Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada
em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria,
misericórdia.
Vatican News
Na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, o
Papa se reuniu com os Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Consagrados/as,
Seminaristas e Agentes de Pastoral.
Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada
em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.
Para o Pontífice, a crise da fé que vive o Ocidente impele a
regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho: "A crise – cada uma delas –
é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para
mudar. É uma oportunidade preciosa".
De um cristianismo instalado se passou a um cristianismo
“minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho, em que se exige coragem.
"Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um patrimônio do
passado, mas pastores apaixonados por Jesus Cristo". O Papa ressaltou a
importância de percursos comunitários, recordando que na Igreja há lugar para
todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. E o processo sinodal deve ser
um regresso ao Evangelho para perguntar-se como fazê-lo chegar a uma sociedade
que já não o escuta ou que se afastou da fé.
Para isso, serve a alegria suscitada por Jesus. Em todos os
âmbitos, na pregação, na celebração, no serviço e no apostolado devem
transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai
também aqueles que estão longe. A alegria é o caminho que conduz à felicidade.
Por sua vez, o Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e
dado, conduz-nos à alegria porque faz descobrir que Deus é o Pai da
misericórdia, que se comove conosco, que nos levanta das nossas quedas, que
nunca desiste de nos amar.
"Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca
desiste de nos amar. 'Até mesmo se eu cometi algo de grave?' Deus nunca
deixa de te amar."
É a misericórdia, prosseguiu o Papa, que pode salvar mesmo
em casos de abusos, que geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo
o caminho da fé.
"E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com
um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a
nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas
a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém. Sim, porque
uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções
para esmagar ou manipular os outros."
A misericórdia é a palavra-chave para os prisioneiros,
acrescentou. "Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e
impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um
fracassado. Ninguém está perdido para sempre. (...) Misericórdia, sempre
misericórdia."
O quadro do pintor belga Magritte, intitulada “O Ato de Fé”,
é a imagem que Francisco deixa à Igreja local, uma Igreja que nunca fecha as
portas, que oferece a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais
além. "Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho,
que pratica a misericórdia."
Caminhem juntos, concluiu o Papa: "Sem o Espírito, não
acontece nada de cristão. É o que nos ensina a Virgem Maria, nossa
Mãe".
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