Rezar pelo grito da Terra!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo diocesano de Campos
Com esta intenção do Papa para o mês de setembro
introduzimos o denominado Tempo de Oração pelo Cuidado da Criação. Esta
experiência espiritual iniciou-se pela Igreja Ordodoxa em 1985, paulatinamente
foram se unindo várias Igrejas Cristãs a iniciativa e o Papa Francisco aderiu
em 2015. Este ano vem com o tema para o Dia mundial de Oração que abre o Tempo
de Cuidado pela Criação:
“Espera e age com a Criação”. Inspirado na Carta de São
Paulo aos Romanos que esclarece o profundo significado da vida no Espírito, a
vivência da fé porque somos habitados pelo Espírito, e pelo seu derramamento em
nossos corações superamos a lógica do mundo, tornando-nos cristãos fiéis e
criativos para amar e cuidar da Terra e de todas as criaturas.
É pelo Espírito Santo que geme em nosso interior que
aprendemos a escutar e atender os gemidos da Terra. Gemer diz o Papa manifesta
inquietação e sofrimento, juntamente com suspiro e sonho. Pois toda a Criação
está implicada neste processo de um novo nascimento, gemendo, espera
libertação. Enquanto expectativa de um nascimento (a revelação dos filhos de
Deus), a esperança é a possibilidade de permanecer firmes no meio das
tribulações e contradições nunca desanimando face a barbárie humana. Esperança abraâmica,
como espera paciente que antevê a realização dos sonhos. E com o espírito
profético do abade calabrês Joaquin de Fiore, citado por Dante Alighieri que
numa época de lutas acirradas e cruéis de conflitos entre o Papado e o Império,
as cruzadas e os movimentos heréticos, soube apontar o surgimento de um novo
espírito de convivência, amizade social e fraternidade social, explicitado pelo
Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti. Esta harmonia deve pautar um novo
relacionamento com a Criação a partir de um “antropocentrismo situado”
desenvolvido na Laudate Deum.
A salvação que Cristo trouxe a humanidade é a esperança
segura inclusive para a criação, com efeito, também ela será libertada da
escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de
Deus”. (Rm 8,21). Esperar e agir com a criação, exige unir forças caminhando
com toda a humanidade, repensando seriamente a questão do poder humano, do seu
significado e dos seus limites, (Laudate Deum,28).
Como as crianças reunidas na Praça de São Pedro por ocasião
da Solenidade da Santíssima Trindade, compreenderam que o Espirito Santo
acompanha-nos na vida e muda radicalmente nossa atitude, inspirados por Ele
poderemos passar de predadores a cultivadores e cuidadores do jardim da Terra.
E assim pela força do mesmo Espírito e sua presença em nós, faremos de nossa
vida um cântico de amor para Deus, para a humanidade e a criação, vivendo a
plenitude da santidade. Louvado seja Deus!
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