Timor-Leste vive nestes dias, de 9 a 11 de setembro, a
histórica visita do Papa Francisco ao país do sudeste asiático. Nesse contexto,
trazendo uma página da história da jovem nação independente desde 2002, o Pe.
José Tacain, missionário Verbita, nos apresenta Oekussi-Ambeno, o lugar na ilha
do Timor onde os portugueses desembarcaram pela primeira vez no século XVI e
onde os primeiros missionários dominicanos desembarcaram com eles. É
considerado, portanto, “o local de nascimento do Timor-Leste”
Vatican News
É a faixa de terra “onde tudo começou”, conta à agência
missionária Fides o padre José Tacain SVD, missionário timorense nascido em
Oekussi, citando a expressão que os timorenses gostam de usar. Oekussi-Ambeno é
o lugar na ilha do Timor onde os portugueses desembarcaram pela primeira vez no
século XVI e onde os primeiros missionários dominicanos desembarcaram com eles.
É considerado, portanto, “o local de nascimento do Timor-Leste”. Mas Oekussi -
eis a peculiaridade - hoje é um enclave do Timor-Leste localizado na parte
oeste da ilha, portanto, em pleno território indonésio.
Em um território de 814 km² vive uma população de cerca de
70.000 habitantes, que sempre permaneceram, ao longo dos séculos, cultural e
espiritualmente ligados ao Timor-Leste, independentemente de quem governasse o
Timor-Oeste. Oekussi tem orgulho de seu passado, de sua cultura e de sua fé. Em
Oekussi, a área chamada Lifau é o lugar exato onde os primeiros portugueses
desembarcaram em 1515, e é o lugar de onde o frade dominicano Antonio Taveira,
conhecido pelo povo local como o “Santo Antônio do Timor-Leste”, começou seu
trabalho missionário na ilha, como nos lembram um monumento e uma série de
placas que celebram a chegada do Evangelho.
O Tratado de Lisboa, entre Portugal e Holanda
Em 1556, um grupo de frades dominicanos estabeleceu o
primeiro assentamento permanente em território timorense e Lifau se tornaria
mais tarde a capital da então colônia portuguesa. Esse status foi perdido em
1767, quando, devido às frequentes incursões dos holandeses, os portugueses
decidiram transferir a capital para Dili, a atual capital do Timor-Leste.
Em 1859, com o Tratado de Lisboa, Portugal e a Holanda
dividiram a posse da ilha do Timor, mas confirmaram que o território de Oekussi
permanecia sob o domínio português. E mesmo em 1975, quando a Indonésia invadiu
o Timor-Leste, o território continuou a ser administrado como parte do
Timor-Leste ocupado. Por fim, após o reconhecimento da independência do
Timor-Leste em 2002, Oekussi-Ambeno tornou-se novamente parte integrante da
jovem república.
Hoje, observa o padre Tacain, em nível político, Oekussi é
agora uma “zona econômica especial” porque enfrenta o desafio diário de estar
geograficamente separada do resto do país (a única ligação com o Timor-Leste é
uma estrada costeira) e precisa de projetos de desenvolvimento, especialmente
no setor de turismo.
História da nação e história da Igreja católica estão
ligadas
“Oekussi - continua ele - também é um distrito da
Arquidiocese de Dili onde a fé nunca desapareceu em 500 anos. Há cinco
paróquias e há vestígios históricos da presença de missionários portugueses,
como a Igreja de Santa Maria do Rosário. Gostaria de mencionar que havia um
seminário católico no local já em 1700. E muitos padres da Igreja de Dili ou
membros consagrados de ordens religiosas nasceram lá. As festas religiosas são
muito preciosas e celebradas com grande devoção. Tudo isso é um sinal da vitalidade
da fé”.
Os fiéis do Timor-Leste frequentemente organizam
peregrinações ao monumento que comemora o momento e o local onde, em 18 de
agosto de 1515, os portugueses desembarcaram “e onde teve início nossa história
de fé e salvação”, observa o padre Verbita. “A história da nação e a história
da Igreja católica estão ligadas. Aos colonizadores portugueses reconhecemos
que trouxeram a dádiva do Evangelho”, observa ele.
Em Oekussi, encastoado em território indonésio, não nos
sentimos sitiados: “Vivemos uma história reconciliada também com relação à
Indonésia. Lembro-me de que, em minha infância, havia a administração indonésia
como potência ocupante, mas nossa identidade timorense nunca foi enfraquecida.
Naquela época, o regime de Suharto tinha objetivos imperialistas que não
existem mais e hoje temos boas relações de vizinhança. Sempre fizemos parte do
Timor-Leste, e o Senhor sempre acompanhou nosso caminho”.
(com Fides)
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