Escutando o grito silencioso das árvores
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Vivenciando e celebrando o Tempo da Criação não poderíamos
deixar de meditar e ouvir no Dia Nacional das Árvores que se comemora desde o
ano de 1965 no 21 de setembro, o seu grito sereno e silencioso; porém dramático
diante do biocídio das queimadas.
Tem se dito que as árvores são as naves mães da
biodiversidade, informação plenamente correta pois o Dr. Martin Gossner
observando no Parque Nacional da Floresta da Baviera, uma árvore de 600 anos,
52 metros de altura e 02 metros de diâmetro, analisando os nichos ecológicos
que ela acolhia contou 2041 animais de 257 espécies, que recebiam proteção e
moradia.
Também estão entre os melhores aspiradores de CO 2, ajudando
de forma vital em manter o ar saudável. Embelezam e dão harmonia aos biomas,
climatizando o lar natural para todas as criaturas. Mas além destas “virtudes”
ambientais afirma o engenheiro florestal Peter Wohlleben assim como nós, elas
se comunicam, mantêm relacionamentos, formam famílias, cuidam das doentes e da
sua geração, têm memória e lutam pela sua existência.
Se pensamos bem, elas nos ensinam e inspiram no cuidado e
relacionamento com a criação, despertam a nossa resistência diante da
degradação e destruição da natureza, educam nossa capacidade de conexão e
compaixão para com todas as criaturas, e a valorizar como um todo a vida
planetária. Elas são muito mais que uma commodity, uma tora, ou energia para
queimar e consumir, são as guardiãs e testemunhas da vida.
Preservá-las e defendê-las é missão sagrada, significa
proteger nossa vida e futuro na Terra. Esquecer das árvores ou desconsiderá-las
na miopia do lucro fácil ou da ilusão de novas Babéis artificiais sem vida e
sem Deus é caminhar inevitavelmente para a destruição da humanidade. Ao
lembrarmos o doce lenho da Cruz que acolheu Jesus morto, abraçamos e abençoamos
todas as árvores nossas amigas e irmãs aliadas no cuidado e preservação da
nossa Casa Comum. Deus seja louvado!
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