o novo imperador Galo iniciou a 8a perseguição aos cristãos em 252, durante a qual Cornélio foi exilado em Centumcellae (atual Civitavecchia), aonde foi decapitado em 253. Mais tarde, em 258, na perseguição promovida agora pelo imperador Valeriano, Cipriano foi preso e condenado quando retornou clandestinamente a Cartago; ao receber a sentença de morte por decapitação com espada, respondeu: Deo Gratias (“Graças a Deus”).

São Cipriano deixou numerosos escritos doutrinais, sobre dogma, moral, ascetismo e disciplina eclesiástica, além de 81 cartas, estas obras-primas da literatura latina e importante fonte de informações sobre a vida da Igreja na época.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

As vidas e missões de São Cornélio e São Cipriano foram próximas e unidas, nem belo testemunho de amor pela causa comum de Cristo e da Igreja, e por isso os seus nomes também estão unidos no Cânon das Missas solenes. O amor a Deus e ao próximo sempre nos unem, pois sua base é a nossa mesma filiação divina, a essência do que somos por origem e ao que somos chamados a ser em plenitude no Paraíso Celeste. Como Igreja, Corpo Místico de Cristo, somos membros de um organismo vivo no qual cada um precisa ajudar o outro a combater e superar os problemas internos e externos, para a saúde geral. Aos membros acaso doentes, é preciso o cuidado da cura, e assim jamais pode ser negado a ninguém sinceramente arrependido o perdão dos pecados. Este aspecto do novacianismo revela uma hipocrisia monstruosa, que nada mais é do que a manifestação da soberba dos que pretendem ser essencialmente superiores aos irmãos. Soberba esta ainda tão comum na realidade humana, incluindo tantos e tantos católicos… haja visto os incontáveis casos de vaidades medíocres entre os que, sem ao menos terem conhecimento suficiente, provocam divisões artificiais a respeito de espiritualidades diferentes, mas perfeitamente válidas (na medida em que não sofrem distorções), por exemplo a respeito da Liturgia. Enquanto isso, o diabo, cujo nome significa “divisão”, sorri e mais prontamente afasta os fiéis de Deus, pois o que está desunido é muito mais facilmente conquistado. E as perseguições externas recrudescem cada vez mais, na área cultural, social, política, etc., em pressões dia a dia maiores. A promessa de Cristo é de que “as portas do inferno não prevalecerão sobre ela [a Igreja]” (cf. Mt 16-18), mas nem por isso podem os católicos negligenciar o seu compromisso de comunhão, em Cristo, por Cristo e para Cristo; o combate ao cisma e às heresias são tão atuais hoje como no século III, e a vitória só virá na unidade da oração e da vivência da caridade.

Oração:

Senhor Deus, que de tal modo quereis que estejamos unidos a Vós, a ponto de enviar o Vosso Filho para pagar os nossos pecados, concedei-nos por intercessão de São Cornélio e São Cipriano a firmeza da unidade na Fé, Esperança e Caridade, para que, apoiando-nos mutuamente na Verdade, possamos dar graças a Vós ao decapitar o pecado das nossas vidas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

EDITORIAL: A inesquecível viagem do Papa missionário até aos confins do mundo

Crianças em Timor-Leste  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Imagens destinadas a permanecer na mente e no coração após a conclusão da peregrinação à Ásia e à Oceania.

ANDREA TORNIELLI

Na conclusão da mais longa viagem do pontificado do Papa à Ásia e à Oceania, há algumas imagens destinadas a permanecer na mente e no coração. A primeira é a do “túnel da fraternidade” que Francisco abençoou ao lado do Grande Imã de Jacarta: em uma época em que os túneis são associados a imagens de guerra, terrorismo, violência e morte, essa passagem que liga a grande mesquita à catedral católica é um sinal e uma semente de esperança. Os gestos de amizade e de afeto que o Bispo de Roma e o imã trocaram entre si chamaram a atenção de muitas pessoas no maior país muçulmano do mundo.

A segunda imagem é de Francisco embarcando no C130 da Força Aérea Australiana para ir a Vanimo, no noroeste de Papua Nova Guiné, para visitar três missionários de origem argentina e seu povo, levando consigo uma tonelada de ajuda e presentes. O Papa, que quando jovem sonhava em ser missionário no Japão, ansiava por essa viagem ao local mais periférico do mundo, onde foi abraçado por homens e mulheres em seus trajes coloridos. Ser missionário significa, antes de mais nada, compartilhar a vida, os muitos problemas e as esperanças desse povo que vive na precariedade, imerso em uma natureza exuberante. Significa dar testemunho da face de um Deus que é ternura e compaixão.

A terceira imagem é a do Presidente da República, José Manuel Ramos-Horta, que, na conclusão dos discursos oficiais no palácio presidencial em Dili, Timor Leste, abaixou-se para ajudar o Papa a colocar os pés nos apoios de sua cadeira de rodas. No país mais católico do mundo, a fé é um forte elemento de identidade e o papel da Igreja foi decisivo no processo que levou à independência da Indonésia.

A quarta imagem é a do comovente abraço do Papa às crianças com deficiência cuidadas pelas religiosas da escola Irmãs Alma: gestos, olhares, algumas palavras profundamente evangélicas para nos lembrar que essas crianças que precisam de tudo, ao se deixarem cuidar, nos ensinam a nos deixarmos cuidar por Deus. A pergunta sobre por que os pequenos sofrem é uma lâmina que fere, uma ferida que não cicatriza. A resposta de Francisco foi a proximidade e o abraço. 

A quinta imagem é a do povo de Timor Leste que esperou horas e horas sob o sol escaldante pelo Papa na esplanada de Taci Tolu. Mais de 600 mil pessoas estavam presentes, praticamente um timorense a cada dois. Francisco ficou impressionado com a recepção e o calor humano em um país que, depois de lutar para conquistar sua independência da Indonésia, está lentamente construindo seu futuro. Sessenta e cinco por cento da população tem menos de 30 anos de idade, e as ruas percorridas pelo carro papal estavam repletas de homens e mulheres jovens com seus filhos pequenos. Uma esperança para a Igreja. Uma esperança para o mundo.

A sexta imagem é a da “skyline” de Singapura, a ilha-Estado com os arranha-céus altíssimos e moderníssimos. Um país desenvolvido e rico. Impossível não pensar no contraste com as ruas empoeiradas de Dili, de onde o Papa havia saído algumas horas antes. Aqui também, onde a prosperidade é evidente em cada canto, onde a vida é organizada e o transporte é muito rápido, Francisco abraçou a todos e indicou o caminho do amor, da harmonia e da fraternidade.

Por fim, a última imagem é a do próprio Papa. Houve quem duvidasse que ele teria resistido bem ao cansaço de uma viagem tão longa, em países de clima tropical. Pelo contrário, foi um crescendo: em vez de se cansar dia após dia, gastando quilômetros, transferências e voos, ele recuperou energia. Encontrou os jovens de vários países, abandonando o texto escrito e dialogando com eles, revigorando-se no espírito, mas também no corpo. Jovem entre os jovens, apesar de estar se aproximando dos 88 anos, que completará na véspera do Jubileu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 15 de setembro de 2024

O Cristianismo tira a diversão da vida?

Dmitry Molchanov | Obturador | #image_title

Philip Kosloski - publicado em 14/09/24

Às vezes, o cristianismo pode parecer um grande desmancha-prazeres, que com a sua negatividade tira a nossa diversão e nos impede de viver a vida ao máximo.

Muitas pessoas veem o cristianismo como um desmancha-prazeres que arruína a vida e a diversão de todos com sua negatividade constante. Isto leva à suposição de que os cristãos são de alguma forma impedidos de viver uma vida plena e que o cristianismo torna tudo pior.

Seja no casamento ou na vida de solteiro, o Cristianismo tira toda a “diversão” da vida.

Viva a bela vida

São Francisco de Sales argumenta contra esta imagem na sua Introdução à Vida Devota , e acredita que o Cristianismo conduz a maior realização e alegria:

“A verdadeira devoção nada impede, mas, pelo contrário, aperfeiçoa tudo; e aquilo que vai contra a vocação legítima de alguém é, podem ter certeza, uma devoção espúria.”

Ele então faz uma analogia comparando uma vida devota com a ação das abelhas:

“Aristóteles diz que a abelha suga o mel das flores sem danificá-las, deixando-as tão inteiras e frescas como as encontrou; mas a verdadeira devoção faz isso ainda melhor, pois não só não impede qualquer tipo de vocação ou dever, mas também , pelo “Pelo contrário, adorna e embeleza tudo. Coloque pedras preciosas no mel, e cada uma ficará mais brilhante de acordo com sua cor”.

É melhor viver unido a Deus

Isso significa que tudo o que fazemos na vida fica ainda melhor quando estamos unidos a Deus:

“Todos cumprem melhor sua vocação especial quando estão sujeitos à influência da devoção: os deveres familiares são mais leves, o amor conjugal mais verdadeiro, o serviço ao nosso Rei mais fiel, todo tipo de ocupação mais aceitável e melhor executada quando Este é o guia.”

Os santos são mais uma vez grandes exemplos para nós, porque nos mostram como viver perto de Deus leva a uma vida bela, cheia de alegria, felicidade e realização.

Os cristãos podem não ser capazes de fazer tudo o que querem, mas são capazes de fazer o que é certo, o que leva a uma liberdade ainda maior, que não é sobrecarregada pela escravidão ao pecado.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/09/14/le-quita-el-cristianismo-la-diversion-a-la-vida

Nossa Senhora das Dores

Nossa Senhora das Dores (cancaonova)

Nossa Senhora das Dores

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Comemoramos no dia 15 de setembro a memória de Nossa Senhora das Dores, comemorada um dia após a festa da Exaltação da Santa Cruz. Lembramos muito de Nossa Senhora das Dores ao longo da Semana Santa, quando se celebra o seu encontro com o Filho Jesus e a procissão de Nossa Senhora das Dores, inclusive meditando sobre suas dores. Contudo, o dia de sua memória litúrgica é em 15 de setembro. 

Neste ano de 2024, a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores ocorre em um domingo, assim como a festa da Natividade de Nossa Senhora. Por isso, o Dia do Senhor tem precedência, e celebramos a Páscoa semanal do Senhor. É claro que não deixaremos de lembrar de Nossa Senhora das Dores, e as paróquias que têm Nossa Senhora das Dores como padroeira podem realizar as orações da missa em memória dela. 

Nossa Senhora das Dores é a Mãe de Jesus e recebe o título de “das Dores”, assim como recebe tantos outros títulos nos lugares onde aparece. O título de Nossa Senhora das Dores remonta à imensa “dor” que Nossa Senhora sentiu ao ver seu Filho sendo condenado à morte. Ela acompanhou, mesmo que um pouco à distância, todo o caminho de Jesus rumo ao Calvário. Depois, esteve aos pés da Cruz junto com o discípulo amado e viu de perto a crueldade que estavam fazendo com seu Filho. 

Jesus se compadece da dor de sua mãe e diz ao discípulo amado: “Filho, eis aí a tua mãe” e diz a Nossa Senhora: “Mulher, eis aí o teu filho”. A partir desse momento, João acolhe Nossa Senhora consigo e, ao mesmo tempo, João representa a humanidade inteira. Pois, ao entregar Nossa Senhora aos cuidados de João, Jesus a entrega como Mãe de toda a humanidade. Por isso, Nossa Senhora é Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, pois Jesus a entrega a toda a Igreja. 

Nossa Senhora das Dores nos ensina a não nos desesperarmos diante das dificuldades e a aceitar tudo como um plano de Deus para a nossa vida. Mesmo diante de momentos de dor, sofrimento e morte, devemos confiar plenamente em Deus, e Ele nos dará a direção correta para superarmos essas dificuldades. Nossa Senhora nos ensina a não perder a fé ao longo de sua vida, e, a exemplo do discípulo amado, devemos acolher Nossa Senhora em nossa casa, no seio de nossa família, rezando o terço todos os dias e permitindo que ela fique conosco. 

Neste dia de Nossa Senhora das Dores, lembremos de tantas mães que sofrem, especialmente daquelas que tiveram que ver seus filhos partirem deste mundo. Recordemos, sobretudo, de tantas mães que perdem seus filhos para as drogas, bebidas, violências ou prostituição. Que Nossa Senhora ajude essas mães a superar essa perda com fé. A ordem natural da vida é que primeiro partam para a vida eterna os pais e depois os filhos, mas, em alguns casos, acontece o contrário. Peçamos a Nossa Senhora neste dia, dedicado a ela, que reconforte o coração dessas mães e que elas não percam a fé em Deus. 

Na Semana Santa, como já mencionamos, meditamos sobre as dores de Nossa Senhora, que, mesmo sendo a Mãe de Deus, teve suas alegrias e também precisou suportar tantas dores. Assim como tantas mães têm em suas vidas momentos de dor e alegria com seus filhos, peçamos ao Senhor que o coração dessas mães seja confortado diante das dores e envolvido de alegria. 

Nossa Senhora das Dores, conhecida também como a “Mãe Dolorosa”, teve essa celebração incluída no calendário romano em 1814 pelo Papa Pio VII. 

A ordem religiosa dos Servos de Maria – conhecidos como Servitas – já celebrava a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores desde o ano de 1233. Eles contribuíram muito para que, anos mais tarde, essa memória fosse instituída no calendário litúrgico. Em 1668, os membros da Ordem dos Servos de Maria conseguiram autorização do Papa para celebrar a missa votiva a Nossa Senhora das Dores. 

No ano de 1692, o Papa Inocêncio XII permitiu que a memória de Nossa Senhora das Dores fosse celebrada no terceiro domingo de setembro. Mas não durou muito tempo, pois, em 1714, a celebração foi transferida para a sexta-feira que antecede o Domingo de Ramos. No dia 18 de setembro de 1814, Pio VII estendeu a celebração a toda a Igreja, retornando à data do terceiro domingo de setembro. 

O Papa Pio X determinou que a celebração fosse fixada em 15 de setembro, um dia após a festa da Exaltação da Santa Cruz, mas com o título de Nossa Senhora das Dores, e não “Sete Dores de Maria”. Pois, não celebramos as “dores de Nossa Senhora” em si, mas celebramos, em especial, a Mãe de Deus e pedimos a ela força para superar as nossas dores, assim como ela superou as suas. 

A memória de Nossa Senhora das Dores nos convida a reviver um momento marcante da história da salvação e a venerar a Mãe associada à Paixão do Filho, que viu seu Filho levantado e pregado na Cruz. A maternidade de Nossa Senhora assume dimensões universais no Calvário, tornando-se a Mãe de todos os viventes. Por isso, ela é “Nossa Senhora”, pois sabemos que ela é nossa Mãe. Além disso, chamar a Mãe de Jesus de Nossa Senhora é uma forma de carinho de nossa parte. 

Nossa Senhora das Dores é também chamada de Nossa Senhora da Piedade e também da Consolação, pois ela é a Mãe que nos consola, fortalece, conforta e alenta nossa esperança. Junto de Nossa Senhora da Consolação, ao adentrar a escola de Maria, adquirimos a consciência de que para todo mal há uma cura, para cada dor há um tratamento, para toda doença há um cuidado paliativo, e para toda solidão há um Deus que nos acolhe, perdoa e renova. 

Celebremos com o coração cheio de esperança a comemoração de Nossa Senhora das Dores e peçamos a ela que nos dê forças nos momentos de dificuldade e que, a exemplo dela, façamos sempre a vontade de Deus. É necessário passar pelo “calvário” desta vida para se chegar à glória da ressurreição. Amém. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o XXIV Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

"Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Mais uma vez Deus nos leva a uma revisão de nossos critérios, se estão de acordo com os de Jesus, o Homem Novo, ou se nos deixamos levar pelos do mundo e aceitamos os seus, tão diversos dos do Senhor.

A primeira leitura, extraída de Isaías nos apresenta a figura significativa do Servo Sofredor, a mesma da Sexta-Feira Santa, onde lemos sobre o homem das dores que confia no Senhor. Esse relato nos conduz ao Evangelho deste domingo, em que Marcos faz o primeiro anúncio da paixão do Mestre. Ora, Jesus é aquele que nos salvou a partir do seu sofrimento, que foi rejeitado e hostilizado pelos grandes de Israel e, em seguida, enaltecido pelo Pai e, por Ele, ressuscitado. Por isso Jesus se tornou a força, a esperança, o referencial para aqueles que assumem, como missão, a luta por seus irmãos, pela justiça, para que eles sejam respeitados como filhos de Deus.

No Evangelho Cristo desnorteou seus discípulos ao falar que ele seria rejeitado e sofreria muito e que exatamente por causa dessa paixão é que sairia vitorioso. Jesus ensinou que a vitória virá através da morte, da derrota. Ele quebrou a lógica do mundo, virou a mesa.

Quando Pedro, que havia feito bela profissão de fé, mas ainda sem uma compreensão amadurecida, disse que impediria tal desastre acontecer, Jesus o repreendeu com um veemente “Afasta-te de mim Satanás!” E em seguida disse para todos:” Se alguém me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.

Renunciar a si mesmo significa renunciar a toda ambição pessoal, não pensar em si, em seus interesses, mas estar totalmente voltado para Deus e para os outros. Tomar a sua cruz é muito mais do que aceitar as durezas do dia a dia; é conseqüência do “renunciar a si mesmo,” quando nos sacrificamos pela felicidade de alguém e é, em diversas ocasiões, o preço pela fidelidade ao Evangelho.

Seguir Jesus é tomar parte em seu projeto redentor, na luta pela instauração do Reino de justiça e de paz e aceitar as conseqüências dessa participação; é perder a vida, como aconteceu com ele, nosso Mestre e Senhor.

Ser companheiro de Jesus em sua paixão, assumindo toda sua humilhação, trabalhos e lutas, nos proporcionará, depois, segui-lo na glória. Por isso, quem quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas quem a perder, irá salvá-la.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que o tempo 'passa mais devagar' para crianças

Crédito: Getty Images

Por que o tempo 'passa mais devagar' para crianças

  • Author: Krupa Padhy
  • Role: BBC Future
  • 14 setembro 2024

Minha família está absorta em um debate sobre quando o tempo passa mais rápido ou mais devagar.

"Passa mais devagar no carro!", grita meu filho.

"Nunca!", responde minha filha. "Estou muito ocupada para o tempo passar devagar, mas talvez nos fins de semana quando estamos no sofá vendo filme."

Há um certo consenso também: ambos concordam que os dias após o Natal e seus respectivos aniversários passam melancolicamente devagar, à medida que se dão conta de que precisam esperar mais 365 dias para comemorar novamente.

Na idade deles, os anos parecem se arrastar infinitamente.

É uma sensação da qual me lembro bem — as férias de verão repletas de brincadeiras na água ou sobre a grama recém-cortada, com a roupa secando no varal, ao fundo, sob os raios de Sol. Em momentos como este, o tempo realmente parecia passar lentamente.

A professora de Psicologia Teresa McCormack, que estuda desenvolvimento cognitivo na Queen's University Belfast, na Irlanda do Norte, diz que as crianças e o tempo são um tema muito pouco estudado.

Ela pesquisa há muito tempo se há algo fundamentalmente diferente no processamento do tempo das crianças, como um relógio interno que funciona em uma velocidade diferente da dos adultos. Mas ainda há mais perguntas do que respostas.

"É estranho que ainda não saibamos realmente as respostas para perguntas como quando as crianças passam a fazer uma distinção adequada entre o passado e o futuro, já que isso parece estruturar toda a maneira como pensamos sobre nossas vidas como adultos", diz McCormack.

Ela explica que, embora não tenhamos uma compreensão clara de quando as crianças entendem o sentido de tempo linear, sabemos que, desde relativamente cedo no desenvolvimento, as crianças parecem ser sensíveis a eventos rotineiros, como a hora das refeições e de dormir. Ela enfatiza que isso não é o mesmo que ter um senso adulto de tempo linear.

Diferentemente das crianças, os adultos têm a capacidade de pensar em pontos no tempo, independentemente de quando um evento acontece, devido ao seu conhecimento do sistema convencional de horário e calendário. A semântica também desempenha um papel nisso.

"Leva tempo para que as crianças realmente se tornem usuárias completamente competentes da linguagem temporal, usando termos como antes, depois, amanhã e ontem", diz McCormack.

Ela acrescenta que nossa compreensão das passagens de tempo também se baseia no momento em que as pessoas são solicitadas a fazer essas avaliações em relação ao tempo.

"Você está fazendo a pergunta enquanto os eventos estão acontecendo ou retrospectivamente?", ela questiona, dando um exemplo com o qual muita gente vai se identificar.

"O tempo entre o nascimento do meu filho e quando ele saiu de casa, agora parece ter passado num piscar de olhos. Mas durante o período em que você está realmente envolvido na tarefa de criar filhos, um único dia dura uma eternidade."

A capacidade de relacionar a duração à velocidade com que o tempo passa se desenvolve mais tarde na infância | Crédito: Getty Images

Estudos mostram que avaliar a duração e a velocidade da passagem de tempo se desenvolve separadamente em seres humanos.

Crianças menores de seis anos parecem capazes de entender o quão rápido uma aula passa na escola, por exemplo, mas seu discernimento está mais ligado ao seu estado emocional do que à duração real. Esses dois elementos se unem em um estágio posterior, quando as crianças entendem a relação entre velocidade e duração.

Depois, tem a questão da memória.

Muitas pesquisas se concentram em como nossa experiência da passagem do tempo depende de como nosso cérebro armazena memórias e capta experiências. Isso é algo que fascina há muito tempo Zoltán Nádasdy, professor de Psicologia na Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste, na Hungria.

Como aluno de graduação na Universidade de Budapeste em 1987, Nádasdy convenceu seus colegas a realizar um estudo de campo sobre a percepção do tempo entre crianças e adultos.

Ele queria entender por que o tempo parece se dilatar quando ocorre um acidente, por exemplo. O experimento era simples. Eles mostraram a grupos de crianças e adultos dois vídeos, ambos com um minuto de duração, e perguntaram a eles qual vídeo parecia o mais longo, e qual parecia o mais curto.

Mais de três décadas depois, Nádasdy e sua equipe decidiram repetir o experimento. Um vídeo repleto de ação da polícia atrás de um ladrão, e um vídeo comparativamente monótono de pessoas remando em um rio, foram exibidos para três faixas etárias, antes de elas serem solicitadas a classificar a duração fazendo gestos com as mãos. O resultado foi o mesmo.

"As crianças de quatro a cinco anos acharam o vídeo repleto de ação mais longo, e o monótono mais curto. Para a maioria dos adultos, foi o oposto."

Eles usaram gestos com as mãos para entender se os participantes percebiam o tempo como um fluxo horizontal, algo que ficou evidente em todas as três faixas etárias.

O que o experimento mostra, diz Nádasdy, é que na ausência de um órgão sensorial para prever o tempo, os seres humanos usam outras referências.

"Nossa experiência sensorial explícita do tempo é sempre indireta, o que significa que precisamos buscar algo que acreditamos se correlacionar com o tempo", afirma.

"E, na psicologia, isso é chamado de heurística. Então, no caso das crianças, o que elas podem buscar? O quanto elas podem falar sobre aquilo."

Essa referência tende a mudar quando as crianças vão para a escola, onde começam a aprender sobre os conceitos de simultaneidade e tempo absoluto.

"Isso não nos dá a sensação de tempo, apenas substitui essa heurística por outra. Quando você vai para a escola, você tem um cronograma. Seu dia é totalmente controlado."

McCormack acrescenta outros dois fatores em jogo quando se trata do conceito de tempo das crianças.

"Um é que seus processos de controle não são os mesmos dos adultos", diz ela. "Elas podem ser mais impacientes, e achar mais difícil esperar."

"Também pode estar relacionado aos seus processos de atenção. Quanto mais atenção você dá a um período de tempo que passa, mais devagar ele parece passar para você."

Uma pesquisa dos professores de Psicologia Sylvie Droit-Volet, da Universidade Clermont Auvergne, na França, e John Wearden, da Universidade de Keele, no Reino Unido, mostrou que o mesmo se aplica a adultos.

Eles descobriram que a experiência de uma pessoa com a passagem de tempo na vida cotidiana não varia com a idade, mas com seu estado emocional. Simplificando: se você está mais feliz, o tempo passa mais rápido. Se você está triste, o tempo se arrasta.

Um exemplo fundamental disso foi observado durante o lockdown em decorrência da pandemia de covid-19, quando pesquisadores identificaram uma desaceleração da passagem do tempo associada a mais estresse, menos coisas para fazer e ter mais idade.

Também é possível induzir este efeito assistindo a um filme — filmes assustadores podem fazer com que o tempo pareça se alongar, por exemplo, assim como olhar para imagens que nos causam repulsa. Outras pesquisas mostram que experiências desagradáveis, como pegar um trem lotado na hora do rush, também parecem demorar mais do que uma jornada mais tranquila.

Há também um grau de deterioração física à medida que envelhecemos que também pode afetar nossa avaliação do tempo, de acordo com Adrian Bejan, professor de engenharia mecânica na Universidade Duke, nos EUA. Ele tentou explicar o quebra-cabeça da nossa percepção do tempo pelas lentes de uma teoria que desenvolveu em 1996 sobre a "física da vida", que se tornou conhecida como "Lei Constructal".

"A maior fonte de entrada de informação para o nosso cérebro é a visão, da retina para o cérebro", diz Bejan.

"Por meio do nervo óptico, o cérebro recebe imagens instantâneas, como os frames de um filme. O cérebro se desenvolve na infância, e está acostumado a receber muitas dessas imagens. Na idade adulta, o corpo é muito maior. A distância do percurso entre a retina e o cérebro dobra de tamanho, as vias de transmissão se tornam mais complexas com mais ramificações. E, além disso, com a idade, vivenciamos a degradação."

Isso, segundo ele, significa que o ritmo com que recebemos "imagens mentais" dos estímulos de nossos órgãos sensoriais diminui com a idade. Isso cria a sensação de tempo compactado em nossas mentes, pois na vida adulta recebemos poucas imagens mentais em uma unidade de tempo do relógio, em comparação com quando éramos crianças.

A percepção de tempo das crianças é relativamente pouco estudada | Crédito: Getty Images

Estudos sobre mudanças neurodegenerativas relacionadas à idade sugerem que pode haver uma associação entre o declínio do nervo óptico e uma desaceleração na velocidade em que as informações são processadas e na capacidade de memória de trabalho. Mas mais estudos precisam ser feitos para entender isso completamente.

O que você está olhando também pode ser importante. A percepção do tempo pode ser afetada pelas propriedades do que está sendo observado — o tamanho da cena, quão fácil é lembrar dela e quão confusa ela é. Um estudo recente de psicólogos da Universidade George Mason, nos EUA, mostrou que os dois primeiros fatores dilatam o tempo, enquanto a confusão e o quão movimentada uma cena é o contraem.

Nosso coração também fornece um sinal interoceptivo importante para nosso cérebro sobre a passagem do tempo — nossa noção de quanto tempo um acontecimento leva muda com o ritmo dos batimentos cardíacos.

Se isso realmente desempenha um papel importante na nossa noção de tempo, talvez não seja coincidência que nossa frequência cardíaca tenda a diminuir com a idade. Nossa frequência cardíaca tende a atingir um pico nos meses após o nascimento, antes de diminuir lentamente à medida que envelhecemos.

Outra coisa acontece com muitos de nós à medida que envelhecemos — uma rotina menos fluida e mais inflexível entra em ação. Pesquisas mostram que quanto mais pressão de tempo, tédio e rotina na vida de uma pessoa, assim como quanto mais voltada para o futuro ela for, em vez de viver o momento, mais rápido o tempo é vivenciado.

O que você está fazendo no presente é, sem surpresa, primordial para nossa compreensão do tempo, não importa nossa idade.

À medida que nossa carga de trabalho mental aumenta, por exemplo, tendemos a vivenciar um encurtamento do tempo, pois subestimamos a duração de uma tarefa, quanto mais exigente ela for.

Um acampamento de verão de duas semanas repleto de diversão, por exemplo, pode ser mais memorável do que todo seu ano letivo. Nádasdy explica que é altamente provável que essas memórias do acampamento de verão ocupem um espaço muito maior do tecido cerebral, devido ao grande número de aventuras que ocorreram durante esse curto período.

"É possível que as avaliações das pessoas sobre o que realmente aconteceu durante um determinado período de tempo reflitam, em parte, sua memória para a quantidade de coisas novas que elas se lembram de ter acontecido", diz McCormack.

"Por exemplo, se você for um adulto mais velho, talvez não tenha havido muitas mudanças importantes na sua vida nos últimos 10 anos."

Mas quando houver, elas vão ficar na sua memória tanto quanto aquele acampamento de verão.

Com isso em mente, será que é possível para os adultos desacelerar o tempo, relembrando aqueles dias simples da infância?

Algumas pesquisas sugerem que o exercício físico pode ajudar a desacelerar nossa percepção do tempo — portanto, ser simplesmente mais ativo pode ajudar (embora pegar pesado demais pode ter o efeito oposto, uma vez que a fadiga física pode encurtar nossa percepção do tempo).

Bejan também dá outras sugestões menos extenuantes.

"Desacelere um pouco mais, se obrigue a fazer coisas novas para fugir da rotina", diz ele.

"Mime-se com surpresas. Faça coisas incomuns. Ouviu uma boa piada? Me conte! Tem uma ideia nova? Faça alguma coisa. Crie alguma coisa. Diga alguma coisa."

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/ckg1jld22gzo

Papa no Angelus: o verdadeiro encontro com Jesus transforma a vida

Angelus de 15 de setembro de 2024, com o Papa Francisco (Vatican News)

Conhecer Jesus e se relacionar com Ele, deixando-se tocar e incomodar pelo Evangelho: este é o cerne da reflexão de Francisco, que, no Angelus deste domingo, 15 de setembro, exorta os fiéis a se converterem, abandonando a mentalidade do mundo: "Tudo muda se você realmente conheceu Jesus!"

https://youtu.be/ESN8xw158Zc

Thulio Fonseca - Vatican News

Neste domingo (15/09), durante a alocução que precede a oração mariana do Angelus na Praça São Pedro, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho de São Marcos e sublinhou a importância de uma verdadeira relação pessoal com Jesus, que vai além do simples conhecimento teórico.

Diante da pergunta de Jesus aos discípulos, presente na liturgia de hoje: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mc 8,29), o Pontífice destacou que Pedro respondeu corretamente, afirmando que Jesus é o Cristo. No entanto, logo em seguida, ao ouvir sobre o sofrimento e a morte do Senhor, Pedro se opôs, demonstrando que sua compreensão ainda era limitada pela visão humana e mundana.

Conhecer Jesus verdadeiramente 

Segundo Francisco, conhecer Jesus não se resume a ter informações teóricas sobre Ele, recitar orações ou saber responder corretamente a perguntas de catecismo:

"Na realidade, para conhecer o Senhor, não basta saber algo sobre Ele, é preciso segui-Lo, deixar-se tocar e mudar pelo Seu Evangelho. Trata-se de ter com Ele uma relação, um encontro que transforma a vida."

O Pontífice então reforçou que essa transformação autêntica leva a mudanças profundas: "Eu posso conhecer muitas coisas sobre Jesus, mas se não O encontrei, ainda não sei quem é Jesus. É necessário esse encontro que muda a vida: muda o modo de ser, muda o modo de pensar, muda as relações que você tem com os irmãos, a disposição para acolher e perdoar, muda as escolhas que você faz na vida. Tudo muda se você realmente conheceu Jesus! Tudo muda."

Fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro (Vatican Media)

Deixar-se "incomodar" pelo Evangelho

Referindo-se às palavras de Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano que se opôs ao nazismo, quando afirmou "O problema que nunca me deixa tranquilo é o de saber o que o cristianismo realmente é para nós hoje, ou mesmo quem é Cristo", o Santo Padre alertou contra o perigo de uma fé que se mantém estática e longe de Deus, pois "infelizmente, muitos já não se fazem mais essa pergunta e permanecem tranquilos, adormecidos, mesmo longe de Deus". E, em seguida, fez um convite aos fiéis a se questionarem:

"Eu me deixo incomodar? Eu me questiono sobre quem é Jesus para mim e qual é o lugar que Ele ocupa na minha vida? Que nossa mãe Maria, que conhecia bem Jesus, nos ajude com essa pergunta", concluiu o Papa Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Nicomedes

São Nicomedes (A12)
15 de setembro
País: Turquia
São Nicomedes

Nicomedes era um sacerdote romano que viveu no século I, onde os cristãos eram perseguidos pelo imperador Domiciano, um homem tirano e cruel. Nicomedes enterrava os cristãos, vítimas das perseguições. Por isso, foi preso, e, ao se recusar a oferecer sacrifícios aos deuses e abandonar a sua fé, foi assassinado e jogado no rio Tibre, em Roma.

Seu corpo foi recolhido por um clérigo, e enterrado em uma catacumba na Via Nomentana, perto da porta com o mesmo nome. Mais tarde o Papa Adriano I restaurou a igreja construída sobre ele. Além disso, no século V, existia uma igreja titular em Roma dedicada a ele.

Ele é lembrado como um santo cujo martírio ocorreu em uma data específica, 15 de setembro, e é mencionado em diversos documentos históricos, como o Martyrologium Hieronymianum e o Sacramentário Gregoriano.


Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Os mártires são considerados exemplos de fé e coragem, e sua devoção é uma expressão da crença na comunhão dos santos e na intercessão dos santos junto a Deus. A vida de São Nicomedes, como a de qualquer mártir, pode inspirar os fiéis a permanecerem firmes em sua fé, mesmo diante das piores dificuldades e desafios.

Oração:

Ó Deus, que São Nicomedes seja para todos nós exemplo de fidelidade e de espírito resoluto para que possamos nos inspirar em sua vida, professando a fé cristã em todas as circunstâncias. Dai-nos, por sua intercessão, a Graça de permanecer firme na fé. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 14 de setembro de 2024

Exaltação da Santa Cruz: sinal de vida, redenção e esperança

A Festa da Exaltação da Santa Cruz é celebrada neste sábado, 14 de setembro  (Renan Dantas - Diocese de Juína)

A festa em honra à Santa Cruz é celebrada neste sábado (14/09) para meditar sobre o símbolo da nossa fé. O bispo diocesano de Juína - MT, dom Neri José Tondello, assina artigo com reflexão sobre a esperança que nasce da cruz de Jesus: o sinal feito pela manhã pede proteção pelo novo dia; à noite, é de gratidão pela jornada. "Ao fazer o Sinal da Santa Cruz, o cristão sente-se protegido por uma bênção traçada sobre seu corpo em forma orante: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém."

Dom Neri José Tondello*

A Igreja exalta a Santa Cruz, como "sinal do mais terrível entre os suplícios, é para o cristão a árvore da vida, o tálamo, o trono, o altar na nova aliança. De Cristo, novo Adão adormecido na cruz, jorrou o admirável sacramento de toda a Igreja. A cruz é o sinal do senhorio de Cristo sobre os que, no Batismo, são configurados a ele na morte e na glória (cf. Rm 6,5). Na tradição dos Padres, a cruz é o sinal do Filho do Homem que comparecerá no fim dos tempos (cf. Mt 24,30). A festa da Exaltação da Cruz, que no Oriente é comparada Àquela da Páscoa, relaciona-se com a dedicação das basílicas constantinianas construídas no Gólgota e sobre o sepulcro de Cristo" (Missal Romano, Festa da Exaltação da Santa Cruz, 800p)

Na vida cristã, automaticamente ao levantarmos pela manhã, o nosso dia começa com o Sinal da Santa Cruz. Assim, pedimos que a Cruz de Jesus nos proteja durante todo o novo dia e em todas as nossas atividades. Ao dormir, da mesma forma, o cristão conclui a jornada de vida e labor com a bênção do Sinal da Cruz como sinal de gratidão a Deus Trindade. Ao fazer o Sinal da Santa Cruz, o cristão sente-se protegido por uma bênção traçada sobre seu corpo em forma orante: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Se, a cruz é libertadora e redentora, também a cruz representa os tantos crucificados que, como Jesus, esperam que os tiremos da cruz do abandono, da indiferença, do descaso e da morte certa. "É preciso tirar os crucificados da cruz", diz também Jhon Sobrino.

Crucificados pelo pecado do mundo, pecado da injustiça, falta de educação de qualidade para todos. Muitos não têm acesso à saúde. Muitos morrem antes de chegar ao primeiro socorro. Muita cruz, também pesa sobre os ameaçados pela ação de despejo da terra. A cruz sobre aqueles que sofrem por não saberem onde vão dormir amanhã. "Onde vão dormir os pobres" crucificados sem casa e sem trabalho? A Cruz de Jesus não pode esquecer as vítimas do racismo e as vítimas da violência doméstica. Tamanha é a cruz dos dependentes químicos. Mas, a cruz dos sem fé e sem religião pode ser ainda maior. A cruz dos sem Cruz. A cruz pesada que carrega o Pantanal e a Amazônia pelas chamas criminosas da destruição. A Casa de todos, Casa Comum, está queimando. Os rios estão morrendo. A cruz do planeta todo sofre o pecado do descaso. A natureza perdeu o caráter sagrado. A Tecnologia a domesticou e a tem subordinado à mão humana a ação violenta contra a natureza, tirando a sua espiritualidade para esgotar todo poder econômico possível. Aquilo que era, no princípio, um Jardim para todos, está ladeira abaixo aumentando as temperaturas, ameaçando cidades, desequilibrando a biodiversidade, pondo em risco todo o tecido da vida no planeta.

Contudo, e apesar de tudo, a esperança, nasce da Cruz de Jesus, porque morreu nela para que fosse Cruz salvadora, não mais a Cruz do sinal opróbrio da morte. Isto é, morreu nela, para dar-nos toda a vida em nova árvore verdejante, oxigênio imprescindível - porque, "somos filhos das folhas". Os povos originários ainda conservam em muito a espiritualidade na sua relação de amizade e cuidado com a natureza. Sabem-se e sentem-se natureza. Por outra parte, o divórcio de profanação da natureza permitiu uma união adúltera sem escrúpulo. O Sinal da Santa Cruz, por si e em si, é semáforo dos limites que se deve impor às forças ocultas e visíveis do mal, do ódio e da raiva, contra Deus, contra o mundo e contra a pessoa humana. Toda vez que avistamos uma cruz, damo-nos conta de que o mal e a morte foram vencidos por Jesus, que diz: "Eu venci o mundo", que quer dizer: vencer as forças malignas da destruição violenta e todas as causas e formas que levam à morte, ou seja, impõe limites ao mal.

"Pusestes, no lenho da cruz, a salvação do gênero humano para que, onde a morte teve origem, aí a vida ressurgisse; e o que venceu na árvore do paraíso, na árvore da cruz fosse vencido, por Cristo, Senhor nosso" (Prefácio à Vitória da Cruz Gloriosa).

* Bispo Diocesano de Juína - MT

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CNBB divulga nota e expressa tristeza pelo falecimento do padre Fabrício Rodrigues

Pe. Fabrício Rodrigues (Crédito: CNBB)

Comissão para a Comunicação Social da CNBB divulga nota e expressa tristeza pelo falecimento do padre Fabrício Rodrigues.

A Comissão Episcopal para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressou nessa sexta-feira, 13, por meio de uma nota,  profunda tristeza pelo falecimento do padre Fabrício Rodrigues, do grupo de Padres Evangelizadores no Ambiente Digital. No texto, a Comissão presta solidariedade, ainda, a dom Vital Corbellini, bispo de Marabá (PA), à Igreja de Marabá e a todos os familiares e amigos do padre Fabrício.

“Sua dedicação à evangelização no mundo digital, aliada ao seu carisma e entusiasmo, deixará uma marca indelével na Igreja e em todos aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo. Que o Padre Fabrício encontre o descanso eterno nos braços do Pai e que sua memória inspire a todos nós a continuarmos a missão de levar a Boa Nova a todos os cantos do mundo, inclusive no ambiente digital”, diz um trecho da nota.

Acesse (AQUI) a nota na íntegra.

Falecimento

Padre Fabrício faleceu na quinta-feira, 12 de setembro, por volta das 21h, por ocasião de um acidente de moto na Vila 1º de março, município de São João do Araguaia (PA). A diocese de Marabá (PA) publicou nota de falecimento.

Por Larissa Carvalho

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

NAZARENO: A madrugada de Domingo (Páscoa da Ressurreição) - (58)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 58 - A madrugada de Domingo (Páscoa da Ressurreição)

Embora dos onze Apóstolos restantes, apenas João estivesse presente no Gólgota e tivesse participado do sepultamento, todos os outros souberam quase em tempo real o que havia acontecido com seu Mestre. Nas horas que se seguiram à sua morte, alguns se refugiaram no Getsêmani. Outros permaneceram na casa de Dã, onde jantaram com Jesus pela última vez na quinta-feira. Na mesma casa também estavam Maria, sua mãe, e Maria Madalena. Todos se encontram no local da última ceia.

Uma profunda angústia se espalhou entre os apóstolos. Jesus estava morto há um dia e eles já sentiam profundamente sua falta. Naquela casa, havia apenas duas pessoas que preferiam o silêncio às palavras. Pedro e Maria.

O apóstolo, um homem que só na aparência parece um duro, não se conforma por ter deixado Jesus sozinho no Gólgota. Parecia-lhe que o havia renegado mais uma vez. Sentia-se indigno, o mais indigno de todos. O silêncio de Maria era diferente. A mãe do Nazareno mais do que ser consolada, consolava.

Nas primeiras horas do dia seguinte ao sábado, as mulheres haviam preparado os unguentos perfumados. Querem ir ao sepulcro para terminar a preparação do corpo de Jesus. Maria Madalena chega primeiro ao túmulo e percebe que a pedra foi removida. Os guardas não estavam lá para protegê-la. Fugiram depois de ver a pedra se mover como se tivesse sido empurrada de dentro do túmulo.

Maria Madalena fica atônita com essa visão. Detém-se junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois jovens, vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado. Disseram-lhe então: “Mulher, por que choras?”. Ela lhes diz: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram!”.

Depois de dizer isso, ela se vira para trás e vê um homem parado e olhando para ela. Não o reconhece e vira o rosto novamente para o sepulcro. Jesus lhe diz: “Mulher por que choras? A quem procuras?”. Pensando ser ele o jardineiro, ela lhe diz: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!”. Diz-lhe Jesus: “Maria!”. Voltando-se ela lhe diz em hebraico: “Rabbibi!”, que quer dizer “Mestre”. Jesus lhe diz: “Não me retenhas, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém, aos meus irmãos e dize-lhes: “Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso Deus”. O rosto de Madalena é irradiante.

Enquanto isso, também chegaram as outras mulheres. Jesus veio ao seu encontro e lhes disse: “Alegrai-vos”. Elas, aproximando-se abraçaram-lhe os pés, prostrando-se diante dele. Então Jesus disse: “Não temais! Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão”.

Deixam o jardim correndo. Uma felicidade irreprimível move seus passos quando retornam ao cenáculo. Batem à porta com força, gritando de alegria. Os apóstolos já estão de pé. Entram correndo, repetindo: "O Senhor ressuscitou, está vivo... nós o vimos!". Pedro se aproxima de Maria Madalena. "O que estás dizendo? Quem tu viste?" "Jesus, o Mestre, o Senhor", repete a mulher. E acrescenta: "O túmulo estava vazio... e ele falou comigo! Era ele! Era ele!" As outras confirmam o ocorrido.

Pedro calçou os sapatos às pressas, enquanto João já o aguardava na porta. "Vamos lá ver!" Maria, a mãe de Jesus, entra nesse meio tempo e todos ficam em silêncio. Sorri. Ela já sabia. Ela já o tinha visto. Pedro e João correm como loucos pelas ruas de Jerusalém.

Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinando-se, viu os panos de linho por terra, mas não entrou. Então, chega também Simão Pedro, que o seguia e entrou no sepulcro; vê os panos de linho por terra e o sudário que cobrira a cabeça de Jesus. Nada na cena sugere que alguém tenha roubado o corpo.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/09/13/15/138258763_F138258763.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CRISTANDADE: A ressurreição sem o ressuscitado (2)

O Jesus ressuscitado aparece aos discípulos de Emaús | 30Giorni

A ressurreição sem o ressuscitado

Arquivo 30Giorni – 10/2006

Para o idealismo moderno, a ressurreição surge da idealização póstuma do Jesus morto. A glória vem da derrota. Inverte-se assim a história evangélica, segundo a qual a fé nasce da percepção real do Ressuscitado, daquele que venceu a morte.

por Massimo Borghesi

Na órbita de Hegel 

É estranho que Torres Queiruga cite várias vezes Kant - para a mediação imaginativa da fé - e não lembre Hegel. Singular porque a sua reflexão se situa, de forma perfeita, no horizonte especulativo idealista, a sua cristologia seguindo a hegeliana, com divergências que, para o tema tratado, são completamente marginais (22). Tal como para Hegel, também para o filósofo espanhol, a revelação “não consiste na irrupção de algo externo, mas sim na descoberta de uma presença que, talvez ignorada e talvez prevista, já estava dentro e tentava dar-se a conhecer” (23). O cristianismo trata de ontologia , não de história . Revela o que sempre esteve presente , ainda que velado, na interioridade do ego ; é uma relação imanente , não movida de fora. «Não é que num determinado momento Deus “entre” no mundo para revelar algo com uma intervenção extraordinária. Ele está sempre presente e ativo no mundo, na história e na vida dos indivíduos, e procura sempre dar a conhecer a sua presença, para que possamos interpretá-la corretamente” (24). Por isso “o que é preciso não é que o sol comece a brilhar, mas que as janelas estejam abertas e limpas” (25). A revelação não é Deus “revelando-se”, pois sempre o faz, mas a descoberta humana “que constitui a revelação em sentido estrito ” (26). Torres Queiruga deshistoriciza radicalmente o cristianismo. Ele a resolve numa estrutura ideal , numa concepção gnóstica-panteísta pela qual o Deus-no-mundo anseia tornar-se cognoscível perfurando o véu de sombra da ignorância humana. O Cristo histórico, como em Hegel, é apenas a “ocasião” do despertar, na consciência, da consciência do Cristo ideal. Como Sócrates, ele é a “parteira” cuja arte maiêutica traz à luz o Deus-em-nós segundo a «rica e profunda tradição da mestre interior » (27).

Esta perspectiva, a ideia de uma revelação imanente, face à qual o Cristo histórico é apenas uma provocação contingente, esclarece o segundo ponto de proximidade entre Hegel e Torres Queiruga: a negação da dimensão empírica da fé. Nas suas Palestras sobre a Filosofia da Religião Hegel distingue uma fé dupla: fé externa e fé interna . A fé “externa” baseia-se no Cristo histórico, na sua pessoa e autoridade. Contudo, para Hegel, esta é uma fé limitada e contingente. É «uma forma de fé externa e acidental. A verdadeira fé repousa no espírito da verdade. A outra ainda diz respeito a uma relação com a presença sensível imediata. A verdadeira fé é espiritual, está no espírito: tem como fundamento a verdade da ideia” (28). Comparada a ela «a fé externa deve, portanto, ser considerada apenas como um meio para alcançar a verdadeira fé; como externo, está sujeito à contingência e o espírito alcança a sua verdade não segundo a contingência, mas segundo o testemunho livre" (29). A fé interior repousa na ideia eterna , no ideal imanente do espírito, não em milagres ou revelação empírica. É aquela fé que, segundo o idealista Hegel, “produz” a ideia do Homem-Deus, transforma o morto em ressuscitado. A fé interior provoca a metamorfose do Cristo histórico, um utópico judeu com uma mensagem revolucionária, no Cristo "teológico" e divino. Graças a ela, a figura de Jesus de Nazaré é remetida à memória , ao passado, à primeira aparição não espiritual do divino.

O ponto que medeia a passagem entre as duas imagens de Cristo, a empírica e a ideal, – e é o terceiro elemento que a cristologia de Torres Queiruga tem em comum com a hegeliana – é a morte de Cristo. A morte é a ressurreição : este topos da cristologia idealista, de Hegel a Bultmann, é o verdadeiro ponto crucial em torno do qual gira grande parte da exegese histórico-crítica. É um nó que só se mantém, a nível especulativo, se for válido o pressuposto da dialética, aquele segundo o qual o positivo procede necessariamente do negativo . Como escreve Torres Queiruga: « O próprio pensamento moderno , tanto filosófico como teológico, sabe da capacidade reveladora deste tipo de experiência, porque a própria contradição obriga-nos a procurar uma síntese capaz de a conciliar » (30). No caso da morte de Jesus «só a ressurreição e a exaltação permitiram superar este terrível contraste, que ameaçava afundar tudo no absurdo» (31) . Da morte, do negativo , emerge a necessidade do positivo . Uma necessidade ideal: Cristo ressuscita na ideia, na concepção de comunidade, na fé interior. Não na realidade factual. Desta forma, como escreve Hegel: «Esta morte é o ponto central em torno do qual tudo gira, na sua concepção reside a diferença entre a concepção externa e a fé, ou seja, a mediação com o espírito» (32). Segue-se, como consequência, que a fé autêntica se baseia na morte de Jesus, não na sua ressurreição , surge do Cristo morto, não do Cristo ressuscitado. O Cristo ressuscitado não funda a fé, é antes “fundado”, idealizado pela fé. O idealismo, subjacente à oposição entre Cristo da fé e Cristo da história, subverte assim os termos com os quais, na concepção da Igreja, se apresenta a relação entre fé e realidade. Na medida em que o Ressuscitado já pressupõe a fé no Homem-Deus, essa fé deve surgir, necessariamente, da sublimação de uma derrota . O cristianismo, como dogma, surge da idealização de um fracasso , e não do empirismo joanino baseado naquilo que foi “visto, ouvido, tocado com as mãos”. 

Uma morte incompreensível e uma fé sem ressurreição

O idealismo histórico-crítico, fundado na dialética do negativo, dificulta não só a compreensão da ressurreição – obra dos “visionários” em qualquer caso – mas também a da morte de Cristo. Se Jesus não foi condenado à morte por se proclamar Deus, por que foi crucificado? A autoproclamação divina é negada em nome da oposição entre o Cristo histórico e o Cristo da fé. Somente a comunidade dos crentes diviniza Jesus, que em si mesmo nunca teria se concebido como Deus. Para explicar o motivo da condenação, resta apenas a hipótese política: Jesus como um fanático em potencial que, perigoso para a ordem romana, é crucificado. É o leitmotiv do Jesus “judeu” que orienta a Investigação sobre Jesus de Corrado Augias e Mauro Pesce (33). Um teste final de uma investigação, curiosa e por vezes não trivial, que, no entanto, falha, devido a pressupostos mais uma vez idealistas, em produzir algo de novo. O Jesus judeu não cristão (34) de Augias-Pesce é um utópico, próximo do grupo de João Baptista, caracterizado pela confiança total em Deus e pela atenção particular aos últimos. Um radical, porém, sem uma utopia social organizada, que, além do seu tom e testemunho, não mostra nada de original na moralidade em comparação com a lei judaica. Por que, então, esse sonhador, apolítico e inofensivo, foi enviado para a morte? Pesce declara que não é por razões religiosas, mas políticas, que Jesus é condenado pelo poder romano. As responsabilidades dos membros do Sinédrio seriam obra de uma reconstrução subsequente pelos editores pró-romanos dos Evangelhos. Quais são, porém, as razões políticas pelas quais Jesus foi condenado? São suspeitas sobre a natureza de um movimento, que surgiram entre aqueles que “não compreenderam as reais intenções da ação de Jesus. Portanto, foi um erro grosseiro e grave de avaliação política por parte dos romanos” (35) . Uma consideração verdadeiramente surpreendente, que deixa totalmente suspensas as razões da sentença de morte de Jesus. Contudo, elas não se estenderam, e isto também parece estranho, aos seus discípulos. Igualmente misteriosa permanece a ressurreição, afirmada não por testemunhas oculares, mas por videntes que “viram” dentro dos esquemas religiosos-culturais de Israel. Igualmente totalmente enigmático, no Inquérito , é a ascensão do Cristianismo. Pesce não concorda «com a ideia de que o cristianismo nasceu com a fé na ressurreição de Jesus, nem que nasceu graças a Paulo [...]. Mesmo Paulo, como Jesus, não é um cristão, mas um judeu que permanece no judaísmo" (36). O Cristianismo surgiria mais tarde, na segunda metade do século II, num processo de helenização da posição judaica original.

Comparados a Hegel e Torres Queiruga, Augias e Pesce acrescentam mais uma fratura que torna o nascimento da fé cristã ainda mais enigmático. No quadro hegeliano, o cristianismo é mediado pela morte de Jesus, cujo produto é a ideia do Ressuscitado. Na Investigação sobre Jesus surge muito depois da visão da ressurreição, fruto não da fé, mas de uma elaboração teológico-filosófica helenística tardia. O que permanece inalterado é o topos dominante a fé não se baseia na ressurreição , ela a precede ou segue sem ter qualquer relação com ela. Uma abordagem que, em vez de simplificar o problema, complica-o enormemente. Se o Cristo histórico é aquele descrito por Augias-Pesce, um judeu observante sem nada verdadeiramente original, não está claro como ele poderia ser “o homem que mudou o mundo”. Não está claro por que ele foi condenado. Se este homem terminou a sua vida derrotado, não está claro para aqueles que não aceitam a necessidade lógica da dialética como a fé numa pessoa viva poderia surgir de uma pessoa morta na comunidade primitiva. Por último, não está claro como o “Cristo da fé” pôde ignorar a ressurreição, seja ela real ou imaginária, e só se formar no século II, como deseja Pesce. Um destino singular para o racionalismo histórico-crítico: nascido com a intenção de esclarecer o contexto, consegue traçar um quadro global cheio de zonas cinzentas e saltos no vazio. O modelo idealista demonstra todos os seus limites. Partindo do preconceito de que o acontecimento não pode ter acontecido – de que Deus não pode tornar-se homem e ressuscitar dos mortos – deve justificar a fé como idealização . Com isso, porém, a narrativa evangélica torna-se incompreensível. Se as descrições do Cristo ressuscitado constituem o grande enigma para o leitor antigo e moderno, no entanto a sua remoção gera uma série de questões sem resposta. É o Cristo “histórico” que se torna incompreensível. Encontrado, arqueologicamente , sob as camadas da fé, aparece como um sonhador, radical e ingênuo ao mesmo tempo, que não motiva o fogo que atingiu a história. As conclusões do racionalismo crítico – trazer os vivos dos mortos, uma revolução espiritual a partir de uma utopia análoga a muitas outras – são profundamente irracionais. A derrota desta posição é a premissa “crítica” para uma retomada de uma posição realista que não pretende demonstrar o dogma, mas sim reconhecer que é contra toda evidência racional e humana afirmar que a visão desolada de um crucifixo pode gerar a ideia gloriosa de uma pessoa ressuscitada. 

Notas 

22 Sobre a cristologia hegeliana, ver M. Borghesi, A figura de Cristo em Hegel , Studium, Roma 1983; Idem, A Era do Espírito em Hegel. Do Evangelho “histórico” ao Evangelho “eterno” , Studium, Roma 1995. 

23 A. Torres Queiruga, A ressurreição sem milagre , op. cit., pág. 59. 

24 Ibid. , pág. 36. 

25 Ibid 

26 Ibid. , pág. 37. 

27 Ibid. , pág. 38. 

28 GFW Hegel, Palestras sobre a Filosofia da Religião , trad. isto., 2 vols., Zanichelli, Bolonha 1974, vol. II, pp. 388-389. 

29Ibidem vol. Eu, pág. 283. 

30 A. Torres Queiruga, A ressurreição sem milagre , op. cit., pág. 30. Nosso itálico. 

31 Ibid. , pág. 31. 

32 GFW Hegel, Palestras sobre a Filosofia da Religião , op. cit., vol. II, pág. 372. 

33 C. Augias-M. Pesce, Investigação sobre Jesus Quem foi o homem que mudou o mundo , Mondadori, Milão 2006. 

34 Ver ibidem , pp. 221 e 237. 

35 Ibidem , pp. 168-169. 

36 Ibid. , pág. 201.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF