A VIGILÂNCIA MISSIONÁRIA NOS DIAS ATUAIS
Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas/Caravelas (BA)
Neste mês missionário, somos convidados a refletir sobre a
nossa responsabilidade enquanto povo de Deus, guiados pelas palavras de Jesus
no Evangelho de Lucas (12, 39-48). A advertência do Senhor para que estejamos
sempre preparados, pois “o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o
esperardes”, é um chamado direto à nossa condição de discípulos missionários,
especialmente nos dias de hoje, marcados por tantas incertezas e
desafios.
A imagem que Jesus utiliza – a do dono da casa que deve
estar atento ao ladrão – nos leva a refletir sobre a importância da vigilância
e da prontidão. Esta prontidão, porém, não é apenas individual; é uma missão
coletiva, comunitária, que nos insere na responsabilidade mútua de cuidar uns
dos outros, de zelar pela criação e pela justiça. Vivemos tempos em que a
negligência e o descuido podem nos afastar do chamado missionário. Muitas
vezes, como o empregado da parábola, podemos ser tentados a pensar: “Meu patrão
está demorando”, e cair na armadilha de adiar a nossa responsabilidade para com
os mais necessitados.
O mês de outubro, em especial, nos faz lembrar que a missão
da Igreja é constante, e não pode ser adiada ou negligenciada. Ser missionário
hoje significa, antes de tudo, viver com coerência e compromisso a fé que
professamos. No mundo atual, repleto de desigualdades sociais, crises
ambientais e desafios éticos, a vigilância de que fala Jesus se traduz em uma
atitude de serviço e de atenção ao próximo. Somos chamados a ser
administradores fiéis e prudentes da graça de Deus e daquilo que nos foi
confiado. É uma missão que exige de nós não apenas palavras, mas ações
concretas de justiça, amor e solidariedade.
A responsabilidade missionária é tanto maior quanto mais
dons nos foram dados. O próprio Evangelho nos lembra que “a quem muito foi
dado, muito será pedido”. E hoje, nós, enquanto Igreja, somos convocados a ser
sinal vivo do Evangelho de Cristo em um mundo que precisa desesperadamente de
luz e esperança. Não podemos nos acomodar ou nos fechar em nós mesmos, mas
precisamos sair ao encontro, como discípulos missionários, levando a boa nova
do Reino a todos os que mais necessitam.
O mês missionário é, portanto, um tempo de renovação. Um
tempo para avaliarmos nossa caminhada e nos perguntarmos: temos vivido com a
prontidão que Cristo nos pede? Temos sido fiéis à missão que nos foi confiada,
de anunciar o Evangelho e de cuidar dos que mais sofrem? A missão, meus irmãos
e irmãs, é agora. E o Senhor nos chama a estarmos prontos, vigilantes, com o
coração aberto à Sua vontade, porque “feliz o empregado que o patrão, ao
chegar, encontrar agindo assim”.
Que Maria, a primeira missionária, nos inspire e nos conduza
nesta missão de sermos luz para o mundo. Que este mês missionário nos renove na
fé, na esperança e no compromisso de construirmos, juntos, um mundo mais justo
e fraterno, à luz do Evangelho.
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