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quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Cardeal Tempesta publica nova Carta Pastoral por ocasião do Jubileu de 2025 (4)

2021.06.09 DOM ORANI TEMPESTA (VATICAN MEDIA)

Cardeal Tempesta publica nova Carta Pastoral por ocasião do Jubileu de 2025

Com a Carta Pastoral: "Missão, Esperança e Paz", por ocasião do Ano Santo de 2025 - “Peregrinos da Esperança”, cardeal Tempesta institui também na Arquidiocese do Rio de Janeiro o Ministério de Catequistas.

Carlos Moioli – Arquidiocese do Rio de Janeiro

MISSÃO, ESPERANÇA E PAZ

Carta Pastoral do Cardeal

Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

por ocasião do Ano Santo de 2025

Peregrinos da Esperança

20 de outubro de 2024

Dia Mundial das Missões.

O Jubileu e a paz: tempo de reconstrução da unidade no Rio de Janeiro – Deus habita esta cidade

77.              O jubileu é tempo de graça e de reconstrução. Em nossa grande cidade, muitas vezes somos atingidos por uma avalanche de notícias negativas e de acontecimentos preocupantes. São situações de violência, de pobreza, de abandono, de ausência ou falhas na execução de políticas públicas, que geram um aumento crescente da desigualdade social, e, não raro, abrem espaço para o surgimento de situações que causam dor e sofrimento.

78.             O contato cotidiano com tantos aspectos negativos da realidade, muitas vezes excessivamente explorados pela mídia, pode gerar, também em nós, homens e mulheres de fé, um olhar pessimista diante de tantos problemas. Como consequência, podemos nos deixar dominar pelo medo e pela tristeza e corremos o risco de enxergar a realidade como algo imutável, sem perspectiva de mudança e melhora.

79.             No entanto, também nesta oportunidade, o Santo Padre, o Papa Francisco, nos convoca a sermos “peregrinos da esperança”. De fato, essa deve ser a nossa missão de cristãos no mundo, e toca a nós, de modo especial, sermos peregrinos da esperança em nossa Cidade Maravilhosa. Se temos tantos motivos de apreensão e medo, é necessário ampliarmos nosso olhar sobre a realidade que nos cerca, para reconhecermos que, apesar das tristezas, há também muitos motivos de alegria.

80.            Por um lado, observamos uma crescente fragmentação de nossa grande cidade, resultando em uma cidade dividida, setorizada em ambientes que muitas vezes não dialogam entre si, permanecendo, de fato, isolados e incomunicáveis. Por outro lado, é imprescindível reconhecer que um dos pontos mais relevantes da nossa ação eclesial é justamente a capacidade de promover a integração, o diálogo e, acima de tudo, assegurar nossa presença estável e permanente em todos os espaços da cidade. Na multiforme e complexa conjuntura urbana do Rio de Janeiro, a ação pastoral e missionária de nossa Arquidiocese se apresenta como um sinal de esperança em meio a essa fragmentação, anunciando o Reino de Deus e partilhando com as pessoas aquilo que temos.

81.              Essa presença pode ser sentida não apenas por uma forma de organização estrutural e institucional, mas, acima de tudo, pela atuação de nossos agentes de pastoral distribuídos por todo o território da cidade. Eles alcançam também aquelas realidades que não são, especificamente, geográficas, mas muitas vezes existenciais. É o que chamamos de capilaridade da ação pastoral. É nessa capilaridade que temos nossa grande riqueza. Onde está presente um batizado, está presente com ele e através dele toda a nossa Igreja Arquidiocesana.

82.             Nosso coração de pastor se rejubila em cada encontro. Tantas vezes em locais em que muitos não querem ir, ali chegamos e percebemos que, antes de nós, já havia uma ação eclesial. As realidades são as mais diversas, seja em uma “Cracolândia”, às margens da linha de trem, ou no constante cuidado com a população de rua, ou ainda nos inúmeros abrigos e asilos, nos hospitais, nos cemitérios. Quando ocorre um evento adverso, podemos testemunhar que sempre encontramos nossos agentes de pastoral atuando das mais variadas formas, exercendo nossa missão de ser portadores de esperança.

83.             Se temos motivos para nos entristecer, podemos afirmar, caros filhos, que temos muito mais motivos para nos alegrar. Somos chamados a fazer a experiência dessa mudança de perspectiva: nossa presença nesta grande metrópole pode e deve ser o fator para uma verdadeira mudança e transformação de nossa sociedade.

84.            Nossa tarefa não é fácil, mas é necessária. Não se trata, simplesmente, de desejar a paz, mas, antes, de construí-la, no dia a dia, nos pequenos gestos e atitudes. Nesse sentido, a experiência de celebrar o jubileu deve se tornar, em nossa vida, uma oportunidade ímpar de renovar nossa experiência de encontro com Cristo. Encontrá-lo em nossa vida, em nossa história, em nossas alegrias e em nossas angústias. Renovar em nosso coração o encontro com Cristo nos faz reafirmar nossa opção de segui-lo, nos faz colocá-lo no centro de nossa existência, nos faz exercitar a cada dia o discipulado, trazendo em nosso coração os mesmos sentimentos de Cristo (cf. Fl 2,5).

85.             Frequentemente desejamos transformar a realidade ao nosso redor, buscando mudanças externas na sociedade ou na ação política. No entanto, a mudança mais eficaz não ocorre fora de nós. A celebração do Jubileu pode ser o ponto de partida para um projeto pessoal de transformação, que se inicia em nosso coração, no íntimo de nossa alma. Trata-se de uma verdadeira mudança de mentalidade, atitudes e prioridades, uma caminhada gradual e contínua, semelhante a uma pequena semente que, germinando no interior do solo, permanece invisível, mas, ao crescer, torna-se uma nova planta. Da mesma forma, nossas novas atitudes devem começar no interior de nossos corações, para depois se traduzirem em ações concretas em nossa vida cotidiana. Somos responsáveis pela reconstrução de nossa cidade, sustentados pela unidade da fé que professamos.

86.            Nesse jubileu, gostaria de convidá-los a assumir conosco este propósito. Permitamos que a experiência do Jubileu nos faça mudar não apenas o nosso olhar sobre a realidade, mas, principalmente, as nossas ações. Em uma realidade de violência, nossas atitudes sejam de paz, em uma realidade de abandono, nossas atitudes sejam de acolhida, em uma realidade de condenação, nossas atitudes sejam de perdão, em uma realidade de intolerância, nossas atitudes sejam de tolerância. Enfim, que a fé que professamos com os lábios possa ser testemunhada através de nossas ações concretas, manifestando Aquele a quem encontramos e seguimos, Cristo Jesus.

87.             Desse modo, caríssimos irmãos e irmãs, convido-os a assumirem uma fé viva e testemunhá-la em todas as situações da vida diária. Assim lançaremos sementes de eternidade por onde passarmos. Deixaremos um rastro de boas ações e de testemunhos concretos, anunciaremos a presença de Cristo em nossa cidade, não simplesmente com palavras, mas com a nossa vida.

88.            Em um mundo que desaprendeu a amar, nós poderemos testemunhar que é possível amar de verdade; em um mundo que, cada vez mais, afasta e constrói muros de separação, poderemos ser construtores de pontes de diálogo, de acolhida e de caridade; em um mundo em que o mal se paga com o mal, com violência e com vingança, poderemos mostrar que é possível, mesmo diante do mal, fazer o bem. Enfim, poderemos testemunhar que é possível, em meio a toda essa realidade que nos cerca, viver, pensar e agir de um modo novo, pelo qual nossa vida fará diferença no mundo em que vivemos.

89.            Assumamos juntos esse compromisso, que deverá ser exercitado e renovado todos os dias. Busquemos uma verdadeira transformação de nosso coração e uma autêntica mudança em nossas atitudes, para que, uma vez transformados, nos tornemos agentes de transformação no mundo em que vivemos. Que a experiência do encontro com Cristo nos leve a resplandecer Sua face através de nossas atitudes e que nossa vida, reconstruída por Ele, seja um instrumento de reconstrução da sociedade na qual estamos inseridos.

O que deixaremos como legado do Jubileu?

90.            Todo Ano Santo deve provocar em nós a conversão pessoal e comunitária das nossas ações e a presença ativa na fé e na vida da comunidade eclesial. Este Jubileu também nos impele a uma renovação de atitudes e posturas para assumir a novidade que o Evangelho realiza toda vez que acolhemos a Palavra de Deus e a pomos em prática.

91.              O grande legado que levamos do Jubileu está em nosso interior: no crescimento da fé, na reconciliação, no fortalecimento dos laços familiares, no perdão, na renovação das nossas vidas e na profunda experiência do amor e da misericórdia de Deus. Essas são as maiores marcas que o Jubileu deve deixar em cada um de nós.

92.             No entanto, é importante que esse tempo jubilar também seja marcado por sinais externos, que se manifestem de forma concreta na vida pastoral e comunitária, testemunhando nas nossas paróquias e comunidades o que vivemos internamente. Por isso, queremos deixar um legado pastoral que perpasse o tempo do Jubileu, manifestado através de iniciativas concretas: seja na criação de um espaço dedicado à oração, em projetos sociais que atendam os mais necessitados, ou em uma obra de evangelização que possa alcançar cada vez mais pessoas. Como parte desses sinais visíveis, em cada uma das igrejas jubilares será colocada uma cruz em mármore que representará o Ano Santo, e, nas demais igrejas matrizes de cada paróquia, o logotipo do jubileu, em acrílico colorido, será instalado como marco desse tempo jubilar.

93.             Ao proclamarmos com o nosso testemunho o “Ano da graça do Senhor”, que a esperança seja o tema que norteie nossas vidas e atividades pessoais, pastorais e comunitárias. Impulsionados pela graça que se derrama sobre cada um de nós e sobre a Igreja como um todo, somos chamados a assumir o compromisso de difundir esse dom com fidelidade e dedicação. Sejamos presença eclesial efetiva em nossa cidade e no mundo: criando novos locais – e incrementando os existentes – de atuação da Igreja que reza, ajuda o próximo, colabora, constrói, edifica, ensina a fé cristã, dispensa os sacramentos e as inúmeras graças, e enche o coração de esperança, porque Deus comunicou a sua salvação “de muitos modos e maneiras” (Hb 1,1).

94.            Cada batizado (e cada pessoa que faz o bem) é uma presença do Senhor em todos os locais do mundo. As atividades pastorais e evangelizadoras devem convergir para um anúncio concreto da esperança que é Jesus Cristo. Para tanto, pensamos também que a Pastoral da Escuta pode ser um legado do Jubileu 2025, assumido por todas as paróquias e futuramente elevado à condição de ministério extraordinário tal como outros já existentes em nossa Arquidiocese.

95.             A Pastoral da Escuta – já existente em pouquíssimas comunidades – é presença de quem, como o Cristo, ouve com atenção, acolhimento, solidariedade e compaixão os dramas e sofrimentos do outro e projeta sobre eles as luzes do Espírito Santo a fim de que, confiando em Deus, acredite que “a esperança não decepciona” (Rm 5,5) e que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28). Será um espaço para gerar esperança, renovar a fé e a alegria, retomar com otimismo e sob novas perspectivas os desafios da vida. Não podemos ficar parados e inertes, mas, impelidos pela graça, devemos prosseguir decididamente, como Peregrinos da Esperança!

96.            Abertos à graça que se derrama sobre cada um de nós neste tempo fecundo e atentos à voz do Espírito que ora em nós e por nós, queremos ainda assinalar que a memória do Ano Santo deverá perpetuar-se através de um marco significativo que nos recorde a esperança no Senhor. Cada comunidade paroquial deverá, portanto, discernir o sinal concreto que deseja deixar, para que o Jubileu seja lembrado não apenas pela sua dimensão espiritual, mas também pelas obras visíveis que dele nasceram.

97.             Seguindo os exemplos de São Sebastião e Santana, que possamos, neste jubileu, ser testemunhas corajosas e fiéis do Evangelho em nossa grande cidade. Que vivamos este tempo de graça com o coração renovado e desejoso de deixar um legado de fé, unidade e amor em nossas comunidades e famílias.

98.            As comemorações do meu Jubileu de Ouro Sacerdotal, em sintonia com a preparação e a celebração do Ano Santo, sejam marcadas por graças abundantes e pela redescoberta da misericórdia de Deus, tempo propício para pedir ao Senhor da messe que envie operários para a sua colheita. Assim, como o Jubileu nos convida à renovação da fé e à reconciliação, ele também deve inspirar uma renovada dedicação à promoção vocacional, especialmente ao ministério sacerdotal. Que meu Jubileu sacerdotal seja, então, um terreno fértil de onde brotem novas vocações, e que o testemunho dos sacerdotes inspire muitos jovens a seguirem esse caminho de doação e de serviço à Igreja e ao mundo.

99.            O mês de outubro de 2024 é um período especial para a Igreja, marcado por eventos significativos: a Semana Missionária, o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, as canonizações e o II Sínodo Arquidiocesano. A Semana das Missões, com o tema "Viver a Missão: Testemunho de Sinodalidade", destaca o papel de todos os batizados como missionários, vivendo em comunhão e participando da evangelização. O Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade sublinha a importância de uma Igreja que caminha unida, ouvindo e discernindo em comunidade, reforçando a missão evangelizadora de maneira inclusiva e participativa. As canonizações deste mês nos mostram que a santidade está ao alcance de todos e serve de inspiração para nossa própria missão de viver o Evangelho. Por fim, o II Sínodo Arquidiocesano marca o esforço da nossa Igreja local em promover a renovação pastoral e a sinodalidade, convidando todas as paróquias e comunidades a participarem ativamente no discernimento dos caminhos que Deus nos aponta. Outubro, portanto, nos chama a renovar o compromisso missionário, viver a sinodalidade e inspirar-nos no exemplo dos novos santos e na caminhada sinodal da Arquidiocese.

100.         Que neste Ano Santo jubilar não nos falte a intercessão da Virgem Maria, a Senhora da Penha, peregrina e mãe da esperança, para que, vivendo as abundantes bênçãos deste tempo da graça, renovemos nossa fé em Cristo, nossa esperança! (1Tm 1,1)

Com afetuosa bênção,

São Sebastião do Rio de Janeiro,
20 de outubro de 2024.

Orani João Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

Oração do Jubileu 2025

Pai que estás nos céus,

 que nos deste no teu filho

Jesus Cristo, nosso irmão,

e a chama da caridade

derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo,

despertem em nós a bem-aventurada esperança

para a vinda do teu Reino.

A tua graça nos transforme

em cultivadores diligentes das sementes do Evangelho

que fermentem a humanidade e o cosmos,

na espera confiante

dos novos céus e da nova terra,

quando, vencidas as potências do Mal,

se manifestar para sempre a tua glória.

A graça do Jubileu reavive em nós,

Peregrinos da Esperança,

o desejo dos bens celestes

e derrame sobre o mundo inteiro

a alegria e a paz do nosso Redentor.

A ti, Deus bendito na eternidade,

louvor e glória pelos séculos dos séculos.

Amém

Hino do Jubileu 2025

Chama viva da minha esperança, este canto suba para Ti!

Seio eterno de infinita vida, no caminho eu confio em Ti!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF