Firmino (Firmin) nasceu pelo final do século III em
Pompaelo (atual cidade de Pamplona, na Espanha). Sua família era pagã,
e seu pai um senador do império romano. Foram todos convertidos por São
Saturnino, bispo de Toulouse, França, quando ele esteve na Espanha. Firmino
ficou sob a educação do sacerdote Honesto até os 17 anos, e já era
conhecido como bom pregador quando, então, seguiu para Toulouse, a completar
sua formação com o bispo Honorato.
Logo foi ordenado sacerdote, iniciando seu trabalho
na região de Navarra, em Pamplona, onde conseguiu muitas conversões; por isso
Honorato o sagrou como o primeiro bispo da cidade, aos 24 anos. Depois de
bem organizar a diocese, sagrou outro bispo em seu lugar e foi como missionário
para o norte da França. Numa época de perseguição aos cristãos, até os
pagãos ficavam admirados de ver a sua coragem em pregar o Evangelho,
expondo-se à prisão e à morte. De fato, acabou preso em Lisieux, e quando sua
condenação parecia certa, o governador morreu, e ele foi solto.
Dedicou-se novamente à pregação corajosa nas Gálias, atual
França, em várias regiões, como Aquitânia, Auvergne, Anjou, etc., e com tal
sucesso que ficou conhecido como “Apóstolo das Gálias”, convertendo
milhares de pessoas. Suas conversões mais famosas, na cidade de Beuvais, são as
de Arcádio e Rômulo, que o perseguiam implacavelmente, procurando
desmoralizá-lo. Mas a firmeza na Fé, os milagres que operava, as
pregações, santidade e bondade de Firmino lhes tocaram as almas, bem como a
Graça de Cristo, e diante das evidências eles pediram o Batismo.
Por fim Firmino foi para Samobriva Ambianorum, atual Amiens,
onde estava muito intensa a perseguição religiosa, e de onde foi feito o
primeiro bispo. Obteve ali tantas conversões que os magistrados
responsáveis, Lôngulo e Sebastião, temendo ser acusados de negligência na
repressão aos católicos, mandaram prendê-lo e, com medo de uma revolta
popular no futuro julgamento, também decapitá-lo discretamente na prisão,
espalhando a notícia que morrera por causa de um ataque cardíaco. A execução
foi feita no dia 25 de setembro, num ano entre 290 e 303.
São Firmino é patrono de Amiens, Lesaka, da diocese de
Pamplona, e co-patrono de Navarra junto com São Francisco Xavier. Também
é padroeiro dos tanoeiros, barqueiros, viticultores e padeiros, e invocado
contra as doenças.
As tradicionais festas de Pamplona em 7 de julho, as
Sanfermines, de fama internacional, incluem a procissão de São Firmino, pela
manhã, e os encierros, corridas de touros soltos num percurso de
aproximadamente 850 metros nas ruas da cidade, acompanhados por homens
que se arriscam junto com eles, até chegarem na arena. Antes de participarem,
os corredores pedem ajuda a São Firmino, cantando em frente a uma sua imagem na
Cuesta de Santo Domingo, uma rua inclinada onde as corridas começam.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Algo que muito chama a atenção na vida e obra de São Firmino
é a sua coragem. Não sei qual é a origem dos encierros e a sua relação direta
com ele, mas de fato é preciso ser corajoso para se expor à corrida de touros
desembestados – como o santo se expôs à fúria bestial das perseguições cristãs.
Naturalmente, o motivo, o sentido e o conteúdo da sua atuação corajosa têm
valor real, enquanto que as corridas da Sanfermines, com risco de vida
desnecessário, talvez não agradem tanto nem a Deus nem a Firmino; melhor
associação com o touro nos dá São Lucas, por ser representado por um ao
destacar no seu Evangelho o caráter sacrificial de Cristo, na Sua obra de
Redenção, sendo que os touros eram eminentemente, na antiguidade, animais
ofertados em sacrifício. A vida não deixa de ser uma corrida perigosa ao longo
de um caminho, portanto mais sensato é segui-la não no ritmo alucinado e
irresponsável de um encierro, mas no de uma procissão, como se dá início às
Sanfermines: de forma ordenada e para Deus, sob Sua proteção e a dos santos.
Outra bela característica de São Firmino, e que une as ideias de não temer as
bestialidades deste mundo e o seu ritmo processional na vida, é a tranquilidade
da alma, pela confiança – Fé – e convicção de “combater o bom combate” (cf. 2Tm
4,6-8) em Jesus e na certeza da sua vocação. Ele tranquilamente lançou-se ao
apostolado, em ritmo intenso sim, mas sobretudo espiritualmente, do qual é
apenas consequência sua atividade missionária física: como sempre, é preciso
antes preparar, e manter sempre, o espírito, para depois testemunhar Nosso
Senhor ao próximo, sob qualquer vocação particular. Preparo que São Firmino
cultivou desde criança, com o mérito da reta intenção, e providências concretas
dos pais, necessárias em todos os tempos... “Diante das evidências”, mesmo
inimigos de Firmino se converteram, e é o que acontece quando o testemunho católico
é verdadeiro e coerente. Mas o que fica evidente diante de nós, hoje, é a
carência de vidas santas que proclamem este testemunho: um sério alerta para
nós, católicos, que certamente devemos viver radicalmente a nossa Fé, para o
bem das nossas almas e as dos irmãos. É sempre possível a organização pessoal
para este objetivo, que aliás é o fundamento da nossa existência nesta Terra,
tudo o mais constando apenas como os meios que Deus proporciona para este fim –
circunstâncias e vocações individuais. E se o medo, a injustiça, a maldade e a
mentira dos carrascos de Deus levam à morte, não é a dos fiéis a Ele, mas a dos
próprios carrascos.
Oração:
Pai de infinito amor e bondade, que nos ofereceis o exemplo
da coragem de Jesus diante do martírio para a salvação das almas, concedei-nos
por intercessão de São Firmino a graça de como ele, desde jovem um bom
Pregador, pregarmos igualmente com nossas vidas a juventude infinita da alma no
Vosso amor, através da perseverança na paciência e nas virtudes em vista da
conversão dos pecadores, e jamais consentirmos numa vivência espiritual
mentirosa, que ataca o Vosso Sagrado Coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e
Nossa Senhora. Amém.
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